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Venha debater as lutas feministas com a gente!

Temos um convite a te fazer. Na próxima sexta-feira (17/10), a partir das 18h30, estarei participando de um debate ao lado das companheiras Manuela D’Ávila, Fernanda Melchionna e Luciana Genro. Com o tema “Feministas em Luta”, queremos conversar sobre os desafios da luta em defesa dos direitos das mulheres.

Nos últimos anos, a luta das mulheres tem sido, em todo o mundo, a ponta de lança de muitas mudanças. Se nós formos parar para pensar, os próprios avanços no combate à violência de gênero, como a conquista da Lei do Feminicídio no Brasil, avanços na legislação trabalhista, especialmente no que se refere à licença-maternidade, a descriminalização do aborto em países da América Latina como Argentina, México e Colômbia, além do avanço inegável do debate público sobre a cultura do estupro, o enfrentamento ao assédio e aos diversos tipos de abuso, são todas conquistas da última década, no máximo, e nada disso veio de graça, mas foi fruto direto da organização e da mobilização das mulheres, principalmente nas ruas.

Aqui mesmo, no Estado, nós tivemos há pouco mais de um mês, a recriação da Secretaria das Mulheres, extinta ainda durante o governo Sartori (MDB), e que só foi retomada graças à pressão do movimento feminista, depois da onda de feminicídios que nós tivemos nos primeiros meses do ano. Evidentemente que, para que dessa nova secretaria saia alguma política efetiva em benefício das mulheres, nós teremos que seguir lutando e pressionando, porque sabemos que a política neoliberal do governo Eduardo Leite, também é inimiga dos nossos direitos.

De fato, a luta contra as políticas de austeridade dos governos, assim como também o combate à extrema-direita que é inimiga declarada das mulheres, têm sido as principais lutas que temos travado nos últimos tempos. No primeiro caso, é preciso compreender que mesmo os setores mais civilizados da direita também são um entrave ao avanço nos nossos direitos, na medida em que é impossível conciliar uma lógica de estado mínimo e exploração máxima das trabalhadoras e dos trabalhadores, com políticas públicas que atendam às nossas demandas que, na maioria das vezes, passam também pelas demandas do conjunto da classe trabalhadora.

A luta que nós estamos travando agora, por exemplo, pelo fim da jornada 6X1, e a redução da jornada de trabalho, é uma pauta muito cara às mulheres, porque somos principalmente nós quem vivemos esgotadas pela dupla, tripla jornada, mas também nesse caso nós enfrentamos a resistência dos setores liberais que estão empenhados em manter os privilégios patronais, dos grandes empresários.

O maior grupo da nossa população hoje, no Brasil, é de mulheres negras, e ao mesmo tempo, nós somos o grupo mais vulnerável, com condições mais precárias de trabalho. Não é possível conciliar os interesses dessas mulheres, com os daqueles que defendem, por exemplo, uma política de teto de gastos que limita o investimento em políticas sociais, ou então, daqueles que defendem com unhas e dentes os princípios da reforma trabalhista do governo Temer, que fragilizou ainda mais a situação das trabalhadoras no nosso país.

Por outro lado, nós temos a extrema-direita que, ao mesmo tempo em que segue a mesma cartilha econômica da direita tradicional, traz consigo elementos ainda mais reacionários, como uma aversão ao feminismo e a qualquer ideia de avanço nos direitos das mulheres. Não é à toa que, em muitos lugares, como foi aqui no Brasil, os primeiros enfrentamentos aos governos desse viés, vieram justamente do movimento de mulheres.

No caso do Brasil, nosso embate veio antes mesmo da eleição de Bolsonaro, com o movimento Ele Não, que tomou as ruas de todo o país em 2018, enquanto muitos preferiam evitar sair às ruas com receio de ataques da extrema-direita. Nós não tínhamos escolha.

Foi a extrema-direita quem quase conseguiu levar adiante, no final do ano passado, a PEC 164/12, que foi batizada de “PEC do estupro”, e que se aprovada, nos faria retroceder em mais de 80 anos, porque negava o direito à interrupção da gravidez, mesmo nos termos do Código Penal de 1940. Mais uma vez, foram as mulheres organizadas e mobilizadas que impediram que esse verdadeiro atentado contra as nossas vidas e os nossos direitos reprodutivos fosse levado adiante.

Esses e outros temas estarão no centro do nosso debate na próxima sexta, e queremos contar com a sua participação! Nos encontramos a partir das 18h30, no Clube Comercial.

Mariana

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