MULHERES NO PODER: ENTREVISTA COM LÚCIA MADRUGA, VICE-PREFEITA DE SANTA MARIA/RS

A história política de Santa Maria ganhou um novo capítulo em 2024. Pela primeira vez, uma mulher ocupa o cargo de vice-prefeita no município. Aos 61 anos, a professora Lúcia Rejane da Rosa Gama Madruga entra para a política após uma longa trajetória na educação universitária. Seu nome agora integra um seleto grupo de mulheres que saíram vitoriosas nas eleições municipais, reflexo de uma crescente participação feminina na administração pública do Brasil.

Em um país com 5.570 municípios, apenas 727 terão mulheres no comando nos próximos quatro anos, o equivalente a 13% das prefeituras. O número ainda está longe de refletir uma igualdade de gênero na política, mas mostra avanços significativos. Santa Maria, com 166 anos de história, escreve sua própria evolução com a chegada de Lúcia Madruga ao Executivo municipal.

A sua trajetória é marcada por dedicação à educação e à gestão pública no ambiente acadêmico. Doutora em Administração, Lúcia atuou por anos na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), ocupando cargos de chefia e coordenação, além de ter sido pró-reitora adjunta de planejamento na UFSM. Sua entrada na política partidária aconteceu por meio da Secretaria Municipal de Educação, posição que a projetou para disputar seu primeiro cargo eletivo.

No cenário político da região central do Rio Grande do Sul, mulheres como Lúcia têm conquistado espaços importantes. Para abrir a série de entrevistas exclusivas “Mulheres no Poder”, conversamos com a vice-prefeita de Santa Maria. Na conversa, ela compartilhou suas perspectivas sobre a gestão, desafios e o papel das mulheres na política.

“Nosso trabalho é baseado no diálogo constante”

– Lúcia Madruga, 2025.

Perguntada sobre a dinâmica de trabalho com o prefeito Rodrigo Decimo, Lúcia destacou que há uma divisão clara de responsabilidades, permitindo que cada um contribua dentro de suas experiências profissionais. “Atualmente, estou à frente da estruturação do planejamento estratégico do governo, utilizando minha vivência na área. Além disso, criamos um ‘núcleo estratégico’, no qual nos reunimos regularmente com os secretários para discutir soluções conjuntas e alinhar prioridades.”

Sobre as primeiras decisões da gestão, a vice-prefeita enfatizou que a administração municipal já iniciou a implementação de propostas importantes. “Nossa meta é garantir que algumas iniciativas já sejam sentidas pela população nos primeiros 100 dias de governo. Criamos a Secretaria de Segurança Pública, uma promessa de campanha que já está em andamento e estará alinhada com os demais órgãos de segurança.”

O futuro na política

Quando questionada sobre a possibilidade de disputar cargos maiores no futuro, Lúcia afirmou que, por ora, seu compromisso é integralmente com a gestão municipal. “A política é uma construção contínua, e qualquer futuro planejamento dependerá do reconhecimento do trabalho que realizamos agora.”

O equilíbrio entre vida pessoal e carreira pública

Com uma rotina intensa na gestão, Lúcia encontrou na família um apoio fundamental. “Minha família é meu alicerce. Eles sempre me apoiaram nessa jornada, inclusive participando ativamente da campanha eleitoral. Minha neta Laís adorou fazer parte desse momento e, brincando, disse que um dia será prefeita e eu sua vice (risos).”

Essa foi a primeira entrevista da série “Mulheres no Poder”. A cada edição, traremos relatos inspiradores de prefeitas e vice-prefeitas que estão fazendo história no Rio Grande do Sul.

Anna Clara Tesche / Reinaldo Guidolin / William Medeiros / Luiz Henrique Costa