O agravamento das mudanças climáticas tem gerado impactos significativos em todo o planeta. O
ano de 2023 foi oficialmente o mais quente já registrado na história, conforme dados de instituições
científicas internacionais. Esse cenário de emergência climática evidencia que nenhuma região está
imune aos efeitos do aquecimento global, incluindo cidades do interior do Rio Grande do Sul, como
Santa Maria.
Historicamente, Santa Maria não era reconhecida por apresentar temperaturas extremamente
elevadas. No entanto, nos últimos anos, tem enfrentado ondas de calor cada vez mais intensas e
prolongadas, com médias que ultrapassam os registros históricos. Essas variações climáticas estão
se tornando um desafio crescente para o cotidiano da população e para o funcionamento da cidade.
Os impactos do calor extremo vão muito além do desconforto. Altas temperaturas agravam doenças
cardiovasculares, respiratórias e renais, aumentando a demanda por atendimentos nas unidades de
saúde. Crianças, idosos, pessoas com doenças crônicas e moradores de áreas com pouca
infraestrutura são os mais vulneráveis, sofrendo de forma mais direta os efeitos desse novo padrão
climático.
Além da saúde, o calor excessivo afeta o desempenho escolar e a produtividade no trabalho,
comprometendo o bem-estar e a qualidade de vida urbana. O aumento das temperaturas também
pressiona a rede elétrica, eleva o consumo de água e intensifica problemas ambientais, como a
poluição do ar e o ressecamento do solo. Trata-se, portanto, de um fenômeno que exige respostas
integradas do poder público.
Santa Maria possui características urbanas que potencializam os efeitos do calor, como o
adensamento em áreas centrais, a carência de arborização em determinados bairros e o crescimento
desordenado de algumas regiões. Esses fatores contribuem para a formação das chamadas “ilhas de
calor”, que tornam o ambiente urbano ainda mais hostil durante os dias quentes.
Diante desse cenário, apresentei o Projeto de Lei Nº 10112/2025 que visa a urgente a criação de
uma Política Municipal de Enfrentamento ao Calor Extremo. Essa iniciativa deve atuar de
forma preventiva, com ações voltadas à mitigação de danos e à adaptação da população e dos
serviços públicos. É fundamental que o município esteja preparado para enfrentar os eventos
climáticos severos que, infelizmente, tendem a se tornar mais frequentes.
Entre as medidas que podem ser adotadas estão o aumento da arborização urbana, o incentivo à
construção de edificações sustentáveis, a criação de espaços de refúgio climático, campanhas de
conscientização e o fortalecimento das políticas de saúde pública durante os períodos de calor
intenso. O planejamento urbano deve incorporar a questão climática como eixo estratégico de
desenvolvimento.
Santa Maria precisa se antecipar aos desafios do novo regime climático. Proteger a população e
preparar a cidade para o futuro é uma responsabilidade coletiva, que depende da ação coordenada
entre poder público, instituições de pesquisa e sociedade civil. Enfrentar o calor extremo não é
apenas uma questão ambiental, mas também de saúde, de justiça social e de qualidade de vida.
Vereador Adelar Vargas – Bolinha