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O Charme dos Imperfeitos

por Roberta Machado

Oi, Gente! E aí, gostaram da coluna em formato de vídeo? 

Hoje voltamos à programação normal com dicas e devaneios meus…

Esses dias estava pensando sobre moralidade, sobre como a arte muitas vezes coloca a dualidade do bem e do mal, no teatro temos Melpomene e Thalia (tragédia e comédia), no cinema os heróis e vilões, os mocinhos e bandidos, a mocinha e a garota popular, e tantos outros. Mas na vida real as coisas não são tão preto no branco, nós somos seres falhos, que erram e acertam, ninguém é tão mal que não faça o bem às vezes, nem tão bom que não erre nunca. 

Na semana passada terminei a série You (Netflix), nela, desde a primeira temporada, somos colocados numa contradição, o charmoso Joe Goldberg é também um assassino perseguidor. O texto nos envolve de uma forma que passamos a justificar e até entender o protagonista, são cinco temporadas que vão aumentando o grau de absurdo e começamos a justificar o injustificável. Até que no fim (não é um spoiler) a lição que fica é que talvez o grande problema seja realmente a gente que assiste e segue, quase que, defendendo ele.

A capacidade que a arte tem de nos colocar no limite, de refletir sobre as normas sociais e até mesmo, gostar do que é ruim, vem de lugares que mostram que nem tudo é isso ou aquilo. Mas claro, é preciso um bom roteiro, um bom ator, uma boa direção, para gerar uma empatia ou uma identificação por personagens moralmente ambíguos. 

A atração que temos por esses personagens vem da complexidade, das contradições e imperfeições da natureza humana. Aqui vou chamar todos esses personagens de anti-heróis, mesmo que, a maioria deles, não faça parte de histórias de heróis. Falando em heróis, é difícil se identificar com o Super Homem, sem defeitos, que nunca erra e é perfeito. Já com o Batman, é um pouco mais fácil, ele é humano, sangra, sofre e sente. 

As personagens de hoje são pessoas ambíguas, moralmente duvidosas, algumas até criminosas, que nos cativam e nos fazem criar um certo laço pessoal. Sendo sincera, eu geralmente caio na lábia desses personagens, tenho a tendência de ver sempre o bem nas pessoas, mesmo naquelas que “Não valem um ovo”. 

Nas telas ou na vida, algumas pessoas nos envolvem tanto, que realmente acreditamos na sua mudança, seja quando a culpa os consome ou quando um grande amor os salva. Mas nem sempre podemos confiar em todo mundo, alguns finais têm reviravoltas e ficamos com o sentimento de que talvez, a gente também se enganou.

As dicas de hoje são filmes e séries com personagens de moral duvidosa:

Bonnie e Clyde (1967) – Apple TV e Prime Vídeo

Esse é daqueles filmes que moldaram todo um gênero. Assisti já sabendo do impacto que ele teve na época, mas mesmo assim fiquei surpresa com o quanto ele continua atual. Bonnie e Clyde são criminosos, mas a química entre eles e a forma como o filme retrata essa parceria faz a gente acabar torcendo pelo casal.

O Talentoso Ripley (1999) – Prime Vídeo

Acho que com esse, fecho a lista dos meus filmes preferidos, que venho contando aos poucos. Não é a toa que o filme ganhou 5 Oscars, a cada cena vamos nos aproximando de Ripley e sendo envolvidos por sua trama, até que no final… 

Prenda-Me se For Capaz (2002) – Prime Vídeo

Esse é o clássico filme das noites na Globo, cresci assistindo e torcendo para que o policial não conseguisse pegar o protagonista.

Relatos Selvagens (2014) – HBO MAX

Um filme que me pegou totalmente de surpresa, como a maioria dos filmes argentinos. São seis histórias curtas e independentes, mas todas mostram pessoas no limite, reagindo a situações absurdas e deixando o lado mais selvagem vir à tona. 

Oito Mulheres e Um Segredo (2018) – HBO Max e Prime Vídeo

Eu adoro tramas de assalto bem feitas, e aqui tudo acontece com muito estilo: figurinos impecáveis, elenco cheio de nomes incríveis e um humor leve.

Pearl (2023) – Netflix

Pearl me pegou desprevenida. Eu esperava um filme de terror, por isso evitei assistir até o início deste ano. Só que encontrei algo mais psicológico, poético e até me identifiquei (um pouco) com a Pearl. A personagem principal nos deixa desconfortáveis, curiosos e inquietos. É um daqueles filmes que ficam ecoando na cabeça por dias.

You (2018) – Netflix

Como eu disse antes, essa série me prendeu por causa do jeito que faz a gente entrar na cabeça do Joe. É estranho, porque ele é completamente perturbado e mesmo assim tem algo que nos faz querer continuar assistindo. 

Clark (2022) – Netflix

Essa minissérie sueca é baseada na vida real do homem que inspirou o termo “Síndrome de Estocolmo”, mas não se limita e até ironiza o fato de não ser tão baseada assim em fatos reais. Clark é carismático, manipulador e impossível de prever. A série tem uma estética toda maluca que combina com ele.

Loki (2021) – Disney +

Entre todas as séries da Marvel, essa é a minha preferida. Loki se tornou, com essa série, meu personagem queridinho do MCU, não só o personagem ganhou uma profundidade que a gente não tinha visto antes, mas o próprio universo Marvel se expande de maneiras inimagináveis a partir daqui. 

Esses dias reclamaram que não dou opções para as crianças, então a partir de hoje vou trazer minha seleção pra família toda:

Megamente (2010) – Netflix e Prime Vídeo

Se esse filme fosse um live action seria um clássico do cinema, como é uma animação, talvez não tenha o reconhecimento que merece, ele vira o jogo sobre o que a gente espera de um “vilão”. 

Meu Malvado Favorito (2010) – HBO MAX, Prime Video e Netflix

A febre dos minions já cansou um pouco, mas o primeiro filme sempre vale a pena ser reassistido. 

O Poderoso Chefinho  – Netflix e Prime Vídeo

Tenho mais uma confissão, esse é meu desenho preferido da vida, sempre assisto quando estou triste. Pode parecer uma animação bobinha pra crianças pequenas, mas não tem como não se encantar pelo rabugento do Ted e rir dos planos absurdos que ele e sua turma inventam. Juro pra vocês, assistam os filmes e a série.

Acho que aqui caberia um milhão de dicas, dos clássicos de velho oeste com Marlon Brando ou Clint Eastwood, os mafiosos de “Poderoso Chefão”, quase todos do diretor Tarantino… Mas qual é o seu malvado preferido? 

Redação enFoco

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