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Santa Maria no ranking das piores cidades para ser mulher no Brasil: o que isso tem a nos dizer?

Em outubro de 2024, o estudo “Piores Cidades Para Ser Mulher”, elaborado pela Tewá 225, lançou luz sobre uma realidade que, para muitas de nós, já era sentida no cotidiano: a desigualdade de gênero ainda é estrutural nas cidades brasileiras. Entre os 319 municípios com mais de 100 mil habitantes avaliados, Santa Maria figura entre aqueles classificados com desempenho muito baixo no Índice do ODS 5, que mede o avanço na igualdade de gênero. Isso significa que estamos entre as piores cidades do Brasil para se viver sendo mulher.

 A pontuação de Santa Maria é uma combinação perversa de fatores: feminicídios acima do limite tolerável, baixa representatividade de mulheres na política, desigualdade salarial, e uma grande parcela de jovens mulheres que não estudam nem trabalham (fora de casa).Os dados revelam que 306 dos 319 municípios brasileiros avaliados não atingem sequer o mínimo de 30% de mulheres nas câmaras municipais. Santa Maria não escapa desse padrão de invisibilidade política feminina, já que em nosso parlamento apenas 3 das 21 vagas são preenchidas por mulheres. 

A ausência feminina nos espaços de poder impacta diretamente a criação de políticas públicas para nós. Não se trata de mera simbologia: onde não há mulheres decidindo, há menos políticas de proteção contra a violência, menos investimento em saúde da mulher, menos atenção à maternidade, à creche e ao direito à cidade. Além disso, o estudo mostra que 99% das cidades analisadas têm taxas de feminicídio acima do tolerável, e Santa Maria está nesse número. A cada mulher assassinada por ser mulher, o Estado falha. Falha em prevenir, proteger, punir. E falha, principalmente, quando se cala.

Essa luta não é apenas das mulheres que ocupam uma cadeira no parlamento. É uma luta coletiva.  O estudo da Tewá nos oferece evidências; agora, precisamos transformar esses dados em movimento. A desigualdade de gênero não é uma exceção, ainda é regra. Ela está na cidade, no bairro, no transporte, no posto de saúde, no mercado de trabalho, no sistema de justiça. Santa Maria precisa mudar. E essa mudança começa ao reconhecer, com coragem, onde estamos. Não há igualdade sem enfrentamento. Não há justiça sem ação. E não há democracia real sem a plena inclusão das mulheres na vida política, econômica e social da cidade.

Redação enFoco

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