A morte de Kauany Ventura de Vargas, de apenas 16 anos, uma semana após um parto cesariano no Hospital Sapiranga, no Rio Grande do Sul, trouxe à tona uma série de questionamentos sobre a conduta médica e os protocolos de atendimento obstétrico na rede hospitalar. A adolescente, que deu à luz em 2 de maio, faleceu no dia 17 do mesmo mês em decorrência de choque séptico, infecção uterina e insuficiência respiratória aguda, conforme atestado de óbito.
A família acusa a instituição de negligência médica e afirma que a jovem teria sido submetida a procedimentos não autorizados, além de não ter recebido os exames e cuidados adequados no tempo oportuno. De acordo com a advogada da família, houve demora na realização de exames e o quadro infeccioso evoluiu sem resposta médica eficaz. Kauany chegou a retornar ao hospital com febre e a cesariana aberta, mas foi orientada a voltar para casa.
A Polícia Civil instaurou inquérito para investigar se houve falhas ou omissões no atendimento. Além disso, o Conselho Regional de Medicina do RS (Cremers) abriu sindicância que pode levar à responsabilização ética dos profissionais envolvidos.
Outro ponto é a possível realização indevida de uma laqueadura, procedimento de esterilização cirúrgica. Um documento fornecido pelo próprio hospital indicava a prática, o que levou a família a solicitar a exumação do corpo, já autorizada pela Justiça. A instituição alega que foi um “erro de preenchimento”, atribuído a um sistema eletrônico automatizado.
Em nota, o Hospital Sapiranga lamentou o ocorrido, afirmou ter seguido protocolos médicos e destacou que complicações infecciosas podem ocorrer mesmo em condições técnicas adequadas. Ainda assim, anunciou a revisão de processos internos, afastamento do médico envolvido e reforço nos treinamentos sobre escuta ativa e atendimento pós-operatório. O bebê sobreviveu e está sob os cuidados da família.