Transplante de membrana amniótica no SUS: Um novo caminho para a recuperação de queimados

Por Reinaldo Guidolin

O Brasil está prestes a dar um passo crucial para salvar a vida de milhares de pacientes com queimaduras graves. Até o dia 2 de abril, está aberta uma consulta pública que pode viabilizar a inclusão do transplante de membrana amniótica no Sistema Único de Saúde (SUS). Esse tratamento inovador acelera a cicatrização, reduz o risco de infecções e diminui a dor, aumentando significativamente as chances de recuperação dos pacientes queimados.

A participação da sociedade nesse debate é essencial. Para contribuir, basta fazer login na Plataforma GOV.BR, acessar o link bit.ly/transplantedemembrana e enviar considerações, estudos, imagens de pacientes e outras informações que reforcem a importância da implementação desse procedimento no Brasil.

A membrana amniótica, tecido que reveste a placenta, é amplamente utilizada na medicina regenerativa e tem se mostrado fundamental no tratamento de queimaduras e outras lesões graves. A incorporação desse transplante ao SUS representaria um avanço significativo, aprimorando o tratamento de queimaduras, reduzindo custos hospitalares, minimizando riscos de infecção e proporcionando uma recuperação mais rápida e menos dolorosa para os pacientes.

Especialistas vêm lutando pela regulamentação desse procedimento, que está em análise na Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) desde 2021, após sua autorização pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).

A iniciativa é liderada pelo Banco de Tecido Humano-Pele Dr. Roberto Corrêa Chem, presidido pelo cirurgião plástico Dr. Eduardo Chem. Instalado na Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, o banco faz parte da Fundação Gaúcha dos Bancos Sociais da FIERGS e desempenha um papel essencial na captação, processamento, preservação e disponibilização de lâminas de pele alógena para transplantes. Seu trabalho tem sido decisivo na recuperação de pacientes com queimaduras graves, contribuindo para a redução da dor, do risco de infecção e do tempo de hospitalização. Pioneiro no Brasil e terceiro na América Latina, o Banco de Pele já expandiu sua atuação para outros estados brasileiros.

Para o diretor superintendente da Fundação Gaúcha dos Bancos Sociais da FIERGS, Paulo Renê Bernhard, a adoção do transplante de membrana amniótica no SUS é uma medida fundamental. “A aprovação desse procedimento pela Conitec é de extrema importância, pois trará benefícios a milhares de vítimas de queimaduras em todo o país”, afirma.

A tragédia da Boate Kiss, ocorrida em 2013 em Santa Maria (RS), deixou centenas de feridos, muitos deles com queimaduras severas que exigiram tratamentos complexos e prolongados. A adoção do transplante de membrana amniótica no SUS poderia representar uma nova esperança para vítimas de tragédias como essa, oferecendo um tratamento mais eficiente e humanizado. O avanço dessa tecnologia no sistema público de saúde pode significar uma reabilitação mais rápida e menos dolorosa para sobreviventes de grandes incêndios, garantindo maior qualidade de vida e reduzindo as sequelas deixadas por estes eventos devastadores.

Diante dessa oportunidade de progresso na medicina regenerativa, a participação da sociedade na consulta pública é essencial. O engajamento popular pode fazer a diferença na vida de milhares de pacientes que aguardam avanços no tratamento de queimaduras no Brasil.