Na política, algumas perguntas são tão simples quanto inevitáveis. Uma delas é: você entregaria três cheques em branco para alguém que já deu provas de má gestão e falta de transparência? Foi exatamente isso que a Câmara de Vereadores de Santa Maria foi chamada a fazer na madrugada de 13 de junho.
Em menos de 24 horas, vereadores e vereadoras receberam três projetos de lei enviados em regime de urgência pela Prefeitura. Somados, os textos autorizam o Executivo a contratar até R$ 194 milhões em empréstimos com a Caixa Econômica Federal, BRDE e Badesul. Um endividamento que pode comprometer as finanças do município por até duas décadas.
A proposta do governo Décimo veio acompanhada de justificativas genéricas, com termos como “planejamento estratégico”, “desenvolvimento sustentável” e “infraestrutura urbana”. Na prática, nenhum dos projetos trouxe um plano de obras, cronograma de execução ou estudo de impacto fiscal. Tampouco houve parecer técnico ou jurídico que respaldasse as medidas. Tudo foi feito às pressas, com direito a sessão extraordinária na calada da noite.
É importante lembrar que este é o mesmo governo que, há poucos meses, decretou contenção de gastos, congelou investimentos e anunciou reformas prejudiciais a servidores e servidoras. Agora, subitamente, surge um pacote bilionário de endividamento. A incoerência é visível.
Defendo investimentos públicos, especialmente em áreas que desenvolvam o município e que atendam à população mais vulnerável. Mas investimento exige planejamento, clareza e responsabilidade. Não há como votar favoravelmente a empréstimos dessa magnitude sem conhecer minimamente o destino dos recursos.
Alguns dirão que o voto favorável é uma aposta na boa aplicação dos valores. Eu discordo. Não estamos falando de fé ou esperança. Estamos falando de dinheiro público e de compromissos que impactarão Santa Maria até 2045.
Embora estivesse negociando estes empréstimos com as instituições financeiras desde o início do ano, somente agora, com o envio dos projetos, que o governo deu conhecimento de sua intenção aos vereadores e vereadoras, exigindo e impondo, sem nenhuma transparência, uma decisão que vai ecoar nos próximos anos, nos próximos orçamentos e, sobretudo, na vida da população.
Santa Maria merece transparência, planejamento e responsabilidade. E, acima de tudo, merece um governo que trate o orçamento público como patrimônio coletivo, e não como um cofre a ser aberto às pressas, sem debate e sem controle. Em respeito ao povo que me elegeu e ao futuro da cidade, votei contra esse pacote. Não por dogmatismo, mas por responsabilidade. Porque cheque em branco, ainda mais três de uma vez, só se entrega a quem tem histórico de merecer confiança. E este governo, infelizmente, está longe disso.
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