Nenhum centavo a mais!

Nem mesmo a volta das chuvas intensas, e dos transtornos causados pela falta de preparo do Poder Público para mitigar os impactos dos eventos climáticos, especialmente sobre as parcelas mais vulneráveis da população, foi capaz de impedir que fosse levada adiante a votação do aumento na tarifa do transporte coletivo, na última reunião do Conselho Municipal de Transportes (CMT). Por uma ampla maioria de 11 votos a 3, os membros do Conselho aprovaram na última quarta-feira (18/06), um reajuste de 11%, que elevaria o valor para R$ 7,65. 

Embora o aumento tenha passado com folga pelo CMT, a decisão final cabe ao Prefeito Rodrigo Décimo (PSDB). Infelizmente, o tema sequer chega a ser apreciado pela Câmara de Vereadores, o que diminui ainda mais a margem de debate e participação popular sobre um tema que diz respeito à vida cotidiana de boa parte das trabalhadoras, dos trabalhadores e estudantes de Santa Maria. 

Ruim para o povo, ótimo para os empresários do transporte representados pela ATU, que com a cumplicidade de décadas de governos como os do PSDB de Décimo e Pozzobom nos últimos 8 anos, tem mantido intocável a lucratividade de um negócio que mais parece uma dinastia que passa de pai para filho, já que a licitação que poderia ao menos moralizar essa relação, não passa de uma lenda urbana. 

Enquanto isso, o serviço oferecido segue tão precário quanto antes, ou mais. Não precisamos nos deter muito aqui, porque qualquer um que use o transporte público na cidade sabe o que é ter que esperar por vários minutos nas paradas até o próximo ônibus, dependendo da linha, subir em veículos superlotados, sem conforto e nem segurança, enfrentar o abafamento do verão de Santa Maria sem ar condicionado na maioria dos ônibus, isso sem falar na precarização do trabalho dos próprios funcionários da ATU, sobretudo após a demissão da maioria dos cobradores. 

Há pouco mais de um mês, foi aprovado em regime de urgência na Câmara de Vereadores, em uma sessão extraordinária que acabou pouco antes das 06h00 da

manhã, um subsídio de R$ 4 milhões, mas que as próprias empresas do ramo diziam que seria “insuficiente” para manter o atual valor da tarifa. Nós votamos contra entregar milhões para os empresários do transporte sem sequer a garantia da manutenção da tarifa. Por outro lado, para nós é absurdo que se pague R$ 5,00 em uma cidade do porte de Santa Maria, e diante de um serviço tão ruim. 

Na verdade, somos daquelas e daqueles que compreendem o transporte enquanto um direito básico, e por isso defendemos a tarifa zero e a municipalização do transporte coletivo. Um serviço tão essencial, inclusive do ponto de vista da redução dos impactos das mudanças climáticas, não pode seguir sendo tratado como uma mercadoria qualquer, e se manter nas mãos de um pequeno grupo com interesses próprios que não por acaso vão na contramão das necessidades da maioria do povo. 

Se a pauta do aumento na tarifa do transporte coletivo, não passa pela Câmara de Vereadores, o nosso mandato estará nas ruas, junto aos movimentos sociais, que sempre se levantaram na defesa de um transporte verdadeiramente público, gratuito e para todas e todos. Somente a mobilização popular pode exercer a pressão necessária para que Décimo não leve adiante o absurdo aumento aprovado pelo CMT. Mas a nossa luta não para por aí, é preciso fortalecer o debate sobre a tarifa zero e a municipalização. Experiências de diferentes cidades pelo Brasil, mostram que é possível, e nós enquanto PSOL reivindicamos essa bandeira desde a nossa fundação. 

Nosso mandato e o nosso Partido se colocam à disposição para travar essa luta, dentro e fora da Câmara. Nenhum centavo a mais!