Em uma sessão marcada por tensão entre governo e oposição, a Câmara de Vereadores de Santa Maria aprovou, no início da manhã desta quarta-feira (14), o projeto que prevê um subsídio de R$ 4 milhões ao sistema de transporte público do município.
A proposta do Executivo foi protocolada na tarde de terça-feira (13) e teve tramitação rápida, recebendo parecer favorável da Procuradoria Jurídica e aprovação em comissões antes de ir a plenário.
Resultado da votação
- 12 votos a favor
- 8 votos contra
- A vereadora Marina Callegaro (PT) se manifestou contrária na tribuna, mas deixou a sessão antes da votação.
Justificativas do governo
Segundo a base governista, o subsídio é necessário para evitar novas paralisações no transporte, como a ocorrida em 5 de maio, quando motoristas da Expresso Medianeira suspenderam o serviço por mais de quatro horas.
O líder do governo, vereador Givago Ribeiro (PSDB), afirmou que não há alternativa viável no momento além do subsídio. A Associação dos Transportadores Urbanos (ATU) argumenta que as empresas acumulam um prejuízo de R$ 7 milhões desde janeiro e que, sem aporte da prefeitura, não há como conceder reajuste salarial aos trabalhadores.
Críticas da oposição
Parlamentares da oposição não se posicionaram contra o subsídio em si, mas sim contra a forma como o projeto foi conduzido. As críticas se concentraram na falta de tempo para análise da proposta, ausência de contrapartidas sociais e na alegada desorganização do processo.
A vereadora Helen Cabral (PT) apontou que, mesmo com o subsídio prometido, ele não vinha sendo repassado, fazendo com que a diferença entre a tarifa técnica (R$ 6,85) e o valor pago pelos usuários (R$ 5) estivesse sendo coberta pelas empresas e pelos trabalhadores.
Tubias Callil (PL) declarou que o projeto não foi apresentado de maneira responsável: “Ninguém é contra o subsídio, mas tem de vir organizado, não bagunçado.”
Clima político e bastidores
A sessão teve discussões intensas nos microfones e nos bastidores, com diversas interrupções. Marcelo Bisogno (União Brasil), que votou a favor do projeto, criticou colegas por posturas consideradas incoerentes e por “demagogia”. Segundo ele, houve tentativas de jogar parte dos vereadores “para a jaula dos leões” em pautas polêmicas, e defendeu uma atuação mais transparente dentro da Casa.
Votaram a favor do projeto
- Adelar Vargas (Bolinha – MDB)
- Admar Pozzobom (PSDB)
- Alexandre Vargas (Republicanos)
- Givago Ribeiro (PSDB)
- Guilherme Badke (Republicanos)
- João Ricardo Vargas (Coronel Vargas – PL)
- Lorenzo Pichinin (PSDB)
- Luiz Carlos Fort (Progressistas)
- Marcelo Bisogno (União Brasil)
- Rudys Rodrigues (MDB)
- Sérgio Cechin (Progressistas)
- Tony Oliveira (Podemos)
Votaram contra o projeto
- Alice Carvalho (PSOL)
- Helen Cabral (PT)
- Luiz Fernando Cuozzo Lemos (PDT)
- Luiz Roberto Meneghetti (NOVO)
- Sidi Cardoso (PT)
- Tubias Callil (PL)
- Valdir Oliveira (PT)
- Werner Rempel (PCdoB)
Pontos relevantes
- A aprovação ocorreu em tempo recorde, menos de 24 horas após o protocolo do projeto.
- A ATU considera o valor aprovado insuficiente para cobrir os déficits do sistema.
- O debate revela um embate não sobre o mérito do subsídio, mas sobre a condução política e administrativa da proposta.