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Luto no Feriado: O crime dos Femicídios no Rio Grande do Sul e a Urgência de Ação Coletiva

Enquanto muitos desfrutavam de um feriado prolongado de descanso ,
convívio e reflexão da resistência da paz, o Rio Grande do Sul foi palco
de uma realidade brutal e inaceitável: a violência extrema contra as
mulheres. Relatos indicam um número chocante de feminicídios,
chegando a dez casos em poucos dias, transformando um período de
celebração em um luto profundo para famílias e comunidades gaúchas.
Cada número frio das estatísticas representa uma vida ceifada, uma
história interrompida abruptamente pela misoginia e pela violência de
gênero que insistem em assolar nossa sociedade. São mães, filhas,
irmãs, companheiras – mulheres cuja única “culpa” foi cruzar o caminho
de agressores que acreditaram ter o direito de tirar suas vidas. Os
casos, espalhados por diferentes localidades do estado, reforçam a
urgência de ações coordenadas, eficazes e contínuas no combate a
essa barbárie.
Diante dessa tragédia recorrente, a resposta da sociedade e das
instituições é fundamental. A existência da Frente Parlamentar de
Homens pelo Fim da Violência contra as Mulheres ganha uma
relevância ainda maior e um chamado inadiável à ação. Não basta a
indignação e a condenação dos atos; é preciso ir além do discurso.
Essa iniciativa tem a responsabilidade crucial de engajar, promover o
diálogo franco e, por vezes, desconfortável com outros homens,
desconstruir machismos enraizados e realizar atividades concretas de
conscientização junto à sociedade. A luta contra a violência de gênero
não é, e jamais será, apenas um “problema de mulher”; é um desafio de
toda a sociedade, e especialmente dos homens, que precisam se
posicionar ativamente contra a violência cometida por outros homens e
trabalhar na construção de novas masculinidades pautadas no respeito
e na igualdade.
Ao olhar para os perpetradores desses crimes hediondos, surge uma
questão complexa e dolorosa que precisamos enfrentar: qual o papel da
saúde mental nesse cenário? Será que transtornos psicológicos ou
emocionais podem estar por trás de tamanha violência e do sentimento
de posse que leva um homem a tirar a vida de uma mulher? É uma
reflexão necessária, mas que exige muita cautela e profundidade. É
fundamental entender que problemas de saúde mental, por si só, não
justificam a violência. Milhares de pessoas lidam com questões de
saúde mental sem jamais cometerem atos violentos. No entanto, em
indivíduos que já possuem traços de controle, dificuldade em lidar com
frustrações, rejeição, raiva ou que carregam visões distorcidas sobre
relacionamentos e o papel da mulher, problemas de saúde mental
podem ser um fator agravante, um catalisador que, combinado a
crenças machistas e a falta de controle impulsivo, culmina em atos de
violência extrema. Precisamos investigar mais a fundo esses aspectos,
investir em saúde mental para todos, com foco em prevenção e
tratamento, e, crucialmente, desenvolver mecanismos de identificação e
intervenção para homens com potencial comportamento violento,
oferecendo caminhos de tratamento e mudança antes que a tragédia
aconteça. Reduzir o femicídio apenas a questões de saúde mental seria
simplificar excessivamente um problema multifacetado, profundamente
enraizado em estruturas sociais de desigualdade de gênero, mas
ignorar essa dimensão seria negligenciar um possível caminho para a
prevenção.
Os femicídios ocorridos neste feriado são um alerta brutal de que a
violência contra as mulheres não tira folga. Exige de nós vigilância
constante, ações enérgicas das forças de segurança, políticas públicas
eficazes de proteção e prevenção, e, acima de tudo, uma mudança
cultural profunda que desnaturalize a violência e o machismo. A
segurança e a vida das mulheres devem ser prioridade absoluta em
todos os dias do ano.
Que a memória das vidas perdidas neste feriado inspire a força
necessária para lutar incansavelmente por um futuro onde a paz seja o
único legado, e que as famílias que hoje choram encontrem, na
solidariedade e no tempo, o conforto e a leveza para seguir em frente,
honrando o amor que permanece.

Redação enFoco

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