Logo na entrada da EMAET, fui recebida por algo que não costumo sentir: o cheiro fresco de tinta. E, junto dele, uma espécie de calmaria que me abraçou. O corredor claro, as paredes repletas de cor e expressão, os olhares atentos dos alunos com pincéis em mãos, tudo ali parecia em estado de criação. E não qualquer criação: uma que carrega afeto, identidade, e resistência.
A EMAET – Escola Municipal de Artes Eduardo Trevisan, é a única instituição pública voltada exclusivamente ao ensino das artes em Santa Maria. Mas é muito mais que uma escola. É um refúgio para quem encontra na arte uma forma de existir. Um lugar que ensina, sim, mas que principalmente permite que crianças, jovens e adultos se descubram, e se orgulhem disso.
A arte não tem prazo, e nem deve ter limite. Vi banheiros sendo pintados por alunos de artes visuais, que transformavam até os cantos mais esquecidos em obra viva. Vi escultura ganhando forma no silêncio. Vi o cuidado com o lanche coletivo. E vi um espaço que trazia da melhor forma a cultura mesmo em meio a cortes, ausências e lutas diárias por professores.
Eu nunca fui boa em física, muito menos em química. Me perdia nas equações de matemática. Mas eu sempre fui das artes, da literatura, do texto, da poesia. E me orgulho disso. Desde cedo, minha mãe me mostrou a importância da sensibilidade, da palavra e do desenho. Na escola, eu era aquela aluna que escrevia bem, que pintava bonito, que participava de peça de teatro, que achava incrível os clássicos da literatura, eu era aquela que via arte. E, por muito tempo, ouvi que esse tipo de inteligência era “menos importante”. Mas não é, aliás, é essencial.
A inteligência criativa, artística, sensível, comunicacional, é o que constrói pontes. É ela que emociona, que transforma, que inspira. É ela que ergue projetos culturais, que comunica ideias, que cria soluções fora da caixa. E enquanto escolas e empresas insistirem em priorizar apenas números e performance técnica, estarão desperdiçando o brilho de muitos.
A EMAET existe para lembrar disso. E para mostrar, todos os dias, que o estudante-artista merece aplausos, merece foco, merece investimento. Porque essa também é uma inteligência, e das mais lindas.
Se hoje falamos tanto sobre saúde mental, criatividade, expressão, comunicação não violenta, diversidade, estamos, mesmo sem perceber, falando da importância da arte. E isso precisa refletir em políticas públicas, em contratações, em orçamento, em prioridade. Valorizar a EMAET é valorizar um futuro mais colorido e humano, é entender que onde há cor, há voz, e onde há arte, há vida.