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Os 5 erros jurídicos mais comuns que impedem empresas de crescerem e como evitá-los

No acompanhamento do dia a dia de empresas, desde pequenos negócios até  estruturas mais robustas, percebo que a maior parte dos problemas jurídicos não surge de forma repentina. Eles são construídos aos poucos, na pressa de empreender, na confiança excessiva, no uso de modelos prontos ou na tentativa de economizar com aquilo que, no fundo, deveria ser prioridade: a prevenção  jurídica.  

Nada disso nasce de má-fé. São decisões tomadas no calor da rotina, mas que podem se transformar nos principais fatores que impedem uma empresa de crescer. Por isso, quero compartilhar os cinco erros que mais vejo na prática e que,  se evitados, transformam completamente a saúde de qualquer negócio.  

O primeiro deles é a ausência de contratos bem feitos. Muitos empreendedores ainda fecham acordos “na confiança” ou utilizam modelos retirados da internet que não traduzem a realidade da negociação.  

Quando surge um conflito — e cedo ou tarde ele surge — esse contrato frágil, incompleto ou genérico deixa de proteger e passa a comprometer. Um bom contrato é aquele que traduz com clareza o que cada parte espera, quais são as responsabilidades e como eventuais problemas serão resolvidos. Ele evita ruídos e preserva relações.  

O segundo erro é formar sociedades sem regras definidas. Muitas empresas começam entre amigos ou familiares, movidas por entusiasmo, boa vontade e visão de futuro. Mas, quando surgem divergências, é o documento que salva (e não a  lembrança da conversa no café).  

Sem um Acordo de Sócios, questões como saída, morte, voto, distribuição de lucros ou responsabilidades viram verdadeiros labirintos jurídicos. Quando surge um desentendimento, é a ausência de regras que transforma um conflito pontual em uma ruptura profunda e, às vezes, irreversível.  

Sociedades precisam ter previsibilidade, racionalidade e segurança para sobreviver ao tempo. Já vi amizades acabarem, empresas serem encerradas e famílias se desentenderem porque a sociedade não tinha regras.  

O terceiro erro, talvez um dos mais perigosos, é misturar o patrimônio pessoal com o empresarial. Confundir contas, pagar despesas da empresa com dinheiro pessoal  ou vice-versa, abre portas para problemas fiscais e até mesmo para a responsabilização pessoal dos sócios.  

Em casos mais graves, o juiz pode entender que não há separação entre pessoa  física e jurídica, o que coloca em risco bens pessoais que deveriam estar protegidos. Manter essa divisão clara não é apenas organização: é blindagem patrimonial. 

O quarto erro é a falta de políticas internas e de um mínimo de compliance. Muitas pessoas acreditam que isso é coisa de grandes empresas, mas é justamente nas  pequenas e médias que a ausência de regras claras mais causa problemas. Sem políticas internas escritas, cada situação é tratada de forma improvisada. E quando tudo é improviso, cresce o risco trabalhista, fiscal e até reputacional. Compliance  não precisa ser complexo, basta ser consistente.  

O quinto erro, e talvez o mais comum de todos, é procurar um advogado apenas quando o problema já aconteceu. Esse hábito transforma situações simples em problemas complexos e evita que o jurídico cumpra sua verdadeira função: prevenir.  

Advogados não servem apenas para apagar incêndios, mas para evitá-los. A assessoria preventiva é mais leve, mais rápida, mais barata e mais eficiente. Ela dá ao empreendedor o que ele mais precisa para crescer: tranquilidade.  

Esses cinco erros têm algo em comum: todos são evitáveis. Com orientação adequada, o jurídico deixa de ser um obstáculo e passa a ser um aliado estratégico.  Mais do que resolver conflitos, ele garante que relações, parcerias e oportunidades  prosperem.  

Na próxima coluna, vou aprofundar um tema essencial para quem quer crescer sem medo: como montar um contrato empresarial realmente seguro. Um guia simples e prático para que empreendedores possam transformar contratos em ferramentas  de proteção e expansão.  

Você vai entender como estruturar cláusulas que protegem, evitam conflitos e fortalecem parcerias. Nos vemos na próxima edição. Até lá, cuide do seu negócio com a mesma atenção com que cuida da sua história.

Mariana

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