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OUVIDORIA DO CAMPO – LEI “VALDEMAR”

O que aconteceu ontem no distrito da Palma, me deixa com o coração apertado e em estado de revolta. Um produtor rural, um homem simples, trabalhador, pai de família — Senhor Valdemar — foi assassinado dentro da sua propriedade rural por agentes do Estado.

Sim, foi isso que aconteceu. Dói muito porque podia ser qualquer um de nós que vive no interior. Podia ser qualquer amigo meu da Palma, de Arroio Grande, Pains, Arroio do Só ou dos 9 distritos de Santa Maria. Podia ser o meu pai ou o meu tio. Que tipo de abordagem descabida foi aquela?!

E não, esse não é um discurso contra a Brigada Militar, não é contra a Polícia Ambiental, não é contra o policial que honra sua farda. Esse é um discurso contra o despreparo, contra a ausência de protocolo, e contra a irresponsabilidade do Estado num todo, que envia homens armados para uma propriedade rural sem o mínimo preparo, sem um plano de diálogo, e o resultado está aí: Valdemar morto a tiros!

Mas sejamos claros:
Ontem o Estado deu três tiros no Valdemar. Mas o Estado já vinha matando o Valdemar todos os dias!

Mata o Valdemar quando a ponte do Arroio Grande segue caída há mais de um ano, e até agora nem projeto foi aprovado.
Mata o Valdemar quando o produtor tem que pagar pedágio todo dia pra poder vender leite, milho, ir no mercado, na farmácia ou no hospital.
Mata o Valdemar quando trata o trabalhador do campo como suspeito, como infrator por plantar e colher, como criminoso por viver no interior.

E aí, senhoras e senhores, me permitam um momento de desabafo:
Deixem o produtor rural em paz!
Deixem o trabalhador do campo trabalhar!
Parem de perseguir quem planta, quem cria, quem sustenta essa cidade com alimento e imposto!
Parem de chegar na porteira com caderneta de multa e arma na cintura como se estivessem indo atrás de traficante!

Querem fazer justiça? Vão atrás de quem faz abigeato, de quem rouba gado, de quem vende veneno falsificado!
Liberem a securitização da dívida agrícola!
Ofereçam educação técnica, estrada boa avancem com o Vale Feira!
Incentivem o produtor a investir, e não a abandonar o campo!

Chega do Estado que mata devagar com papel, e que mata de vez com bala!

É por isso que anuncio hoje o Projeto de Lei de Ouvidoria do Campo – a Lei Valdemar.

Senhoras e Senhores, A cidade que não protege o interior está condenada à fome!

O campo é lugar de trabalho, de dignidade, de suor.
Que o sangue de Valdemar não escorra em vão. Que ele vire semente de justiça, na Lei que levará o seu nome.

Por: Manequinho

Ana

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