Eu fico muito satisfeita pelo fato de que cinco meses após o começo do ano, o Prefeito
Rodrigo Décimo finalmente tenha ido até a Câmara de Vereadores, não mais para ser
empossado ou para prestigiar a entrega de títulos de benemerência, mas para expôr às
vereadoras e aos vereadores, e sobretudo ao povo de Santa Maria, a situação na qual se
encontra o Município de Santa Maria. Digo isso, inclusive, porque se nós não tivéssemos a
oportunidade de ouvir o Prefeito na sessão extraordinária especial da última quinta-feira
(15/05), nos restaria apenas recorrer aos jornais, aos sites e páginas de notícia da internet,
ou então ao que se vê pelas ruas da cidade.
Nesse caso, tudo o que saberíamos sobre os primeiros meses, quase meio ano de novo
governo, é que praticamente nada mudou, a não ser o rombo de quase 100 milhões no
orçamento. A farra da Corsan/Aegea, com péssimos serviços oferecidos, e uma verdadeira
indústria de multas contra os consumidores segue a todo vapor, inclusive tem prosperado
sem que nenhuma medida mais efetiva tenha sido tomada por quem tem a prerrogativa de
interceder pela população, a Prefeitura de Santa Maria. A licitação do transporte ainda é
uma lenda urbana, e enquanto isso, se aprova, em uma sessão que atravessou a
madrugada, mais um subsídio que não prevê contrapartidas, mas a partir do qual se antevê
que a crise que já levou os trabalhadores rodoviários a uma paralisação, está longe de ser
encerrada. Também não houve, nenhuma mudança no serviço oferecido pela ATU aos
usuários dos nossos ônibus, continua tão precário quanto antes.
No que diz respeito aos serviços públicos municipais, há uma meia novidade. Digo meia,
porque se até o ano passado, ano eleitoral, é bom recordar, muito se falava sobre possíveis
reformas previdenciária e administrativas, o governo dizia que não passavam de boatos,
mentiras. Hoje, porém, embora afirme que não há nenhum projeto acabado, já se admite
que o tal remédio amargo virá, e mais uma vez será o funcionalismo quem terá que se
submeter a esse tratamento de choque para sanar as contas públicas.
Mas como disse inicialmente, tivemos a chance de, finalmente, ouvir o próprio Prefeito
Rodrigo Décimo para que tenhamos a versão oficial desse conjunto de informações sobre o
estado atual do nosso Município. Assim sendo, só nos resta crer, ainda que fosse a nossa
intenção pensar o contrário, que todas as notícias de jornais, sites e páginas de notícia
trazem um retrato fidedigno da situação que enfrentamos.
Já seria difícil justificar essa situação se estivéssemos diante de um novo governo, mas a
verdade é que a atual gestão sequer tem esse atenuante. Porque como já dissemos em
outra oportunidade, na verdade, ao contrário do que se dizia naquela cerimônia de
comemoração feira pela Prefeitura no mês passado, não eram cem dias de governo, eram
oito anos e cem dias de governo Décimo e de PSDB, e se a realidade hoje é dura de ser
encarada, é porque definitivamente não há um legado a ser reivindicado. Talvez, a maior
para não dizer a única herança deixada depois de tantos anos, seja esse rombo de quase
100 milhões de reais no orçamento do Município. Não deixa de ser uma ironia vindo de um
grupo que sempre pensou a administração pública como a gestão de uma grande empresa.
Nos pouco mais de vinte minutos em que falou na tribuna da Câmara, o Prefeito Rodrigo
Décimo falou sobre os principais “feitos” da sua administração até o momento. Porém não
foi capaz de dar respostas para os problemas que listamos acima. Infelizmente, o regimento
da Câmara não prevê a intervenção dos vereadores e das vereadoras após a fala do
Prefeito, porque ,se permitisse, nós teríamos a chance de fazer esses apontamentos
diretamente para ele.
