Enquanto o discurso político repete que “a educação é a base de tudo”, a realidade nas escolas brasileiras mostra um cenário de abandono. Governos estaduais e municipais, muitas vezes com a conivência do poder federal, têm sucateado o ensino público, negligenciando infraestrutura, desvalorizando professores e, em muitos casos, optando por soluções fáceis: as privatizações e terceirizações da educação.
O resultado? Mais desigualdade, menos oportunidades e um futuro cada vez mais distante para milhões de jovens.
Basta visitar escolas públicas pelo país para ver salas com goteiras, cadeiras quebradas, bibliotecas vazias e laboratórios que nunca funcionaram. Professores sobrecarregados e mal remunerados são obrigados a trabalhar em condições precárias.
Nelson Mandela dizia: a educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo. Essa frase ecoa como uma verdade incontestável, mas no Brasil aqueles que carregam essa arma nas mãos – os professores – são frequentemente esquecidos, desvalorizados e até hostilizados.
Não há motivação quando um educador precisa trabalhar em três turnos para sustentar sua família.
Em vez de fortalecer a educação pública, muitos governos têm terceirizado a gestão de escolas para organizações privadas sob o argumento de “eficiência”. Essas medidas escondem a transferência de um direito social para a lógica do mercado, onde o lucro vem antes da qualidade. Quem perde? Os alunos mais pobres, que ficam à mercê de um ensino fragmentado e sem participação democrática.
O sucateamento da educação não é um acidente: é uma escolha política. Quando um jovem de escola pública não tem acesso ao mesmo conhecimento que um aluno de escola privada, a desigualdade se perpetua. Sem estrutura, muitos abandonam os estudos ou são empurrados para subempregos, enquanto as elites seguem com ensino de qualidade, garantindo seus privilégios.
Nenhum país se desenvolveu sem investir maciçamente em sua educação. Foi assim com Finlândia, Coreia do Sul e Canadá – nações que entenderam que o conhecimento liberta, reduz desigualdades e impulsiona a economia. No Brasil, porém, ainda encaramos a educação como gasto, e não como investimento. Enquanto deputados e empresários discutem cortes orçamentários, milhões de jovens são condenados a um futuro de oportunidades perdidas.
Enquanto o Brasil não encarar a educação como prioridade real – e não como discurso eleitoreiro – continuaremos vendo gerações inteiras sendo sacrificadas. É preciso exigir investimentos diretos, valorização dos profissionais e um ensino público forte, laico e universal. O futuro dos jovens não pode ser negociado.
Se queremos romper o ciclo da pobreza, da violência e da exclusão, precisamos olhar para as salas de aula. Um professor valorizado é a semente de uma sociedade mais crítica, criativa e igualitária. A mudança começa quando entendemos que, sem educação pública forte, nenhum projeto de país dará certo.