Em 2021, perdi minha mãe para a COVID-19. Ela poderia ter se vacinado, as doses já estavam disponíveis, mas foi vítima das fake news que circulavam na época. Acreditou em mentiras sobre supostos riscos da vacina e adiou a imunização. Quando percebeu o erro, já era tarde. Hoje, ao ver postos de saúde vazios durante a campanha de vacinação contra a gripe, sinto um misto de tristeza e urgência: quantas vidas ainda serão perdidas para a desinformação?
O negacionismo continua sendo uma ameaça à saúde pública. Mentiras como “vacina altera o DNA” ou “é só uma gripezinha” circulam livremente nas redes sociais, enquanto dados do Ministério da Saúde mostram que a adesão à campanha da gripe está abaixo do esperado.
O perigo se amplia quando olhamos para doenças que já tínhamos erradicado. Nos Estados Unidos por exemplo, surtos de sarampo voltaram a assustar com óbitos e aqui no Brasil já tivemos 4 casos confirmados até março deste ano. A queda na cobertura da tríplice viral preocupa especialistas, que alertam: estamos retrocedendo décadas em conquistas da saúde pública.
Minha mãe era uma pessoa inteligente e cuidadosa, mas caiu no conto do negacionismo. Vejo agora sua história se repetir com outras famílias. A ciência não é questão de opinião – é fato. Vacinas erradicaram a varíola, controlaram a poliomielite e salvaram milhões do sarampo. Quem espalha desconfiança sobre elas nunca viu, como eu vi, um ente querido definhar em um leito de UTI.
Escrevo isso não só por ela, mas por todos que ainda podem ser salvos. Vacinar-se é um ato de amor por si próprio e pelos outros. A gripe mata. A COVID ainda circula. Doenças do passado estão voltando. E enquanto as fake news se espalham, a indiferença continua sendo o vírus mais letal de todos.
