Na era digital, em que estamos sempre conectados, o uso excessivo de telas tem provocado consequências reais no bem-estar emocional, especialmente entre crianças, adolescentes e jovens adultos. De acordo com o psicólogo Murilo Padilha de Bairros, especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) e neurociências, os impactos das redes sociais vão muito além do entretenimento superficial. Eles alteram diretamente a forma como sentimos, nos relacionamos e nos percebemos no mundo. “O cérebro não consegue separar o que é digital do que é real. A exposição constante ao ambiente virtual, especialmente às redes sociais, favorece o processo de comparação, o que pode gerar sofrimento, baixa autoestima e sintomas de ansiedade e depressão”, afirma Murilo. Ele explica que o sistema neurológico humano não está preparado para lidar com o volume de estímulos e interações proporcionado pela internet. Isso cria um descompasso entre nossas necessidades emocionais e o que as redes oferecem, conexões rápidas, mas rasas. Para a psicologia comportamental, o vício em tecnologia é um fenômeno cada vez mais evidente. “Vivemos uma epidemia digital. O reforço social constante, como curtidas e comentários, atua como recompensa imediata e vicia”, explica. Essa dependência se torna ainda mais preocupante quando afeta a rotina, o sono, os estudos ou as relações pessoais. O uso saudável da tecnologia exige consciência e autorregulação. Segundo Murilo, um dos principais sinais de alerta é a sensação de perda de controle, quando o tempo de tela ultrapassa os limites estipulados, mesmo com intenção de parar. “É preciso avaliar se os conteúdos consumidos estão alinhados aos próprios valores e se o uso interfere nos objetivos do dia a dia.” A boa notícia é que é possível reverter esse cenário. A TCC oferece estratégias práticas para reprogramar hábitos digitais nocivos, substituindo-os por atividades que promovem bem-estar real, como práticas esportivas, hobbies e interações presenciais. Para pais e responsáveis, a orientação é clara: estabelecer limites, monitorar os conteúdos acessados e oferecer experiências gratificantes fora das telas. “No fim, a chave está no autoconhecimento. Quando sabemos o que é importante para nós, filtramos melhor o que consumimos e reduzimos a busca por aprovação online”, conclui o psicólogo. Afinal, o equilíbrio entre o mundo virtual e a vida real não depende da tecnologia em si, mas de como escolhemos usá-la.
UBS Kennedy terá atendimento somente à tarde nesta terça-feira (23)
Foto: Marcelo Oliveira/PMSM (Divulgação) A Unidade Básica de Saúde (UBS) Kennedy, no Bairro Salgado Filho, em Santa Maria, terá alteração no horário de funcionamento nesta terça-feira (23). Pela manhã, a unidade permanecerá fechada ao público, já que os profissionais estarão reunidos em atividades internas de equip Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, o encontro tem como objetivo alinhar ações, revisar processos de trabalho e fortalecer o planejamento das atividades voltadas ao atendimento da comunidade. O expediente será retomado normalmente no turno da tarde, das 13h30min às 16h30min. A partir de quarta-feira (24), a UBS volta a funcionar em seu horário regular. A Prefeitura destaca que reuniões internas são essenciais para aprimorar a qualidade da assistência e garantir que os serviços prestados na rede de saúde municipal sejam cada vez mais resolutivos e humanizados. Por: Camille Moraes
Primavera começa com sol e frio em Santa Maria e traz expectativa de La Niña no Rio Grande do Sul
A segunda-feira (22) marca não só o início da primavera, às 15h19min, mas também a chegada de uma massa de ar polar que garante tempo firme em Santa Maria após um fim de semana de chuvas intensas e alagamentos. Durante a manhã, a instabilidade ainda predominou, mas a partir da tarde o sol voltou a aparecer. As temperaturas, no entanto, seguem baixas: os termômetros não passam dos 19°C hoje, e devem cair ainda mais à noite com o ingresso do ar frio. A previsão indica uma semana ensolarada, porém com noites frias e sensação térmica reduzida pelo vento. Confira as mínimas e máximas previstas: No restante do Estado, a primavera também começa gelada. Mínimas abaixo dos 10°C foram registradas em diversas regiões, com possibilidade de geada nos próximos dias, especialmente em áreas altas da Serra e dos planaltos. Apesar do frio inicial, a previsão para a estação é de chuvas e temperaturas dentro da média histórica. Ainda assim, meteorologistas alertam para a possibilidade de períodos mais secos e quentes, principalmente no centro-oeste gaúcho. Outro ponto de atenção é o fenômeno climático La Niña. A Administração Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA) elevou para 56% a chance de sua formação ainda durante a primavera. Caso se confirme, os efeitos — como alterações nos padrões de chuva e pressão — devem ser sentidos de forma mais clara a partir do verão. Enquanto isso, o Rio Grande do Sul deve enfrentar dias de sol intercalados com frentes frias, típicas da estação, e temperaturas que variam entre o frio das madrugadas e o aquecimento gradual ao longo das tardes. Por: Camille Moraes
Nem blindagem, nem anistia!
