Parents with daughter. Family in a park. Newborn girl.
Em meio ao Junho Lilás, uma campanha de conscientização sobre a importância do cuidado integral com a saúde da mulher e da criança, a Secretaria Municipal de Saúde de Santa Maria reforça um alerta fundamental, o Teste do Pezinho salva vidas.
O exame, que deve ser feito logo nos primeiros dias de vida do bebê, é responsável por detectar precocemente doenças graves, muitas vezes silenciosas, que podem causar sequelas irreversíveis se não tratadas a tempo. A enfermeira Laís Alves Vargas, coordenadora da Política de Saúde da Criança da cidade, explica como funciona o processo, os desafios enfrentados e a importância de fortalecer a conscientização sobre o exame.
Segundo a coordenadora, o Teste do Pezinho está disponível gratuitamente nas 34 unidades básicas de saúde (UBSs) do município, além das maternidades públicas. A coleta é realizada por profissionais de enfermagem (técnicos de enfermagem ou enfermeiros), utilizando um papel filtro específico, fornecido pelo Serviço de Referência em Triagem Neonatal (SRTN) do Rio Grande do Sul.
Após a coleta, o material é encaminhado para análise no laboratório do SRTN, localizado em Porto Alegre. O resultado costuma ficar pronto em aproximadamente 10 dias e pode ser acessado pelas equipes das UBSs e maternidades por meio de uma plataforma digital própria.
“O período ideal para a realização do teste é entre o 3º e o 5º dia de vida do recém-nascido. Esse intervalo é fundamental para que o rastreamento precoce das doenças seja eficiente”, enfatiza Laís.
Os laudos dos testes são entregues às famílias durante a consulta de puericultura, acompanhamento médico após o nascimento, ou mediante solicitação na UBS de referência da criança.
Caso o resultado indique alguma alteração, o protocolo é rigoroso e imediato. O próprio laboratório entra em contato direto com a coordenadora da Política de Saúde da Criança da cidade, que por sua vez comunica a família e a equipe de saúde responsável pela criança. A consulta com especialista é agendada com urgência no Ambulatório do Serviço de Triagem Neonatal do Hospital Materno Infantil Presidente Vargas, também em Porto Alegre.
“O município oferece o transporte gratuito até a capital para a criança e os responsáveis. Crianças menores de dois anos têm direito a dois acompanhantes”, explica Laís.
O Teste do Pezinho, muitas vezes visto como um simples furinho no calcanhar do bebê, é na verdade parte de um robusto sistema de triagem neonatal. Ele permite o rastreamento precoce de doenças metabólicas, genéticas e infecciosas que, se diagnosticadas rapidamente, podem ser controladas com medicação, dieta específica ou cuidados especiais, garantindo à criança uma vida saudável e com qualidade.
Atualmente, o exame oferecido pelo SUS rastreia sete doenças:
Doença | Causas |
Fenilcetonúria | Alteração genética que impede o corpo de processar aminoácido (Fenilalanina) |
Hiportireoidismo | Má formação da tireoide ou falta de produção de hormônios |
Hiperplasia Adrenal | Defeito genético que afeta as glândulas suprarrenais na produção de hormônios |
Biotinidase | Alteração genética que impede o aproveitamento da biotina (Vitamina B7) |
Hemoglobinopatias | Mutação genética que afeta a produção de hemoglobina no sangue |
Fibrose Cística | Alteração genética que provoca produção de muco espesso nos pulmões e intestinos |
Toxoplasmose | Infecção transmitida da mãe para o bebê durante a gestação |
Laís também lembra que há uma previsão de expansão do número de doenças rastreadas. A Lei Federal nº 14.154/2021, sancionada em maio de 2021, determina a ampliação do exame para até 50 doenças, em etapas. No entanto, o Ministério da Saúde ainda não estabeleceu os prazos para a implementação total. Até o momento, a ampliação chegou apenas à primeira fase, com as sete doenças atualmente triadas.
No ano de 2024, foram realizadas 1.713 coletas e recoletas do Teste do Pezinho em Santa Maria. Isso mostra que o serviço está em funcionamento e acessível à população. No entanto, a Secretaria ainda enfrenta desafios importantes.
“Apesar dos esforços, ainda enfrentamos falta de informação entre os usuários dos serviços de saúde. Muitos não sabem quando o exame deve ser feito, ou confundem o prazo ideal, o que acaba levando à realização tardia ou até à ausência completa do teste”, relata Laís.
Ela destaca casos em que crianças com mais de 30 dias de vida chegaram às UBSs sem nunca terem feito o exame, o que representa um grande risco para a saúde do bebê.
Para melhorar esses indicadores e garantir que cada bebê receba o cuidado necessário, a Secretaria de Saúde realiza ações permanentes de capacitação e conscientização:
“Os profissionais são incentivados a conversar com as gestantes desde as primeiras consultas. Reforçar a importância do Teste do Pezinho é um cuidado que deve começar antes mesmo do nascimento”, afirma.
Neste mês dedicado à saúde materno-infantil, a mensagem da Secretaria é clara:
“O Teste do Pezinho pode salvar vidas. Quando feito dentro do período ideal, permite iniciar o tratamento rapidamente, aumentando as chances de uma infância e vida saudáveis. É mais do que um exame. É uma garantia de cuidado integral, assegurada pelo SUS, com fluxo rápido, eficiente e humano.”
Santa Maria tem estrutura, profissionais capacitados e um sistema preparado para oferecer esse cuidado. O que falta, muitas vezes, é apenas informação. Por isso, divulgar e reforçar a importância do Teste do Pezinho é um gesto de amor, de saúde pública e de respeito às novas vidas que chegam ao mundo todos os dias.
Por Clara Tesche
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