O mês de maio está chegando ao fim, mas a urgência de um tema tão sensível e grave como o abuso e a exploração sexual de crianças e adolescentes segue viva e pulsante em nossa realidade. Embora o dia 18 de maio seja oficialmente reconhecido como o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, essa luta não pode se encerrar em uma única data. Ao contrário: ela precisa ser lembrada, discutida e enfrentada com coragem e ação todos os dias do ano.
Como vereador, carrego a responsabilidade de ser porta-voz de causas que tocam o âmago da nossa sociedade e poucas feridas são tão profundas quanto a violência sexual contra crianças e adolescentes. Não se trata apenas de estatísticas frias. Trata-se de vidas marcadas, infâncias interrompidas, futuros comprometidos, famílias destruídas.
Dados oficiais da Fundação Abrinq, UNICEF e da Agência Brasil revelam uma realidade chocante: entre 2021 e 2023, foram registrados mais de 164 mil casos de violência sexual contra crianças e adolescentes no Brasil uma ocorrência a cada oito minutos. Somente em 2023, 63.430 novos casos foram notificados, o que representa um crescimento de 35% em relação a 2021. A maior parte dessas violências acontece dentro de casa: 67% das vítimas foram abusadas por pessoas próximas, alguém em quem elas confiavam.
E a dor não para aí. Mais de 15 mil crianças e adolescentes foram mortos de forma violenta no Brasil nos últimos três anos. Cada número desses representa uma história brutalmente interrompida por negligência, omissão ou pela ausência de políticas públicas eficazes de proteção.
No ambiente digital, os desafios são igualmente graves. A internet, que deveria ser uma aliada da educação e do desenvolvimento, tem sido usada como instrumento para a prática de crimes abomináveis. O Brasil saltou da 27ª para a 5ª posição mundial em denúncias de abuso sexual infantil online entre 2022 e 2024, segundo a Agência Brasil. Este é um sinal claro de que precisamos agir com firmeza para combater também essa nova face da violência.
Diante desse cenário devastador, reafirmo meu compromisso público e inegociável com a proteção da infância e da juventude. E esse compromisso se traduz em ações concretas, como:
- Implantação de programas municipais contínuos de conscientização nas escolas, com envolvimento de educadores, alunos e famílias;
- Capacitação de profissionais da educação, saúde e assistência social para identificar sinais de abuso e acolher as vítimas de forma humanizada;
- Criação de um núcleo especializado de atendimento psicológico e jurídico para crianças e adolescentes vítimas de violência, com suporte prolongado;
- Parcerias com as Delegacias Especializadas e o Ministério Público, aliadas a investimentos em tecnologia para rastrear e coibir crimes cometidos no ambiente digital;
- Campanhas públicas permanentes, acessíveis e comunitárias, que incentivem a denúncia, orientem sobre os canais de ajuda e promovam uma cultura de proteção.
A proteção das nossas crianças precisa estar presente em todas as esferas públicas: na saúde, na educação, na cultura, na tecnologia, na segurança. É papel do Estado, sim mas também de cada cidadão, de cada liderança comunitária, de cada instituição que se recusa a permanecer em silêncio diante da dor alheia.
O mês de maio pode estar terminando, mas a missão de proteger a infância não termina nunca. Que cada mês, cada semana, cada dia, seja uma nova oportunidade para agir, para ouvir, para prevenir, para amparar.
Como vereador, minha atuação não se limita à elaboração de leis. É também minha missão mobilizar, ouvir, sensibilizar e transformar. A causa da proteção infantil é permanente em meu mandato e será sempre prioridade.
Vamos transformar a indignação em política pública. Vamos converter o luto em luta. Vamos fazer do mês maio não um ponto final, mas um ponto de partida para um movimento contínuo e irreversível pela dignidade das nossas crianças.
Juntos, podemos e devemos proteger o que temos de mais precioso: nossas crianças. E é por elas que jamais cessarei de lutar.