A política tarifária dos Estados Unidos tem sido um instrumento central de sua estratégia econômica desde a fundação do país, ou seja, não é de hoje que tarifas são usadas para proteção ou beneficiamento. Ao longo de sua história, os EUA alternaram entre momentos de forte protecionismo e períodos de maior abertura comercial, dependendo do contexto econômico e político. Nos primeiros anos após independência os EUA adotaram tarifas elevadas para proteger sua nascente indústria da concorrência europeia. O primeiro grande marco tarifário foi o Tariff Act de 1789, assinado por George Washington, que estabeleceu tarifas sobre importações para financiar o novo governo e fomentar a indústria doméstica, na sequência do governo de James Madison, os impostos recaíram sobre os produtos manufaturados estrangeiros, principalmente ingleses. No século XIX os EUA mantiveram uma abordagem fortemente protecionista. Um dos exemplos mais notáveis foi a Tarifa de 1828, também chamada de “Tarifa das Abominações”, assinada por John Quincy Adams. Essa tarifa elevou drasticamente os impostos sobre bens importados para até 62%, gerando revolta entre os estados do Sul, que dependiam da importação de produtos manufaturados. No governo Lincoln o aumento das tarifas, foi para financiar a guerra civil. Na grande depressão a política tarifária chegou a 60%, sobre mais de 20 mil produtos importados, na tentativa de proteger a indústria americana durante a Grande Depressão. No entanto, a medida gerou retaliações comerciais de diversos países, agravando a crise econômica global. Já no governo de Franklin D. Roosevelt, eleito em 1932, adotou uma abordagem diferente. Com o Reciprocal Trade Agreements Act (1934), Roosevelt iniciou um período de redução tarifária por meio de acordos bilaterais, estabelecendo a base para uma política de maior abertura comercial. No período pós segundo guerra mundial, percebe-se um declínio do protecionismo, pelo fato que os EUA passaram a liderar a criação de instituições internacionais para facilitar o comércio global, como o GATT (Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio, 1947), que mais tarde evoluiu para a Organização Mundial do Comércio (OMC). Sob governos como os de Harry Truman, Dwight Eisenhower e John F. Kennedy, os EUA reduziram gradualmente suas tarifas para estimular o comércio internacional. A década de 1980, sob a presidência de Ronald Reagan, viu um retorno parcial ao protecionismo, com barreiras contra produtos japoneses, especialmente no setor automotivo e de eletrônicos. No entanto, Reagan também negociou acordos comerciais, preparando o caminho para a assinatura do NAFTA (Acordo de Livre Comércio da América do Norte, 1994) sob Bill Clinton, que eliminou tarifas entre os EUA, Canadá e México. No século XXI, temos a volta do protecionismo, Trump impôs tarifas pesadas sobre aço e alumínio (25% e 10%, respectivamente, em 2018), além de iniciar uma guerra comercial com a China, aplicando tarifas sobre US$ 360 bilhões em produtos chineses. Seu governo justificou as medidas como uma tentativa de reduzir o déficit comercial e proteger indústrias estratégicas americanas. A política tarifária dos EUA tem oscilado entre protecionismo e abertura ao longo de sua história, refletindo interesses econômicos e políticos de cada época.