Por Vereador Rudys
Nas últimas semanas, Santa Maria foi colocada diante de uma dura e alarmante realidade. Segundo o mais recente Anuário Brasileiro de Segurança Pública, nosso município figura entre as 50 cidades mais violentas do Brasil em relação aos casos de estupro, ocupando a 34ª posição, com uma taxa de 68,7 casos para cada 100 mil habitantes.
Esse número não é apenas uma estatística fria. É um grito. É dor. É trauma. São vidas despedaçadas. São mulheres e muitas vezes meninas que tiveram sua dignidade violada da forma mais brutal possível. Esse dado revela um problema estrutural, cultural e histórico, que insiste em se perpetuar e que precisa ser enfrentado com seriedade e urgência.
O que mais nos assusta é que a maioria desses crimes não é cometida por desconhecidos. Não são agressores encapuzados em becos escuros, como muitos imaginam. São maridos. Ex-companheiros. Pais. Colegas. Pessoas do convívio das vítimas, que deveriam protegê-las e não feri-las.
De janeiro a agosto deste ano, 20 inquéritos por estupro foram abertos em Santa Maria. Ainda que esse número represente uma leve redução em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram 34, está longe de ser aceitável. E sabemos que a subnotificação é gigantesca: para cada denúncia feita, ao menos quatro casos permanecem invisíveis — sufocados por medo, vergonha, dependência emocional ou ausência de acolhimento.
Esse silêncio que se impõe às vítimas é, muitas vezes, tão cruel quanto a própria violência. E ele só beneficia os agressores. Por isso, romper esse ciclo é uma missão coletiva e inadiável.
Desde o início do meu mandato, faço da defesa dos direitos das mulheres uma das principais causas que norteiam meu trabalho. Não se trata apenas de uma pauta política ou institucional. Trata-se de uma convicção ética, humana e social.
Foi com esse compromisso que apresentei e tive a honra de ver aprovada a Lei nº 6.707/2022, que tornou obrigatória a fixação de placas com o número do Disque Denúncia 180 em todos os banheiros femininos de bares, casas noturnas, restaurantes e estabelecimentos similares em Santa Maria. Essa lei é fruto do diálogo direto com as mulheres da cidade, e representa uma ação concreta para ampliar o acesso à informação e aos canais de ajuda.
Mas é preciso ir além das leis. É necessário garantir orçamento, estrutura, formação e uma escuta humanizada às vítimas. Precisamos fortalecer as instituições que, mesmo com recursos limitados, fazem um trabalho essencial: a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM), a Patrulha Maria da Penha, os Centros de Referência da Mulher e tantas outras iniciativas que acolhem, orientam e lutam diariamente contra essa realidade.
A todas as profissionais envolvidas nessa luta delegadas, psicólogas, assistentes sociais, educadoras, ativistas , expresso aqui meu profundo respeito e gratidão. Vocês são pilares dessa resistência.
Ainda assim, essa responsabilidade não pode recair apenas sobre elas. Trata-se de um compromisso coletivo. Por isso, lanço este chamado: à Câmara Municipal, ao Executivo, às escolas, universidades, igrejas, lideranças comunitárias, empresas e famílias. Todos temos o dever de construir uma cidade segura e justa para as mulheres. Uma cidade que promova respeito, liberdade e dignidade.
É urgente falar sobre consentimento, sobre direitos, sobre igualdade. Precisamos educar desde cedo e garantir que as mulheres que decidirem denunciar encontrem acolhimento, proteção e justiça.
Enquanto houver uma mulher sendo violentada em Santa Maria, nenhuma de nós homens ou mulheres poderá se considerar verdadeiramente segura. O combate à violência sexual deve estar no centro das políticas públicas, da educação, da cultura e das relações sociais.
Meu gabinete permanece de portas abertas, disposto a ouvir, propor, construir e executar ações concretas em defesa das mulheres da nossa cidade. Essa será sempre uma das lutas mais urgentes, inadiáveis e inegociáveis do nosso mandato.
Santa Maria não pode naturalizar estatísticas que envergonham e machucam. A resposta precisa ser firme, clara e corajosa. E ela começa com cada um de nós.
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