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Mais uma tragédia em Santa Maria: até quando?

Nos últimos dias, Santa Maria foi atravessada por mais um episódio doloroso: o grave acidente envolvendo um ônibus da UFSM, que transportava estudantes a um compromisso acadêmico. A tragédia mobilizou a cidade, comoveu a comunidade universitária e reacendeu uma pergunta que, embora desconfortável, precisa ser feita com honestidade: estamos realmente cuidando dos nossos estudantes?

Esse não é um questionamento direcionado a uma instituição ou a uma gestão. É um chamado à responsabilidade coletiva — da sociedade, das autoridades, das estruturas públicas e de todos nós que, de alguma forma, orbitamos o ambiente universitário.

Há pouco tempo, outro susto: um elevador despencou no prédio 26 do campus da UFSM, felizmente sem deixar feridos graves. Mas o medo ficou, assim como o alerta. Quando episódios assim passam a se repetir, é inevitável pensar se não estamos, mesmo sem querer, naturalizando uma realidade que deveria nos indignar.

Esses dias, por acaso, estava olhando uma das maiores páginas de notícias e entretenimento nas redes sociais, e me deparei com a manchete do acidente. Nos comentários, entre tantos, um me parou: uma mulher, de outra região do país, escreveu — “Nosso Deus, é cada tragédia que ouvimos desse lugar Santa Maria.”

Ler isso foi como levar um soco no estômago. Porque a cidade que a gente tanto ama, que abriga tantos sonhos e esperanças, está sendo enxergada lá fora como cenário de dor. E essa percepção diz muito. Não apenas sobre a imagem pública da cidade, mas sobre o cuidado — ou a falta dele — com quem vive aqui.

Universidade é sinônimo de futuro. É ali que nascem sonhos, projetos de vida, vocações que vão servir a toda a sociedade. Cuidar de quem está nas universidades — especialmente em uma cidade universitária como Santa Maria — é um dever que vai além da estrutura física: é garantir segurança, dignidade, acolhimento. É fazer com que os alunos se sintam valorizados não apenas por sua produção acadêmica, mas por sua existência.

E aqui não se trata de buscar culpados. Trata-se de fazer um chamado à sensibilidade. De repensar prioridades. Será que estamos investindo o suficiente em manutenção, transporte, acessibilidade? Será que a nossa atenção está onde deveria estar? Ou estamos, mesmo que sem intenção, normalizando a precarização?

Não é preciso viver em uma bolha para entender os desafios orçamentários e a complexidade da gestão pública. Mas é possível — e necessário — humanizar o debate. O cuidado com nossos estudantes não pode ser visto como gasto, mas como investimento. Porque não estamos falando apenas de prédios e veículos, mas de vidas. De trajetórias. De famílias inteiras que confiam na universidade como caminho de transformação.

Talvez essa seja a hora de unir forças — sociedade civil, comunidade acadêmica, lideranças públicas — para pensar soluções colaborativas, sustentáveis e urgentes. Porque o conhecimento só floresce onde há segurança, estrutura e respeito. E o futuro que tanto desejamos construir depende, sobretudo, de como tratamos quem está aprendendo a construí-lo.

Redação enFoco

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3 Comentários:

  • Cesar Tolentino

    Excelente abordagem, incita a uma reflexão coletiva, afinal não se pode individualizar a culpa neste ou aquele segmento social. A sociedade está dividida. Os calouros chegam com seus sonhos, interagem entre sua galera, vão embora como bacharéis invisíveis em uma cidade que se diz universitária mas que só fala em buscar indústrias, investimentos, e não valoriza a sua vocação universitária. Produzir gênios, cientistas, notáveis em suas áreas…. mais.

  • Carlos Alberto

    uma situação que mostra o quanto nossa Universidade está abandona pelos Governos dos últimos anos. tudo ficando sucateado e sem fiscalização a Política nas Universidades não e bom para Ninguém e quem paga a conta somos todos nós.

  • Clóvis Cardoso

    Abordagem de pontos cruciais e bem como, cobrarmos mais ações do poder público.

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