Pode até passar despercebido para muitas pessoas o quanto é importante ter informações sobre o tempo e o clima de uma região. Cotidianamente, precisamos saber se vai chover, se vai ventar, se vai fazer calor ou, a mais longo prazo, se o verão será muito quente ou seco. E, para responder a essas perguntas, geralmente recorremos às instituições que fazem a previsão do tempo e do clima, para obtermos essas informações tão essenciais para a vida de todos.
Mas você já se perguntou de onde vêm as informações de temperatura, pressão, vento, chuva, entre outras variáveis atmosféricas, que permitem fazer essas previsões? Pois bem, essas informações são obtidas de Estações Meteorológicas Convencionais e Automáticas espalhadas ao redor de todo o mundo. Esses dados atmosféricos, sincronizados globalmente, formam a base necessária para que tenhamos boas previsões do tempo e, quando acumulados ao longo de muitos anos, também permitem a caracterização e previsão do clima, além de serem fundamentais para avaliar e medir as mudanças climáticas em curso.
Você sabia que temos uma Estação Meteorológica Convencional de Santa Maria (ESMETSM) dentro do campus da Universidade Federal de Santa Maria? E não é qualquer estação: trata-se de uma Estação Climatológica Principal (ECP). Ser uma ECP significa que ela realiza observações climatológicas e sinóticas em três horários (00:00, 12:00 e 18:00 UTC — Tempo Universal Coordenado), além de registros horários feitos por equipamentos automáticos. Ela possui um número mínimo de instrumentos, como: abrigo meteorológico, termômetros de máxima e mínima, psicrômetro, pluviômetro, barômetro, catavento, anemômetro e anemógrafo, evaporímetro de Piche, barógrafo, termohigrógrafo, pluviógrafo, heliógrafo, termômetros de solo e um Atlas de Nuvens.
A ESMETSM opera todos os dias do ano, realizando a coleta das informações dos equipamentos meteorológicos três vezes ao dia, além de registrar continuamente os fenômenos atmosféricos. As informações coletadas nas observações são tradicionalmente arquivadas em documentos físicos chamados Mapas de Observação Meteorológica. Esses mapas são organizados por mês e estão disponíveis para consulta no escritório da estação.
Atualmente, a ESMETSM localiza-se no Departamento de Fitotecnia, sob os cuidados do Centro de Ciências Rurais da UFSM, na cidade de Santa Maria — Rio Grande do Sul (29,7°S, 53,7°W e 95 metros de altitude). Quando foi fundada, em 1º de janeiro de 1912, localizava-se no centro da cidade, na Praça Saldanha Marinho, e pertencia ao Instituto Regional de Meteorologia Coussirat Araújo, cuja sede era em Porto Alegre, na Escola de Engenharia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Em 1968, passou a pertencer ao Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) e, em junho do mesmo ano, foi transferida para a atual localização por meio de um Acordo de Cooperação Técnica entre o 8º Distrito de Meteorologia do INMET e a UFSM.
Nos primeiros anos da ESMETSM, a sua relação com a sociedade era um pouco diferente. Por meio de uma pesquisa no jornal da época chamado Diário do Interior, na coluna “O Tempo”, pertencente ao Arquivo Histórico Municipal de Santa Maria, podemos perceber que, nas primeiras notícias, havia poucas informações exatas de dados atmosféricos, apresentando apenas as sensações dos elementos meteorológicos por meio de textos curtos e poéticos. Com o passar do tempo, nota-se a mudança na forma de divulgar essas informações, que se tornaram cada vez mais objetivas e claras, com dados observados que caracterizavam o tempo daquela época.
Hoje, a ESMETSM é procurada por várias pessoas e instituições durante todo o ano, tanto para conhecer seu funcionamento (como atividade complementar em cursos superiores, técnicos, médios e fundamentais) quanto para obter dados meteorológicos regionais utilizados em atividades agrícolas, industriais e midiáticas.
Além de gerar um banco de dados sobre os elementos meteorológicos da região central do estado, como fonte de informações para o desenvolvimento de pesquisas sobre tempo e clima, a estrutura física da estação também funciona como um laboratório de ensino para estudantes e profissionais de todos os níveis de escolaridade, e ainda exerce um papel de extensão universitária, levando informações úteis sobre o tempo e o clima de Santa Maria e região para a população em geral.
Dessa forma, a ESMETSM contribui com a missão e o dever da universidade pública no Brasil, atuando de forma integrada nos três eixos do desenvolvimento: ensino, pesquisa e extensão.

Imagem 1 – Foto da Estação Meteorológica Convencional de Santa Maria de 1927, localizada na Praça Saldanha Marinho, no centro da cidade de Santa Maria. Fotografia cedida do acervo pessoal do Prof. José Antonio Brenner, Arquiteto, professor da Univ. Fed. de S. Maria-UFSM (1960-90), pesquisador de história, com ênfase na imigração alemã.

Imagem 2 – Foto da Estação Meteorológica Convencional de Santa Maria de 2018 (ano em que a ESMETSM completou 50 anos na atual localização), localizada no campus da Universidade Federal de Santa Maria, no bairro Camobi da cidade de Santa Maria.

Imagem 3 – Coluna “O Tempo” do Jornal “Diário do Interior” de 11 de fevereiro de 1912.

Imagem 4 – Coluna “O Tempo” do Jornal “Diário do Interior” de 14 de fevereiro de 1912.
1 Comentário:
Muito importante sabermos que as informações que vemos na tv, ou na internet, vem de uma análise confiável como do ECP. Parabéns 👏