Na manhã desta terça-feira (1º), servidores municipais de Santa Maria paralisaram suas atividades e se reuniram na Praça Saldanha Marinho para protestar contra a reforma da Previdência e em defesa da categoria. O movimento foi liderado pelo Sindicato dos Professores Municipais de Santa Maria (Sinprosm) e contou com ampla adesão, especialmente entre os profissionais da educação.
De acordo com a coordenadora de comunicação do Sinprosm, Celma Pietczak, a paralisação foi um ato de resistência dos servidores para garantir que seus direitos sejam mantidos diante das mudanças propostas pelo Executivo municipal.
“A paralisação é sempre uma forma do servidor mostrar que não está satisfeito. Tivemos uma adesão muito grande, com mais de 90% das escolas paralisadas e mais de 90 unidades envolvidas no movimento, mesmo com o tempo ruim. Hoje estamos preocupados com questões específicas, como a reforma da Previdência. Ainda não temos o texto da reforma, mas estamos aqui para garantir que não haja perda de direitos fundamentais, conquistados com muita luta.” – afirmou Celma.

Outro ponto levantado pelos manifestantes foi a falta de professores e estagiários nas escolas municipais. Segundo o levantamento do Sinprosm, há um déficit de 194 professores e 232 estagiários na rede municipal de ensino, o que tem gerado sobrecarga de trabalho para os profissionais e comprometido a qualidade da educação.
“No nosso caso específico das escolas, trazemos também a questão do Piso Nacional do Magistério. O reajuste anual deve ser discutido em janeiro, mas a prefeitura quer tratar disso apenas após a reforma da Previdência. Nós entendemos que um direito não pode estar atrelado ao outro. Queremos que nosso percentual de reajuste seja garantido.” – destacou Celma.
Entre os manifestantes estava Lenir Keller, professora aposentada, que reforçou a importância da mobilização também para os servidores inativos.
“A gente pensa que, quando se aposenta, vai descansar e curtir mais a vida. Mas não é assim, a luta continua. Nós, professores aposentados, temos um grupo forte no Sinprosm e estamos mobilizados, porque os direitos conquistados, no meu caso ao longo de 38 anos de trabalho, estão em risco se não nos movimentarmos.” – afirmou Lenir.

Após os discursos na praça, os manifestantes seguiram em caminhada pela Rua Venâncio Aires até o Centro Administrativo Municipal, com uma parada em frente ao Instituto de Previdência dos Servidores (Ipassp-SM). No início da tarde, a concentração ocorreu em frente à Câmara de Vereadores.
A Prefeitura de Santa Maria argumenta que a reforma da Previdência visa equilibrar as contas do município e que os sindicatos foram chamados para o diálogo desde janeiro. O procurador-geral do município, Guilherme Cortez, afirmou que ainda não há um projeto finalizado e que a discussão sobre o tema está em fase inicial. Uma reunião está agendada para o dia 14 de abril, quando o Instituto Gamma de Assessoria a Órgãos Públicos (Igam) apresentará a metodologia de trabalho para a elaboração da proposta.
Enquanto isso, os servidores prometem continuar mobilizados para garantir que seus direitos não sejam comprometidos. A paralisação de hoje é um reflexo do descontentamento da categoria e do receio de que a reforma previdenciária traga prejuízos para os trabalhadores do serviço público municipal.
Por Clara Tesche
Foto de capa por Esther Avila Schmidt