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Justiça tributária ou marketing fiscal?

Eu sou conservador e não escondo. Desconfio de cada “bondade” embalada pelo PT. Já vi esse filme. Toda vez que a economia aperta, aparece um anúncio com laço vermelho – isenção aqui, nova regra acolá, e uma palavra mágica: “justiça”. Justiça é uma ótima palavra. Quem não quer viver em um país mais justo, não é mesmo? Quando o governo fala em aliviar quem ganha até cinco mil, eu não torço contra o trabalhador. Sou um homem do campo e sei reconhecer o papel do trabalho. Por isso mesmo, não fico satisfeito em ver como as promessas petistas estão mais próximas de truques publicitários.

Como produtor, aprendi o que qualquer pessoa que cuida do próprio negócio precisa saber: a conta tem que fechar. Se o governo abre mão de receita, precisa cortar gastos de verdade e parar de empurrar o problema com a barriga. Se muda imposto de consumo, tem que dizer a alíquota final sem enrolação. Essa conversa de “confia que melhora” não coloca comida na mesa e nem paga os boletos da população; não reduz conflitos jurídicos e nem dá previsibilidade para quem empreende. O PT é craque em narrativa. Mas quem me conhece sabe: eu gosto de planilha.

E para quem acha que “taxar os muito ricos” resolve, sinto informar que não trará solução. O buraco está no gasto que cresce sem freio; nos privilégios do Judiciário que o governo simplesmente ignora; na péssima administração das estatais, com exemplos que são máquinas de jogar dinheiro fora. Enquanto isso não mudar, toda arrecadação nova vai evaporar. O resultado a gente sente na ponta: preços subindo, crédito travado, serviço público de péssima qualidade. Continuaremos como um país que vive de remendos.

Quando o governo festeja “reforma histórica”, eu olho para o básico: qual a regra clara que entra em vigor, quanto a gente vai pagar no fim do mês, como fica a transição para estados e municípios, que metas existem para reduzir burocracia e briga judicial. Se a resposta vier de entrevistas em podcasts, vídeos com bichinhos ou rodas de conversa com influencers, desconfio dobrado. Porque quem tem projeto sério mostra cronograma e entrega sem alarde.

Falo com o bolso e com a cabeça: sou a favor de alívio real, mas com lastro. Sou a favor de simplificação, mas com número às claras. Sou a favor de combater sonegação, mas com um Estado que gasta menos e entrega mais. O resto é discurso para palanque. O PT adora palco; eu prefiro responsabilidade. Justiça tributária não se mede por aplauso, mede-se por serviço funcionando e equilíbrio fiscal.

No Brasil, a conta sempre chega. O meu medo é que, de novo, ela caia nas costas de quem acorda cedo para pegar um ônibus lotado ou arar o campo. Se o governo quiser provar que não é populismo, que faça o óbvio para evitar crises: cortar privilégios, abrir os números, assumir metas duras e cumprir. Até lá, mantenho o pé atrás. Não por birra, mas por experiência. Ou tomamos o remédio que vai curar a doença, ou continuaremos administrando apenas cuidados paliativos.

Reinaldo Guidolin

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