Setembro desabrocha, e com ele a primavera derrama seu manto sobre o hemisfério sul. Este é o mês que se veste de vida, um tempo de cores que pintam a paisagem e de flores que perfumam não apenas o ar, mas também a alma. E, por que não, um tempo de amores? Afinal, como nos ensinou o poeta Cartola, “as rosas não falam, mas simplesmente exalam o perfume que roubam de ti”.
No coração deste mês vibrante, duas datas de profunda humanidade nos convidam à reflexão. Ambas pulsam no ritmo da vida: o Dia Nacional da Doação de Órgãos e o Dia Mundial da Prevenção ao Suicídio. São faces da mesma moeda, faces de altruísmo, de uma busca incessante pela plenitude e pelo amor que nos conecta.
A primeira, a doação, é uma semente que ainda precisa florescer em solo fértil em nosso país para gerar todos os frutos que pode. Embora o Brasil possua uma das maiores redes de transplantes do mundo — um balé de campanhas, captação, transporte e cirurgias que atravessa o território nacional —, a espera ainda é longa para muitos. Na fila por um recomeço, aguardam por um gesto de um familiar, de um desconhecido, de um doador que partiu ou que ainda vive. Ser doador é a mais pura tradução do amor em ato. É a promessa de que uma vida pode florescer a partir de outra. Doe órgãos, semeie vidas.
A segunda data nos aproxima de uma das mais delicadas dores humanas. Uma dor que ecoa no paciente, reverbera nos amigos e se eterniza na família. Ficam as memórias, o carinho, as lembranças e um vazio que o tempo luta para suavizar. Todos nós enfrentamos invernos na alma, momentos em que a escuridão parece definitiva. É nessas horas que a coragem reside em buscar ajuda: um médico, um vizinho, um familiar, um amigo. Se uma mão se estende em sua direção, segure-a. Se você vir uma mão hesitando, estenda a sua e não a solte. A primavera é sobre florescer, e florescer, por vezes, é um ato conjunto. Segure firme essa mão e permita-se brotar novamente. A felicidade é um direito de todos.
A melodia do R.E.M. (e não do Red Hot Chili Peppers) ecoa essa verdade universal em “Everybody Hurts”:
“Quando seu dia é longo
E a noite, a noite é somente sua
Quando você tem certeza que já se cansou desta vida
Bem, aguente firme…
Não se abandone
Porque todo mundo chora
E todo mundo se machuca, às vezes…”
A canção é um lembrete de que a dor é uma experiência compartilhada e que a solidão pode ser uma ilusão. Ela nos pede para aguentar, para encontrar consolo nos amigos, para não desistir. “Você não está sozinho.”
Mas, ao final, talvez a sabedoria mais profunda retorne à simplicidade da natureza. Fiquemos com Cartola, pois, de fato, as rosas não falam. Elas simplesmente florescem, vivem e oferecem sua essência, nos lembrando que a vida, em seus gestos mais silenciosos, guarda a mais poderosa das mensagens.
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