Fazer networking nunca foi apenas sobre trocar cartões ou contatos no LinkedIn. É sobre criar vínculos, abrir portas e ocupar espaços. Mas, quando falamos em mulheres em ambientes predominantemente masculinos, essa prática ainda carrega barreiras invisíveis ,medos, inseguranças e silêncios que muitas vezes não aparecem à primeira vista, mas que marcam profundamente as trajetórias femininas.
Muitas mulheres relatam que, ao entrar em uma sala cheia de homens, sentem um peso que não está escrito em lugar nenhum, mas está presente no ar. Esse peso vem de histórias que atravessam gerações: séculos em que a mulher foi ensinada a se calar, a esperar ser convidada e a duvidar do próprio valor. Esse legado se manifesta hoje em algo que a psicologia chama de síndrome do impostor, aquela voz interna que insiste em dizer que “você não é boa o suficiente”, “vai parecer intrometida” ou “não merece estar aqui”.
Além disso, existe a falta de representatividade. Quando não vemos outras mulheres ocupando os mesmos lugares, a sensação de isolamento aumenta. É como se fosse preciso dobrar a força para ser ouvida, para ter credibilidade ou simplesmente para existir sem ser reduzida a estereótipos.
Outro fator que alimenta a insegurança é o formato tradicional dos encontros de networking: muitas vezes organizados em horários e dinâmicas pouco pensados para a realidade feminina, seja pela sobrecarga de responsabilidades, seja por ambientes que reforçam códigos masculinos de comportamento,com uma energia masculino que cobra, exige e estimula a competição, e ainda nós mulheres somos impulsionadas a acreditar que empreender com resultados só pode ser se for assim.
Mas é importante lembrar: esse medo não é sinal de fraqueza, e sim consequência de um contexto social que ainda está aprendendo a incluir verdadeiramente as mulheres. O desafio agora é transformar essa consciência em ação. Criar espaços de networking mais acolhedores, incentivar rodas de conversa seguras, promover a presença feminina em painéis e, principalmente, cultivar uma cultura em que as mulheres não precisem se moldar para caber, mas possam ser inteiras,possam ser verdadeiramente ouvidas.
O futuro do networking não pode ser apenas sobre oportunidades de negócios. Precisa ser também sobre pertencimento. E, quando uma mulher sente que pertence, ela não apenas se conecta, ela transforma o ambiente e inspira outras a ocuparem ou acessarem esses lugares também.
Com carinho
Michi Milanni
Terapeuta Sistêmica Empresarial e
CEO do movimento Empreendedorismo e elas.
@michi.milanni
@empreendedorismoeelas