Estética, funcionalidade e bem-estar: o trio inseparável no paisagismo
Quando pensamos em paisagismo, é comum que a primeira imagem que venha à mente seja a de um jardim visualmente encantador. Mas por trás de toda a beleza natural, há uma trama muito mais complexa, que envolve conforto térmico, organização dos espaços e até impacto positivo na saúde mental. Para o paisagista Luis Fernando, à frente da equipe da Green Life Jardins em Santa Maria (RS), o paisagismo precisa ser pensado de forma integrada à arquitetura desde o início do projeto.
O paisagismo que refresca e organiza
O paisagismo tem papel fundamental na regulação térmica de residências e ambientes urbanos. Segundo Luis, barreiras verdes são aliadas importantes na redução da incidência de luz solar direta, aumentam a umidade do ar e proporcionam sombra e frescor, elementos essenciais em regiões de calor intenso.
Além disso, o paisagismo bem planejado é capaz de organizar o dia a dia, tornando os ambientes externos mais funcionais. Espaços como varais de roupas, áreas de serviço, iluminação e até os caminhos de circulação devem ser pensados em conjunto com a vegetação e a rotina dos moradores. “É preciso respeitar as necessidades de cada cliente e projetar para facilitar a vida deles”, afirma.
Verde que acolhe

O impacto do paisagismo também atinge o emocional. Ambientes com plantas ajudam a reduzir o estresse e a ansiedade, além de aumentar o sentimento de bem-estar. “Cuidar do jardim é como terapia. É paz de espírito. E ainda desperta criatividade e bom humor”, reflete Luis.
Personalizar o jardim de acordo com as emoções e memórias do morador é uma das marcas de um bom projeto paisagístico. Luis conta que costuma incorporar perfumes, cores ou espécies que remetem à infância ou à família. “O jardim precisa ter a cara do cliente. Uma lembrança afetiva, o perfume de jasmim da casa da avó, tudo isso pode ser traduzido com as plantas certas, nos lugares certos.”
Plantas para todos os estilos
Mesmo quem não tem tempo ou intimidade com o verde pode ter um jardim bonito e viável. Para isso, o segredo está em escolher plantas adaptadas à rotina do morador. Luis classifica os perfis de jardim em três: o do colecionador (que ama cuidar das plantas), o do visitante (que lembra delas de vez em quando) e o solitário (que só quer admirar de longe). “Temos plantas para todos. O erro é montar um projeto que não conversa com o estilo de vida da pessoa.”
Menos pode ser mais
Outro desafio é equilibrar a vontade estética com o que é sustentável a longo prazo. Luis explica que é comum que clientes desejem muitas espécies diferentes no jardim, mas que isso nem sempre é o ideal. “A vegetação precisa estar em proporção, respeitar espaço, luz, umidade e convivência entre si. Ajustamos os projetos para que a harmonia prevaleça. Afinal, o jardim é um complemento vivo da arquitetura.”

Em um mundo cada vez mais acelerado e urbano, o paisagismo surge como uma forma de reconexão com a natureza, e consigo mesmo. Mais do que compor a estética de uma casa, ele oferece uma experiência sensorial e afetiva, capaz de transformar o cotidiano em algo mais leve, funcional e humano. Pensar no jardim como parte essencial da arquitetura é dar um passo além na criação de espaços que cuidam, acolhem e fazem sentido para quem vive ali.