As terras raras ganharam destaque mundial diante do interesse dos Estados Unidos nas reservas do Brasil, China, Ucrânia e Groenlândia, devido à sua importância econômica para tecnologias avançadas, como chips, motores elétricos e turbinas eólicas. Apesar do nome, esses elementos não são escassos, mas sua concentração em depósitos economicamente viáveis é rara. O Brasil detém a segunda maior reserva global, com cerca de 21 milhões de toneladas, principalmente distribuídas em todas as regiões do país.
No Rio Grande do Sul, a região de Caçapava do Sul se destaca pela alta concentração de terras raras em rochas carbonatíticas, foco de um estudo conjunto da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Universidade do Pampa (Unipampa). Pesquisas financiadas pelo CNPq buscam mapear essas reservas estratégicas, com resultados que indicam concentrações de elementos até nove vezes maiores que em outras regiões do Brasil.
A produção nacional enfrenta desafios técnicos e estruturais para avançar da extração à refino, tecnologia dominada pela China, que detém quase metade das reservas globais e o monopólio do processamento. Além dos entraves regulatórios e ambientais, faltam políticas públicas de incentivo para consolidar a cadeia produtiva no país, que hoje exporta a matéria-prima quase que em estado bruto.
O projeto interdisciplinar que envolve UFSM, UFRGS e Unipampa analisa solos, vegetação e rochas para identificar a distribuição e viabilidade da extração dos elementos terras raras. A pesquisa já aponta para um potencial significativo em Caçapava do Sul, abrindo caminho para que o Brasil desenvolva uma indústria estratégica de alta tecnologia, fundamental para o futuro econômico e tecnológico nacional.
Foto: divulgação UFSM
