Por Valdir Oliveira
Na manhã da última terça-feira (15), conduzi, como vice-presidente da Comissão Permanente de Saúde e Meio Ambiente da Câmara Municipal de Santa Maria, uma importante reunião no Plenarinho da Casa Legislativa. O tema em pauta foi o preocupante avanço dos casos de tuberculose em Santa Maria — uma realidade silenciosa, mas que tem causado impactos graves na saúde pública local.
Ao final da reunião, propus e defendi a criação de uma subcomissão para fiscalizar de perto essa situação. Por compreender a urgência dessa pauta e a responsabilidade que temos com a saúde da população, assumi a presidência dessa nova subcomissão. Não podemos tratar esse problema como algo menor — ele exige ação imediata e firme.
Durante a reunião, ouvimos a enfermeira Letícia Mota, responsável pelo setor de Tuberculose da Secretaria Municipal de Saúde. Ela nos trouxe dados que acendem um alerta. Segundo Letícia, 124 pessoas estavam em tratamento ativo no município. E mais: dos 343 testes rápidos realizados nos primeiros quatro meses do ano, 65 foram positivos. Isso demonstra uma taxa de positividade elevada e, ao mesmo tempo, uma quantidade de testagens muito abaixo do necessário.
De acordo com o Ministério da Saúde, ao menos 1% da população deve ser testada por ano para garantir uma vigilância efetiva da doença. Considerando que Santa Maria tem hoje mais de 271 mil habitantes, deveríamos ter realizado pelo menos 2.700 testes no primeiro quadrimestre. A realidade, no entanto, mostra que fizemos pouco mais de 300 — um número muito abaixo da meta e que revela uma falha grave na nossa política de prevenção.
Também foi apresentado à Comissão o fluxo de atendimento para suspeitas de tuberculose na rede municipal. Ao chegar a uma unidade de saúde, o paciente é acolhido, relata os sintomas e é avaliado pela equipe. Quando há suspeita da doença, é realizado o exame MTB-TR (Mycobacterium tuberculosis – Teste Rápido), que detecta o DNA do bacilo causador da tuberculose. Esse exame utiliza uma tecnologia avançada por meio do aparelho GeneXpert — um equipamento doado ao município pelo Ministério da Saúde, capaz de realizar a análise a partir de diversos tipos de material biológico, com agilidade e alta precisão no diagnóstico. Santa Maria é, inclusive, uma das poucas cidades do país que contam com esse aparelho em funcionamento, o que demonstra o potencial da nossa rede de saúde — mas que ainda carece de maior investimento e organização para atingir todo o seu alcance.
A tuberculose é uma doença antiga, de fácil transmissão respiratória, e que atinge principalmente as pessoas em situação de vulnerabilidade. Tosse persistente, sudorese noturna e perda de peso são alguns dos sintomas mais comuns — e muitas vezes ignorados. Por isso, precisamos ampliar urgentemente as ações de testagem, melhorar os atendimentos nas unidades básicas e garantir que o tratamento chegue a quem precisa.
Santa Maria precisa transformar o alerta em ação. Porque, quando falhamos em garantir o básico, como o acesso ao diagnóstico e ao tratamento, estamos permitindo que o problema cresça. E isso, na prática, custa vidas. Como vereador e representante do povo no parlamento de Santa Maria, seguirei lutando para que a saúde pública seja tratada com a seriedade que ela exige.
