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Mudanças climáticas, erosão e água: os impactos que já sentimos e as soluções que vêm da ciência

As mudanças no clima, somadas às ações humanas, têm causado sérios impactos nos recursos naturais, como água, solo e biodiversidade. A combinação de eventos climáticos extremos — como fortes chuvas e longos períodos de estiagem — com o uso inadequado do solo tem acelerado problemas como a erosão, que ameaça a disponibilidade de água, a produção de alimentos e a geração de energia. As enxurradas e os sedimentos erodidos causam problemas de ordem física como enchentes e assoreamento, mas também na qualidade dos rios pela transferência de agroquímicos, como fertilizantes e agrotóxicos, afetando diretamente o bem-estar da sociedade e perdas econômicas aos agricultores e para a população em geral. 

O que a ciência está fazendo?

Na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), o Grupo Interdisciplinar de Pesquisas em Erosão e Hidrologia de Superfície (GIPEHS) desenvolve pesquisas voltadas à busca de soluções para os problemas relacionados ao escoamento superficial e à erosão em bacias hidrográficas no estado do Rio Grande do Sul. Por meio de técnicas de monitoramento e modelagem, o grupo estuda os fenômenos hidrológicos e erosivos que ocorrem em diferentes condições de relevo, uso e manejo do solo. Desde 2019, o grupo monitora e estuda a bacia hidrográfica do rio Guarda Mor, que é um afluente do rio Soturno, na região central do Rio Grande do Sul.

Essa bacia representa bem a região de transição entre o planalto e a depressão central do estado, onde o sistema produtivo se localiza numa região ambientalmente frágil. Isso ficou muito evidente com a precipitação extrema que atingiram a região em abril e maio de 2024.

Foto do monitoramento no Rio Guarda Mor, Ivorá e Silveira Martins – RS

Como funciona esse monitoramento?

Para entender como o excesso ou a falta de chuva gera problemas aos solos e aos rios, o grupo mantém um sistema de monitoramento contínuo do rio Guarda Mor, além dos levantamentos das características fisiográficas como relevo, solos, uso e manejo. Com equipamentos como pluviômetros, estações meteorológicas, limnígrafos, amostradores de sedimentos, e sondas de qualidade da água, os pesquisadores monitoram em alta resolução temporal o comportamento da precipitação, vazão, sedimentos e qualidade da água. Além disso, do monitoramento automático, durante eventos de chuva intensa, o grupo realiza coletas manuais para complementar os dados e garantir a acurácia e precisão das medidas automáticas.

Essas informações são fundamentais para entender como os fenômenos climáticos e as atividades antrópicas influenciam a disponibilidade de água às plantas e geram impactos positivos ou negativos aos recursos hídricos. 

Foto da coleta de testemunhos de sedimento no Rio Jacuí, Agudo – RS

Trabalho coletivo e soluções para o futuro

O trabalho do GIPEHS não acontece sozinho. Ele conta com a parceria de outros grupos de pesquisa da UFSM, como o Laboratório de Micrometeorologia e Grupo de Pesquisa em Monitoramento e Planejamento Ambiental, além do prestigiado Laboratório de Ciências do Clima e do Ambiente da França (LSCE). Também participam instituições como a EMATER, a EMBRAPA, IFF São Vicente, UERGS Cachoeira do Sul e o Consórcio de Desenvolvimento Sustentável da Quarta Colônia (CONDESUS).

Os dados coletados e as pesquisas desenvolvidas ajudam a construir um banco de informações que serve de base para propor soluções práticas. Entre elas, estão as práticas de manejo do escoamento superficial, fundamentais para reduzir os impactos da erosão, aumentar a disponibilidade hídrica e garantir que as bacias hidrográficas — onde tudo começa — sejam tratadas como unidades essenciais de planejamento e conservação.

Por que isso importa?

Cuidar do solo e da água não é só uma questão ambiental, mas também social e econômica. Proteger esses recursos significa garantir a produção de alimentos, a qualidade e a quantidade da água, a segurança energética e, sobretudo, o futuro das próximas gerações.

Ana

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