No último dia 2 de julho, data em que celebramos o Dia dos Heróis Brasileiros os Bombeiros , tive a oportunidade de fazer um pronunciamento emocionado na tribuna da Câmara Municipal de Santa Maria. Foi um momento de homenagem, mas também de alerta. Falei com o coração de quem reconhece o valor imensurável desses profissionais que arriscam suas vidas todos os dias para proteger a nossa. Mas também falei com a responsabilidade de um representante do povo que não pode se calar diante das graves falhas que hoje colocam em risco a segurança da nossa cidade.
Os bombeiros de Santa Maria são heróis da vida real. São homens e mulheres que, mesmo sem estrutura adequada, seguem firmes no compromisso de salvar vidas e preservar patrimônios. No entanto, não basta reconhecer o valor deles apenas com palavras. É preciso garantir condições dignas de trabalho, equipamentos modernos e efetivo suficiente. E é justamente isso que estamos cobrando.
Em meu pronunciamento, fiz questão de lembrar a tragédia da Boate Kiss. Em 27 de janeiro de 2013, 242 vidas foram ceifadas e mais de 600 pessoas ficaram feridas. Foi uma noite que marcou para sempre Santa Maria, o Rio Grande do Sul e o Brasil. Essa tragédia não pode cair no esquecimento. Ela nos impõe uma responsabilidade coletiva: aprender, agir e prevenir para que jamais se repita. E a pergunta que faço é direta: o que efetivamente aprendemos desde então?
Infelizmente, a realidade atual mostra que ainda estamos longe do ideal. Um exemplo claro é a ausência de um caminhão com escada magirus em Santa Maria. Esse equipamento é vital para operações de resgate e combate a incêndios em prédios de múltiplos andares e a nossa cidade está crescendo verticalmente a cada dia. Hoje, apenas Porto Alegre e Caxias do Sul contam com esse tipo de viatura. Como poderemos resgatar alguém preso em um andar alto, caso haja um incêndio, sem essa estrutura?
Outro ponto crítico é o quartel do bairro Parque Pinheiro Machado, que permanece inoperante. Essa unidade é essencial para o atendimento da zona oeste da cidade, e sua inatividade compromete diretamente o tempo de resposta dos bombeiros. Atualmente, apenas dois dos três quartéis da cidade estão em funcionamento pleno: o do Centro e o de Camobi. Isso não é aceitável em uma cidade com a importância e o porte de Santa Maria.
Também enfrentamos um déficit de efetivo grave. Faltam 56 bombeiros para atender não apenas Santa Maria, mas toda a região central do estado mais de 40 municípios. Isso significa uma sobrecarga imensa para os que estão na ativa, que, mesmo com dedicação e coragem, estão trabalhando no limite, muitas vezes sem as mínimas condições de segurança.
Quero deixar claro que meu objetivo não é apontar culpados, mas buscar soluções. Apoio integralmente a comissão especial da Câmara Municipal que criamos com os colegas vereadores Adelar Vargas, Coronel Vargas e Tony Oliveira. Juntos, estamos articulando alternativas viáveis e urgentes para reestruturar o Corpo de Bombeiros em Santa Maria.
No mesmo dia 2 de julho, tivemos duas reuniões fundamentais: uma delas na sede da CACISM, com diversas entidades debatendo os desafios da corporação. À tarde, o prefeito Rodrigo Décimo recebeu o comandante do 4º Batalhão de Bombeiros, tenente-coronel Carlos Rodrigo de Oliveira Netto, e o subcomandante coronel José Carlos Sallet. Discutimos a possibilidade de adquirir um caminhão com escada magirus utilizando recursos do Funrebon (Fundo de Reequipamento do Corpo de Bombeiros), que hoje tem cerca de R$ 1,8 milhão disponíveis.
Reafirmo aqui meu compromisso com a segurança pública de Santa Maria. Quero ver nossa cidade crescer, se desenvolver e prosperar mas com responsabilidade, planejamento e investimentos em áreas vitais como a segurança e o atendimento emergencial. O desenvolvimento urbano precisa caminhar lado a lado com a estrutura de proteção à vida.
Minha mensagem ao Governo do Estado é clara: não podemos mais aceitar que a cidade continue refém da burocracia enquanto o risco aumenta a cada dia. Isso não é apenas uma questão de gestão, mas de respeito à vida, à memória das vítimas da Boate Kiss e à dignidade dos profissionais que arriscam tudo para nos proteger.
Estamos falando de vidas. De prevenção. De dignidade. Nossos bombeiros não precisam de capas: precisam de equipamentos, efetivo e condições reais para cumprir sua missão. A população exige isso – e nós, representantes públicos, temos o dever de agir com urgência.
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Sou Coronel Sallet, comandante regional de Bombeiros. Gostaria da oportunidade de um contraponto às declarações do nobre edil.