Tudo começa com o furto de um fio. Um ato aparentemente simples, mas de consequências profundas. Um trecho de cabo arrancado pode deixar um hospital sem energia, uma escola sem aula, um semáforo inoperante, uma estação de metrô paralisada. É o efeito cascata: a interrupção de serviços essenciais, o prejuízo à população e a crescente sensação de desordem.
O cobre furtado não some — ele abastece o mercado clandestino, onde é trocado por dinheiro que, em muitos casos, alimenta o tráfico de drogas e a compra de armamento. Trata-se de um elo direto entre o pequeno delito e o fortalecimento das estruturas do crime organizado.
Ainda assim, em diversas regiões, o combate a esse tipo de crime segue morno. A fiscalização é falha, os receptadores operam com relativa liberdade e a punição é branda. Enquanto isso, o prejuízo se acumula: para o Estado, para os cofres públicos e para cada cidadão afetado.
É preciso tratar o furto de fios com a gravidade que ele exige. Reforçar o policiamento, endurecer a legislação sobre receptação e criar mecanismos eficazes de rastreamento e controle do cobre comercializado. Ignorar esse problema é permitir que o crime avance, silencioso, cortando não apenas cabos — mas a própria funcionalidade da cidade.