A tradicional produção de etanol, derivada da cana-de-açúcar, enfrenta limitações em regiões com clima desfavorável para o cultivo da matéria-prima, como o Sul do Brasil. Nesse cenário, o trigo surge como alternativa promissora, especialmente com o aproveitamento de seus resíduos e subprodutos, prática já consolidada na Europa para promover economia circular e reduzir desperdícios.
A primeira usina brasileira de etanol de trigo, localizada em Santiago (RS), está em fase final de construção pela CB Bioenergia, com investimento de cerca de R$ 100 milhões e início previsto para agosto de 2025. O projeto é resultado de mais de três anos de pesquisa e avaliação rigorosa de variedades locais de trigo, contando com tecnologias biotecnológicas avançadas, como leveduras e enzimas adaptadas que aumentam a eficiência e a qualidade do processo.
Com capacidade inicial estimada entre 10 e 12 milhões de litros de etanol hidratado por ano, a planta tem potencial de expansão para até 50 milhões de litros anuais até 2027, com investimento adicional previsto de até R$ 500 milhões. Além da inovação tecnológica, a usina deve gerar cerca de 120 empregos diretos e indiretos, impulsionando a economia regional.
O projeto ainda contempla a sustentabilidade, operando em circuito fechado para reaproveitar subprodutos como CO2 para uso alimentício e resíduos para produção de adubo e materiais biodegradáveis. A iniciativa visa também tornar o etanol mais acessível no Rio Grande do Sul, com investimentos adicionais em infraestrutura, como a construção de um posto de combustível na cidade, fortalecendo o mercado local de biocombustíveis.