Em um país marcado por desigualdades regionais e históricas, é lamentável que ainda testemunhemos discursos que, em vez de unir, aprofundam fraturas. A recente fala do governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL) é um exemplo gritante disso. Ao “brincar” com a ideia de separar o Sul do Brasil ele disse: Se o negócio não funcionar muito bem lá para cima, nós passamos uma trena para o lado de cá e fazemos ‘o Sul é nosso país’, né?. Ele não apenas endossou um movimento carregado de xenofobia, mas também normalizou um preconceito que há décadas marginaliza nordestinos.
A suposta “brincadeira” de Jorginho Mello ecoa o lema do movimento “O Sul é Meu País”, que há anos propaga uma narrativa de superioridade regional, frequentemente associada a ataques velados (ou explícitos) contra o Norte e o Nordeste. Não é sobre desenvolvimento ou autonomia; é sobre segregar, excluir e reforçar estereótipos de que algumas regiões “sustentam” outras. O governador catarinense não está sozinho nesse coro. Seu discurso foi aplaudido por colegas como Ratinho Jr. (PR) e Eduardo Leite (RS), ambos citados por Mello como “presidenciáveis”. A cena revela uma perversa conivência: líderes que, em vez de combater a divisão, a tratam como piada ou plataforma política.
Essa retórica não fica restrita a eventos empresariais. Ela se materializa em agressões verbais, discriminação no mercado de trabalho e até violência física contra nordestinos que migram para o Sul. Quantos já não ouviram frases como “voltem para seu país” ou “aqui não é lugar de vocês”? E não é de hoje. Em 2022, após as eleições, a imprensa alimentou estereótipos ao vincular o voto no Nordeste a “analfabetismo” e “falta de cultura” em uma narrativa abraçada por Bolsonaro e seus apoiadores. Jorginho Mello, aliás, já havia feito declarações racistas ao elogiar Pomerode por “se destacar pela cor da pele das pessoas”.
Enquanto governadores brincam com separatismo, ignoram que a riqueza do Sul foi construída com a migração de trabalhadores nordestinos, que ergueram cidades, colheram lavouras e movimentaram indústrias. O desenvolvimento regional não é mérito exclusivo de um povo, mas resultado de trocas entre todas as regiões. Precisamos lembrar: separatismo não é piada. É a negação da história, da diversidade e da própria Constituição. É um convite ao ódio que só interessa a quem lucra com a polarização. Como bem diz a hashtag que viralizou após as falas de Mello: #BrasilÉUmSó e é assim que deve permanecer. Que tal começarmos a medir nosso “desenvolvimento” não pelo PIB, mas pela capacidade de acolher?
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