A vice-reitora da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Martha Adaime, tem uma história que transcende o meio acadêmico. Nascida em uma família de origem árabe e alemã, sua vida foi moldada pelo forte vínculo familiar e pela influência paterna, que a ensinou sobre amor, tradição e também sobre os desafios de se destacar em um meio de líderes.
Desde pequena, Martha era a “menina dos olhos” do pai. Como filha caçula, cresceu rodeada de carinho, mas também enfrentou desafios ao buscar sua independência. Seu senso de responsabilidade aflorou especialmente com o envelhecimento de seus pais. Sempre foi ela quem organizava consultas médicas, administrava medicamentos e cuidava para que tivessem o conforto necessário. Essa experiência fortaleceu seu lado gestora, transformando-a na pessoa que sempre buscou manter o equilíbrio e o bem-estar de quem estava ao seu redor.
“Eu sentia que eu era determinada, mas foi no sair de casa que trouxe esse espírito de liderança.”
Criada em um ambiente de cultura árabe, Martha conviveu com um forte senso de liderança dentro de casa. Seu pai e seus irmãos sempre tiveram posturas firmes e influentes, e, por muito tempo, ela acreditou que não compartilhava dessa característica. No entanto, foi durante a graduação e a pós-graduação que esse traço herdado veio à tona. Seu espírito de organização, tomada de decisão e capacidade de gerir equipes foram essenciais para seu crescimento acadêmico e profissional, preparando-a para desafios ainda maiores na UFSM.
Quando decidiu seguir a carreira acadêmica, Martha precisou convencer o pai de que a pós-graduação em São Paulo era um passo essencial para se tornar professora universitária. Seu pai, que sempre quis manter os filhos por perto, relutou no início, mas acabou aceitando a decisão da filha. Após concluir o doutorado, ingressou como professora na UFSM, onde construiu uma carreira baseada na excelência acadêmica e na formação de novos profissionais.
Martha sempre desejou ser mãe, mas optou por esperar o momento certo, priorizando a estabilidade acadêmica e profissional. No entanto, apesar das tentativas, não conseguiu realizar esse sonho. Como cientista, compreendeu os desafios psicológicos e físicos que esse processo envolvia e, com o tempo, aceitou sua realidade. O vazio que poderia ter ficado foi preenchido pelo amor incondicional de seus sobrinhos, com quem tem uma relação maternal. As noites do pijama, passeios e conversas fazem parte de uma conexão que ilumina seu olhar ao falar deles.
Essa relação com os sobrinhos também influenciou sua forma de ver os alunos da UFSM. No início da carreira como professora, se via refletida neles, especialmente naqueles que, assim como ela, precisaram deixar suas cidades natais para estudar. Sua prioridade sempre foi criar um ambiente acolhedor, proporcionando aos estudantes suporte e infraestrutura para que se sintam pertencentes à universidade.
Martha também destaca a importância da independência para o crescimento dos jovens. Ela compartilhou um episódio marcante de uma viagem com sua sobrinha, quando percebeu como dar espaço para os jovens tomarem decisões e vivenciarem experiências é essencial para o desenvolvimento da autoconfiança. Essa é a mesma filosofia que busca implementar na UFSM: oferecer aos alunos oportunidades que os transformem e os ajudem a crescer.
Atualmente, um dos principais desafios enfrentados por Martha na gestão da UFSM é a questão da saúde mental dos estudantes. A universidade tem desenvolvido ações e programas para melhorar a qualidade de vida acadêmica, reforçando a importância do bem-estar dos alunos.
Com o início das aulas neste 10 de março, Martha enfatiza a dedicação da UFSM em proporcionar uma recepção segura e integrativa para os calouros. Em parceria com a prefeitura, a instituição organizou uma calourada que visa garantir tanto a diversão quanto a segurança dos novos estudantes.
Martha Adaime representa a essência da série “Mulheres no Poder”: uma mulher que rompeu barreiras, se tornou referência na educação superior e exerce sua liderança com empatia e compromisso. Sua trajetória é um exemplo de que o poder pode ser exercido com acolhimento, e que a transformação na sociedade começa com oportunidades e suporte para as novas gerações.
Por Clara Tesche
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