- Sessão esvaziada na Câmara
Na tarde desta quinta-feira (29), a Câmara de Vereadores de Santa Maria virou notícia não por aquilo que fez, mas pelo que deixou de fazer. Com apenas dez parlamentares presentes em plenário, a sessão ordinária precisou ser suspensa, sem votar um único projeto sequer. O Regimento Interno é claro, são necessários ao menos 11 vereadores para deliberação.
Dos 21 vereadores, 11 estavam ausentes. Seis em viagem autorizada, quatro em atestado médico e um de licença. Tudo isso é previsto em regimento, mas o efeito prático foi o constrangimento político e institucional, já que o Legislativo parou neste dia.
A falta de quórum impediu a análise do Projeto de Lei 9979/2025, que trata da amortização do déficit previdenciário do Município, um rombo superior a R$ 4,2 bilhões. A matéria chegou em regime de urgência e, pelo que se apurou, havia intenção de votá-la com velocidade. Ficou para depois.
Nos bastidores, também é comentado que o esvaziamento também teve outro motivo. Comenta-se que alguns vereadores preferiram não aparecer para evitar o desgaste de votar a Moção de Repúdio, de autoria do vereador Tubias Callil (PL), contra a Corsan. O texto critica duramente os serviços prestados pela companhia em Santa Maria, incluindo problemas no abastecimento de água, esgoto, fiscalização e cobrança.
Votar a favor da moção significaria se indispor com a Corsan, que vive momento de trégua com parte da Câmara. Votar contra seria, aos olhos da população, fechar os olhos para falhas que afetam o dia a dia dos moradores.
- Leite e Pimenta reeditam duelo com tom de campanha
A pressão dos produtores pela renegociação das dívidas rurais acendeu mais uma fagulha na disputa entre o governador Eduardo Leite (PSDB) e o deputado federal Paulo Pimenta (PT). Na quarta-feira (28), Leite sugeriu usar recursos do Funrigs para subsidiar os juros e destravar as renegociações. Pouco depois, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro (PSD-MT), anunciou a prorrogação dos débitos, e Pimenta, que foi ministro da Reconstrução, gravou vídeo acusando Leite de oportunismo, chamando-o de “vidente esperto” e dizendo que o governador tentava “emprestar um dinheiro que já é nosso”.
Leite respondeu em vídeo e aumentou o tom: reclamou da demora de Brasília, acusou o governo federal de desrespeitar o RS e, sem citar nomes, chamou Pimenta de “suposta liderança do governo federal”. A rusga escancarou a tensão pré-eleitoral: enquanto Leite sonha com a Presidência e tenta pavimentar a candidatura de Gabriel Souza ao Piratini, Pimenta busca manter protagonismo no Estado, com olhos no governo ou no Senado, como cabo eleitoral de Lula (PT).
No centro do embate está um recurso que, na prática, não pertence nem ao Estado nem à União: o Funrigs corresponde a parcelas da dívida estadual suspensas temporariamente para fins de reconstrução. A verba virou munição política numa guerra de narrativas que antecipa 2026, e que se trava cada vez mais por vídeos em redes sociais do que por gestos concretos de reconstrução.
- Persona non grata, vinho e hienas no PL de Caxias
O vereador Sandro Fantinel (PL) afirmou nesta quinta-feira (29), da tribuna da Câmara de Caxias, que foi classificado como “persona non grata” por membros nacionais do seu partido durante viagem a Brasília. O motivo? Segundo ele, o fato de não adotar uma postura de confronto com prefeitos e secretários municipais. “O PL é ideológico, tem que atacar”, teria ouvido como justificativa. Fantinel mantém uma relação de respeito com o prefeito Adiló (PSDB) desde o episódio das declarações sobre os baianos, quando não foi isolado pelo chefe do Executivo.
A revelação escancarou os ruídos internos no partido, em Caxias e no país, e gerou solidariedade do colega de bancada Hiago Morandi (PL), que comparou disputas internas partidárias a hienas “que atacam em bando”. Morandi, aliás, tem sua própria cota de atritos com o presidente local da sigla, Maurício Scalco. Fantinel também reagiu a críticas sobre gastos com vereadores e CCs, lançando frases que irritaram os servidores em greve: disse que muitos comissionados são necessários porque “nem todos os servidores cumprem suas tarefas” e sugeriu que metade dos servidores passasse por nova prova.
Para completar a turbulência, o vereador teve de responder aos comentários provocados por uma foto sua, tomando vinho em Brasília ao lado do secretário de Saúde, Geraldo Freitas, e de Mauro Pereira. A imagem, segundo Fantinel, rendeu piadas maldosas sobre uso de dinheiro público. “O vinho custou R$ 38”, rebateu. O parlamentar foi à capital atrás de recursos para áreas como saúde e agricultura, mas voltou com dor de cabeça, causada não pelo vinho, e sim pelas rusgas internas do seu próprio partido.
- PIB cresce 1,4% e coloca Brasil à frente de EUA, Europa e G7
O desempenho da economia brasileira no primeiro trimestre de 2025 surpreendeu. De acordo com o IBGE, o Produto Interno Bruto (PIB) do país cresceu 1,4% em relação aos três últimos meses do ano passado. É o maior avanço entre os países da OCDE, da União Europeia e do G7, grupo que reúne as sete maiores economias do mundo.
Impulsionado principalmente pelo agronegócio, o crescimento brasileiro superou o da zona do euro (0,3%), da média da OCDE (0,1%) e também dos Estados Unidos, que registraram leve retração de 0,1%. A China, por outro lado, segue em ritmo próprio, com alta de 5,4% no período.
