Raíssa Müller, Caroline Machado Dorneles, Juliana Proença, Jane Cristina Montiel Gobatto, Patrícia Viviane de Azevedo, Simone Andrea Meinhardt, Talia da Costa Pereira, Laís Malaguez Meyer, Leobaldina Rocha Lyrio e sua filha Diênifer Rauani Lyrio Gonçalves.
Esses são os nomes que ecoaram em nossas vozes. Essas são as mulheres que não podem mais falar por si — e, por elas, nós gritamos.
Tinham entre 14 e 54 anos. Foram mortas em nove cidades do Rio Grande do Sul, a maioria por companheiros ou ex-companheiros. O feminicídio é o desfecho brutal de um ciclo de violência que começa muito antes da morte. É quando tudo falha: o Estado, a rede de proteção, a sociedade.
A indignação nos mobiliza. Mas é a ação que transforma.
Só neste ano, o RS já contabiliza 31 feminicídios — e muitos casos sequer são reconhecidos como tal pelo Estado. Essa invisibilização também é uma forma de violência institucional.
A presidenta do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher, Fabiane Dutra, lembra que há meses o conselho vem cobrando do governo estadual o fortalecimento do Centro de Referência da Mulher e a criação de casas-abrigo. Não fomos ouvidas.
A extinção da Secretaria de Políticas para as Mulheres, no governo Sartori, deixou marcas profundas. Ela precisa ser reativada com urgência. Sem estrutura, sem orçamento, sem vontade política, nenhuma política pública resiste.
Feminicídio não é apenas caso de polícia. É uma questão política, social e cultural. Precisamos investir em prevenção nas escolas, mobilizar as comunidades, realizar campanhas permanentes, audiências públicas, envolver as Secretarias de Educação e Saúde. Tornozeleiras eletrônicas não resolvem o que só a mudança cultural pode transformar.
Em Santa Maria, temos atuado com firmeza nesse enfrentamento. A Campanha Pela Vida das Mulheres, de caráter educativo, percorre as escolas, comunidades, vilas e bairros da cidade levando informação, diálogo e conscientização para crianças e adolescentes. A educação é o caminho mais sólido para romper com o ciclo da violência antes que ele comece.
Também protocolamos um projeto de lei que institui um protocolo de enfrentamento à violência contra as mulheres no transporte coletivo. A proposta foi construída com participação popular e visa garantir segurança e dignidade para as mulheres no seu direito de ir e vir.
O programa Mulher, Viver sem Violência está sendo retomado pelo governo Lula. A Casa da Mulher Brasileira — política essencial — já está em fase de implementação em Caxias do Sul e Porto Alegre. Ainda assim, enfrentamos entraves absurdos, como a simples falta de um terreno.
É por isso que, como vereadora, mulher, petista e militante, afirmo com firmeza: a situação é grave e exige resposta à altura. Vamos cobrar o governo estadual, construir propostas nos nossos territórios e levar esse debate às ruas, às câmaras, às escolas — a todos os espaços onde a vida das mulheres possa ser protegida.
Não aceitaremos mais a naturalização da violência. Não toleraremos a omissão do Estado.
Reafirmo aqui o compromisso do nosso mandato com o enfrentamento à violência de gênero. Seguiremos denunciando, propondo e somando forças com os movimentos e com cada mulher que, ao resistir, nos fortalece.
Porque, enquanto uma de nós for silenciada, nenhuma estará segura.
E nós não vamos recuar.
Estamos juntas. Estamos em luta.
Helen Cabral
Vereadora de Santa Maria (PT)
Líder do Bloco de Oposição na Câmara Municipal
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