Fadiga constante, lapsos de memória, alterações de humor, formigamentos e insônia. Esses são sintomas que muitas mulheres enfrentam ao entrar no climatério — período que antecede e acompanha a menopausa. Porém, o que poucas sabem é que essas mesmas manifestações também podem ser sinais iniciais de uma condição neurológica crônica: a esclerose múltipla (EM). Por isso, é fundamental que a escuta médica seja atenta e a investigação clínica, minuciosa.
Segundo a ginecologista Dra. Luísa Ávila (CRMRS 4584), os sintomas da menopausa vão muito além dos conhecidos fogachos e do ressecamento vaginal. “Queixas como indisposição, perda de memória, incontinência urinária, ganho de peso, alterações de humor, dificuldade de dormir e perda de libido também são achados nesse período”, explica.
É justamente essa amplitude de sintomas que muitas vezes leva ao erro ou à demora no diagnóstico. A esclerose múltipla, por sua vez, é uma doença autoimune que atinge o sistema nervoso central e costuma se manifestar em surtos.
Na prática clínica, não é incomum que mulheres cheguem ao consultório acreditando que estão apenas vivendo os efeitos da menopausa. No entanto, como lembra a Dra. Luísa, é nesse mesmo período da vida que aumentam as chances de outras doenças, como a EM, se manifestarem. “Muitas patologias têm maior incidência após os 40 ou 50 anos, por isso, um número considerável de pacientes precisa de um olhar mais atento”, afirma.
A importância do diagnóstico precoce
Muitas mulheres acabam demorando para procurar atendimento, especialmente quando os sintomas não são incapacitantes. A ausência dos fogachos, por exemplo, pode fazer com que o climatério passe despercebido, ao mesmo tempo em que alterações sutis, mas persistentes, são normalizadas. Essa demora pode afetar diretamente a qualidade de vida e, em alguns casos, agravar condições neurológicas que seriam mais fáceis de controlar se diagnosticadas no início.
“A menopausa pode mascarar ou até agravar sintomas de outras doenças”, alerta a Dra. Luísa. Isso porque a queda hormonal, especialmente dos estrógenos, pode interferir no funcionamento neurológico, intensificando queixas como ansiedade, insônia, depressão e até mesmo sintomas motores em mulheres que já têm alguma condição de base. A relação entre corpo e mente se torna ainda mais delicada nesse período.
A mensagem da médica é clara: não espere os sintomas se intensificarem para procurar ajuda. “Mesmo sintomas leves ou não tão frequentes merecem avaliação médica”, diz. O acompanhamento de um profissional pode não só confirmar a menopausa e orientar sobre terapias adequadas, como também identificar precocemente condições como a esclerose múltipla, aumentando as chances de sucesso no tratamento.
Por Anna Clara Tesche