Nos EUA, o recuo está relacionado a um aumento abrupto das importações, provocado pelas novas tarifas comerciais implementadas pelo governo Donald Trump. Empresas americanas anteciparam compras externas temendo alta de preços no segundo semestre. Essa corrida por estoques, ainda que pontual, afetou a balança e impactou o crescimento.
A China, por sua vez, também se beneficiou da tensão tarifária. Com exportações em alta, reforçou seu desempenho num momento de instabilidade global. Ainda que em contextos distintos, tanto o Brasil quanto a China colheram frutos indiretos da guerra comercial entre as duas maiores potências do mundo.
Apesar do resultado positivo, o cenário brasileiro ainda pede cautela. O crescimento permanece concentrado em setores primários, com pouco avanço na indústria e nos serviços de alto valor agregado. Além disso, a falta de uma estratégia de desenvolvimento de longo prazo segue sendo um entrave para transformar bons trimestres em ciclos sustentáveis de expansão.
O desafio agora é aproveitar o bom momento para pavimentar um crescimento mais equilibrado, que vá além da força do campo e se sustente também na inovação, na indústria e nos investimentos estruturantes. Crescer é importante. Mas saber para onde se quer ir é essencial.
- BRDE leva PPP da iluminação ao Litoral em meio à expansão imobiliária
O Litoral Norte, cada vez mais consolidado como destino de investimentos da construção civil, deve ganhar novo fôlego com a modelagem de uma parceria público-privada (PPP) em Capão da Canoa. Nesta sexta-feira (30), o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) assina termo de cooperação com a prefeitura para estruturar o projeto de modernização da iluminação pública, com substituição de 12 mil luminárias por lâmpadas LED, cobrindo desde Atlântida até Curumim.
A iniciativa segue modelo já aplicado pelo BRDE em cidades como Sapiranga, Santa Maria e, mais recentemente, Tramandaí. A expectativa é de que o leilão para concessão ocorra na B3, em São Paulo, dentro de dois anos. O presidente do banco, Ranolfo Vieira Júnior, destaca que a qualificação da iluminação vai além da economia: envolve segurança e sustentabilidade para uma região que dobra a população no verão e se torna polo turístico e residencial.
O avanço das PPPs, no entanto, encontra limitações: municípios com menos de 10 mil pontos de luz dificilmente conseguem atrair investidores privados, o que pode deixar parte da região de fora da atual onda de modernização. Para Capão da Canoa, no entanto, a parceria surge em um momento estratégico, impulsionando o mercado imobiliário e sinalizando uma gestão mais atrativa para negócios, com infraestrutura como vitrine.
- Vereador manda prender visitante após discussão no plenário
A sessão da Câmara de Novo Hamburgo que votaria um projeto de permuta de terrenos no bairro Canudos terminou em confusão, nesta quarta-feira (28). O vereador Juliano Souto (PL) deu voz de prisão ao assessor parlamentar e líder comunitário Diego Corrêa, que acompanhava a reunião na plateia. A discussão começou após Souto criticar a baixa presença de público e foi rebatido por Corrêa, que atribuiu o esvaziamento à mudança de horário das sessões. O tom subiu até o momento em que o assessor teria mandado o parlamentar “calar a boca”, o que motivou a intervenção da Guarda Municipal e a retirada do visitante do plenário.
A ação de Souto foi duramente criticada por colegas. Enio Brizola (PT) lembrou que o vereador não tem autoridade para efetuar prisões, e a vereadora Professora Luciana Martins (PT) chegou a solicitar que o parlamentar fosse revistado, sob suspeita de estar armado. A sessão foi suspensa, e o caso registrado na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA).
Do ponto de vista legal, o episódio levanta dúvidas sobre a configuração do crime de desacato, previsto no artigo 331 do Código Penal, aplicável a ofensas a funcionários públicos no exercício da função. Embora vereadores sejam abrangidos por essa definição, a jurisprudência costuma analisar o contexto com cautela, especialmente em espaços de debate público. O caso segue em apuração.
- PSB resiste a federação com PT para 2026 e PDT também não vê caminho
O PSB resiste à ideia de formar uma federação partidária com o PT para as eleições de 2026, principalmente por divergências em São Paulo, onde parte do partido quer se consolidar como uma alternativa moderada de esquerda. A federação exigiria apoio conjunto aos mesmos candidatos por quatro anos. O PDT também não vê viabilidade na proposta, com o principal entrave no Ceará, onde a legenda deve se opor ao governador petista e cogita nova candidatura de Ciro Gomes. Atualmente, o PT é federado ao PCdoB e ao PV.
- Com lista exclusiva de mulheres, TSE pressiona Lula a indicar ministra
A presidente do TSE, ministra Cármen Lúcia, enviou ao STF uma lista tríplice com apenas mulheres para obrigar o presidente Lula a indicar uma ministra para o Tribunal Superior Eleitoral. A lista inclui Cristina Maria Gama Neves da Silva, Estela Aranha e Vera Lúcia Araújo, garantindo assim a presença feminina na Corte durante as eleições de 2026. Como o presidente é obrigado a escolher entre os nomes da lista, não terá outra opção senão nomear uma mulher. Essa estratégia já foi usada em 2021 por Barroso para garantir uma indicação feminina na gestão de Jair Bolsonaro. Nesta quarta (28), o STF vota duas listas tríplices: uma exclusivamente feminina e outra com nomes masculinos, forçando Lula a decidir quem será reconduzido e quem será substituído por uma mulher.