Como um homem gay e vereador em Santa Maria, Rio Grande do Sul, têm observado de perto os desafios enfrentados por homens gays à medida que envelhecem. A vulnerabilidade social dessa parcela da população é alarmante e exige nossa atenção e ação imediata.
Muitos homens gays idosos enfrentam o abandono familiar, resultado de anos de preconceito e discriminação. Essa ruptura dos laços familiares os deixa sem uma rede de apoio essencial, aumentando a sensação de isolamento e solidão. A falta de compreensão e aceitação por parte da família contribui significativamente para essa marginalização.
Com o avançar da idade, surgem doenças comuns a todos os idosos, como hipertensão, diabetes e problemas cardiovasculares. No entanto, homens gays idosos podem enfrentar desafios adicionais relacionados à saúde mental, como depressão e ansiedade, muitas vezes decorrentes de uma vida marcada por estigma e discriminação. A falta de profissionais de saúde capacitados para lidar com as especificidades dessa população agrava ainda mais a situação.
A inexistência de políticas públicas voltadas especificamente para a população LGBTQIAPN+ idosa é uma realidade preocupante. Embora existam iniciativas gerais para a população idosa, não há diretrizes específicas que atendam às necessidades dos idosos LGBTQIAPN+. Além disso, a escassez de Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs) que acolham de forma inclusiva essa população é evidente.
Segundo dados, o número de ILPIs cadastradas no Sistema de Informação em Vigilância Sanitária (SIVISA) no estado é de 863, mas não há informações claras sobre quantas delas estão preparadas para atender às demandas específicas dos idosos LGBTQIAPN+.
Os índices de suicídio entre homens idosos no Rio Grande do Sul são alarmantes. Dados indicam que 80% dos suicídios registrados no estado são de pessoas do sexo masculino. A taxa de mortalidade dos homens cresce conforme avança a faixa etária, aumentando também a diferença em relação ao sexo feminino. Embora não haja estatísticas específicas para homens gays idosos, é razoável supor que a combinação de fatores como isolamento social, abandono familiar e falta de suporte adequado contribua para um risco ainda maior nessa população.
Como vereador e homem gay, sinto profundamente a responsabilidade de lutar pela dignidade e pelos direitos dos homens gays idosos em nossa cidade. É imperativo que desenvolvamos políticas públicas inclusivas, promovamos a capacitação de profissionais de saúde e assistência social, e estabeleçamos casas de acolhimento que respeitem e atendam às necessidades específicas dessa população.
A construção de uma sociedade mais justa e inclusiva passa pelo reconhecimento e pela valorização de todos os seus membros, independentemente da orientação sexual ou idade. Juntos, podemos e devemos trabalhar para garantir que os homens gays idosos de Santa Maria vivam com dignidade, respeito e o suporte que merecem.