Por Alice Carvealho
A privatização da Companhia Riograndense de Saneamento, a Corsan, pelo governo Eduardo Leite (PSDB), efetivada em 2023 com a venda para a empresa Aegea, começa a dar frutos, infelizmente, de gosto amargo para o povo gaúcho. Além das constantes interrupções nos serviços, causadas pela falta de manutenção nos equipamentos, o ano começou com a demissão em massa de trabalhadoras e trabalhadores da Corsan, em meados do mês passado.
No mesmo período, só aqui em Santa Maria, milhares de usuários ficaram sem água por dias seguidos, e, quando ela finalmente voltou em alguns bairros, o líquido que saía da torneira era nitidamente impróprio para o consumo. Essa situação foi a gota d’água para que muitas pessoas começassem a questionar não apenas o serviço oferecido pela nova gestora da Companhia, mas o próprio processo de privatização e os termos do contrato assinado entre a Prefeitura de Santa Maria e a empresa de saneamento.
A privatização da Corsan, aprovada ainda em 2021 pela Assembleia Legislativa, ocorreu após o governo e os deputados da base passarem por cima do que previa a Constituição do estado, ou seja, a necessidade de um plebiscito para que o povo expressasse a sua opinião quanto à liquidação de mais uma empresa pública. Veio na contramão das tendências mundiais, que são justamente de reversão dos processos de privatização dos serviços de água e esgoto e de retomada da gestão pelo Estado. Exemplo disso é a capital francesa, Paris, onde, em 2007, se avançou para a remunicipalização dos serviços de água e tratamento de esgoto, que vinham sendo geridos pela iniciativa privada desde a década de 1980. A reversão do processo de privatização aconteceu a partir da constatação de que a empresa privada estava mais preocupada com o lucro — quem diria? — do que com a oferta de um serviço de qualidade para a população.
Não precisamos esperar por décadas como no caso francês para perceber que a venda da Corsan só foi um bom negócio mesmo para a Aegea. Enquanto Leite tirava fotos no litoral em mais uma ação de marketing, muitos gaúchos precisavam enfrentar a onda de calor com as torneiras secas. Curiosamente, o governador havia prometido, durante a campanha do seu primeiro mandato, que não privatizaria a Corsan. Aparentemente, a sua fidelidade é com o projeto neoliberal de seu partido, e não com os seus eleitores. Seja como for, Leite é o principal responsável pela situação revoltante em que se encontra a questão da água em muitas cidades do estado, inclusive Santa Maria.
Nosso mandato defende a necessidade de rediscutir e reverter a privatização da Corsan, mas, como não podemos esperar pela disposição para o diálogo de um governo que optou por levar adiante a entrega da estatal sem ouvir a população, também lutaremos incansavelmente, na Câmara de Vereadores, para que o Executivo Municipal deixe a postura passiva que tem mantido em relação aos problemas com a Corsan e aja em benefício dos usuários, se necessário, rompendo com a Companhia. Um contrato, por pior que seja, não pode ser uma carta branca para uma empresa privada operar um serviço tão importante com negligência e descaso. A água deveria ser encarada como um direito básico, não como mera commodity.
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