Na noite de 17 de maio, o palco do Theatro Treze de Maio, em Santa Maria, se transformou em um verdadeiro cabaré musical. À meia-luz, com mesas, cortinas vermelhas e um clima intimista que remetia ao jazz e ao blues, o espetáculo Palavra de Mulher começou sua mágica. Com 17 anos de estrada, o show une música e teatro para celebrar o universo feminino a partir das canções de Chico Buarque e, mesmo tanto tempo depois da estreia, ainda soa como novidade.
Fui ao espetáculo como alguém apaixonada por cultura e MPB. Desde o apagar das luzes, percebi que estava prestes a viver uma experiência que não era apenas artística, mas emocional. Era como mergulhar num tempo fora do tempo, uma noite onde palavras, melodias e sentimentos se entrelaçavam.
A primeira a cantar foi Virginia Rosa, com uma voz que parecia contar histórias que ainda não vivi. Sua interpretação de “O Meu Amor” fez casais chorarem abraçados na plateia. Virginia cantava como se voltasse no tempo, rejuvenescida, com a alma leve. Sua entrega era tanta que parecia que estávamos dentro de uma cena de cinema, onde a trilha sonora nos atingia direto no peito.
Em seguida, Tânia Alves tomou o palco com o seu carisma único. Ela dançava, interpretava, brincava com o público, trazendo leveza e humor sem perder a força das letras que cantava. Tânia foi a ponte entre o palco e a plateia, chamando o riso, o canto coletivo e a identificação. Sua presença é como um sopro de liberdade no meio da intensidade do espetáculo.
Mas foi com Lucinha Lins que algo dentro de mim se desfez em lágrimas. Quando falamos de Lucinha, é inevitável não lembrar da infância. Ao cantar “A História de Uma Gata”, sua voz me puxou para uma memória afetiva profunda. Vi olhos marejados ao meu redor, senti a emoção coletiva. Havia adultos cantando como crianças, reconectados com algo puro e verdadeiro. Foi uma das partes mais comoventes da noite. E quando Lucinha interpretou “O Tango de Nancy”, relembrando seu amigo Marco Nanini, foi impossível não se comover. Ela não apenas cantou — ela viveu a canção ali, diante de nós.
Tive a oportunidade de conversar com as três artistas na manhã da estreia, e todas falaram da força transformadora desse espetáculo.
Lucinha Lins definiu:
“Pra mim é sempre uma renovação, um espetáculo atemporal. Ele emociona, diverte. Estar na estrada há tantos anos, variando de plateia, lugar, espaço… faz com que a gente se sinta cada dia em uma estreia.”
Virginia Rosa reforçou:
“Cada vez que nos apresentamos, sentimos uma energia nova. Sempre surgem situações diferentes de cidade para cidade. É um presente nas nossas vidas. E é sobre espalhar a alma feminina, convidar homens, novas gerações… É uma festa atemporal.”
Tânia Alves, com seu olhar teatral, disse:
“Mesmo com o mesmo texto, nunca é igual. O público determina o ritmo, a emoção. Cada show é único. Mulheres se reconhecem, homens aprendem sobre nós. É uma história sobre várias mulheres.”
Ao final da peça, o público aplaudiu de pé. Alguns ainda permaneceram no teatro, emocionados, como se não quisessem sair daquele universo tão íntimo e acolhedor. Não foi apenas um espetáculo: foi um encontro com nossas memórias, nossa sensibilidade, nossa própria história.
Palavra de Mulher segue seu caminho pelos palcos do Brasil, e se reinventa a cada cidade. E que bom que é assim. Porque em um mundo cada vez mais acelerado, há algo profundamente necessário e curativo em parar para escutar com calma, com o corpo, com o coração, o que essas três vozes têm a nos dizer.
Por: Anna Clara Teshe
Imagem: Theatro Treze de Maio
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