Quais são os desafios enfrentados pelos secretários de agricultura da região Central?

Infraestrutura, sucessão rural, acesso ao crédito, mitigação de intempéries climáticas e sustentabilidade são algumas das demandas mais frequentes recebidas pelos secretários municipais de Agricultura da região Central do Rio Grande do Sul. Essas questões, fundamentais para o setor, contam com o suporte técnico e estratégico da Emater/RS. Recentemente, tive a oportunidade de discutir essas inquietações com secretários durante um encontro na sede da Associação dos Municípios da Região Central (AMCENTRO), em Santa Maria, que reuniu representantes dos 33 municípios da entidade, entre novos e experientes gestores.

Na ocasião, destacamos o cenário promissor da agropecuária gaúcha, com ênfase na região Central. O Rio Grande do Sul lidera a produção nacional de arroz, noz-pecã, erva-mate, mel e azeite de oliva, além de ser o segundo maior produtor de soja (por vezes terceiro), trigo, melancia e ovinos. Apesar desse potencial, o setor enfrenta desafios que exigem apoio contínuo, como a superação de adversidades climáticas e a contínua necessidade de práticas sustentáveis.

As estradas e pontes, essenciais para o escoamento da safra, demandam planejamento minucioso dos secretários. Nos últimos anos, as dificuldades climáticas intensificaram a necessidade de crédito rural para que os produtores possam quitar dívidas e investir na continuidade da produção. Outro ponto crítico é a sucessão rural: com os jovens migrando para as cidades, quem assumirá a gestão das propriedades? A mão de obra familiar é vital para a economia regional, especialmente em 173 municípios gaúchos onde mais de 50% da riqueza vem da agropecuária. Essa pauta, recorrente no trabalho dos extensionistas da Emater/RS, exige diálogo aberto entre pais e filhos para garantir uma transição bem-sucedida.

A escassez de água também preocupa. As lavouras de soja e milho têm registrado produtividades muito abaixo do potencial, e as enchentes de 2024 agravaram a situação, comprometendo o solo fértil de 2,7 milhões de hectares no estado. Diante disso, a Emater/RS tem desempenhado um papel central ao apoiar os 497 municípios gaúchos na construção de programas que fortalecem as propriedades rurais. Um exemplo é o Programa Irriga + RS, que subsidia 20% do valor de projetos de irrigação, até o limite de R$ 100 mil por beneficiário. Em outras palavras, para um investimento de até R$ 500 mil, o governo estadual contribui com R$ 100 mil – uma oportunidade única para avançar na irrigação.

Outro destaque é o Projeto Juventude do Campo em Movimento, lançado em março, com 27 mil jovens gaúchos em atividades promovidas pela Emater/RS. Além disso, a instituição oferece o intercâmbio Brasil-Canadá, em parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), como forma de capacitar e inspirar a nova geração do campo a serem produtores e grandes líderes.

Os desafios são grandes, mas os secretários de agricultura da região podem contar com a Emater/RS como parceira. Com união, resiliência e dedicação, é possível transformar os municípios da região Central em polos de prosperidade, fortalecendo a agropecuária e garantindo um futuro sustentável para o campo gaúcho.

Guilherme G. dos Santos Passamani
Engenheiro Agrônomo, doutor em Agronomia