Na noite da última terça-feira, a Câmara dos Deputados, mais uma vez, deu demonstrações de que vive de costas para o povo, aprovando com 353 votos a PEC da Blindagem, que serve única e exclusivamente para dificultar a abertura de processos criminais contra deputados e senadores. Um projeto corporativista, patrocinado pelo centrão e pela extrema-direita, que escancara a incoerência daqueles que se dizem contra a corrupção. Partidos que disseminam um discurso punitivista, e que acusam a esquerda de defender criminosos, agora criam mecanismos para dificultar que os bandidos de terno e gravata sejam devidamente punidos. Talvez, seja uma questão de puro instinto de sobrevivência, especialmente no momento em que pela primeira vez na história do nosso país, militares e políticos, como Jair Bolsonaro, finalmente são condenados por tentativa de golpe de Estado. O curioso, é que a mesma Câmara Federal, tem aprofundado nos últimos anos, uma política de encarceramento em massa, que tem como alvo, sobretudo a juventude pobre e negra do país. Para estes, as cadeias superlotadas e o discurso de que bandido bom é bandido morto, para os engravatados, blindagem e impunidade. Chama a atenção ainda, que o Projeto também determina que a votação da autorização ou não da abertura de processos seja feita de maneira secreta, e não através do voto nominal. A pergunta que fica é: a quem isso serve? Mas o que já era absurdo por si só, pode ficar ainda pior. Na mesma noite, estava prevista a votação da Medida Provisória que amplia a tarifa social da conta de luz, o que poderia beneficiar milhões de trabalhadoras e trabalhadores brasileiros. Essa medida, porém, não foi votada. Da mesma forma, o presidente da Câmara, o deputado Hugo Motta, fala em somente pautar a isenção no Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil reais, outro projeto que verdadeiramente interessa ao povo, depois da aprovação da PEC da Blindagem e da PEC da Anistia. Não por acaso, na noite seguinte, foi aprovada a urgência desse Projeto que é como se fosse outro golpe contra o povo brasileiro. Aparentemente, mais importante do que fazer avançar propostas que podem, mesmo que minimamente, garantir um pouco de justiça social, é garantir os seus privilégios e salvar a própria pele. E, infelizmente, a maioria da bancada gaúcha na Câmara dos Deputados, deu o seu aval a esse projeto absurdo. Foram 17 votos a favor da impunidade, todos de partidos da direita e do centrão. Quem diria. A tentativa de proteger parlamentares de serem investigados e punidos por crimes não é nova. Na verdade, a nova PEC tenta nos fazer retroceder ao período anterior a 2001, quando ainda vigorava a lei incluída na Constituição de 1988, que previa a necessidade de aprovação prévia do Congresso Nacional para que deputados e senadores fossem processados. Nos treze anos em que vigorou essa norma, apenas 1 teve abertura de processo aprovada, e mais 250 pedidos foram negados ou simplesmente ignorados, pela Câmara ou pelo Senado Federal. Entre os crimes de que muitos deles eram acusados, estavam homicídio, tentativa de homicídio e até mesmo de chefiar um grupo de extermínio. Um dos beneficiados com essa regra, inclusive, foi o então deputado Valdemar Costa Neto, hoje presidente do Partido Liberal (PL), que chegou a ter três pedidos de abertura de processo travados pela Câmara. Não à toa, o seu partido – o mesmo do clã Bolsonaro – foi o que deu mais votos a favor do retorno desse absurdo. Absurdo esse que, como já vêm apontando autoridades, pode facilitar o ingresso de facções criminosas nos Parlamentos, ao criar uma proteção contra as ações da Justiça.Também tende a beneficiar parlamentares envolvidos com o trabalho análogo à escravidão. A chamada Lista Suja do Trabalho Escravo, do Ministério do Trabalho e Emprego, já contou com inúmeros nomes de políticos de peso, incluindo deputados federais e senadores. Diante de tudo isso, me orgulha muito saber que as deputadas e os deputados do nosso partido, o PSOL, e da federação PSOL-REDE, não deram um único voto sequer a favor da impunidade. Resta saber agora se os senadores vão seguir o mesmo caminho da maioria da Câmara, ou se vão frear essa PEC que é um verdadeiro presente para os criminosos de colarinho branco. Como os grandes atos do final de semana provaram, há uma profunda insatisfação popular com essas articulações, e é somente através de muita luta que vamos conseguir barrar esses dois grandes retrocessos. Por isso, convocamos a todas e a todos para irmos às ruas na próxima quarta-feira, 24/09, a partir das 17h na Praça Saldanha Marinho. Santa Maria também vai dizer não à anistia e à blindagem para políticos criminosos.
Violência Institucional no Judiciário: quando a Justiça silencia vozes vulneráveis, a advocacia resiste
Eizzi Benites Melgarejo – OAB/RS 86.686Especialista em Família e Sucessões A violência nem sempre se apresenta de forma explícita. Dentro do próprio Poder Judiciário, onde se espera acolhimento, imparcialidade e proteção dos direitos fundamentais, também pode residir uma forma silenciosa e cruel de violência: a violência institucional. Ela se manifesta quando estruturas judiciais, procedimentos ou decisões deixam de cumprir o papel de garantir justiça e, ao contrário, revitimizam aqueles que já se encontram em condição de vulnerabilidade. Nos processos de família, esse fenômeno é particularmente sensível. A aplicação da Lei de Alienação Parental (Lei nº 12.318/2010), que nasceu com a finalidade de coibir práticas prejudiciais ao convívio da criança com um dos genitores, vem sendo, em muitos casos, banalizada e convertida em instrumento perverso contra mães protetoras. Em vez de proteger, a lei, mal aplicada, acaba invertendo papéis: a vítima passa a ser culpabilizada e rotulada de alienadora, enquanto situações graves de abuso ou risco à criança são relativizadas. Um exemplo emblemático que ilustra essa distorção ocorreu em um processo que assumi já após a instrução. A mãe denunciava indícios claros de abuso contra a filha menor. Diversos laudos técnicos independentes apontavam para a necessidade de cautela. No entanto, a perícia judicial psicossocial – realizada em apenas uma única sessão – concluiu, de forma simplista, que não havia risco à criança. Pior: classificou a mãe como alienadora. A narrativa foi invertida: de vítima a culpada. O equívoco foi agravado pelo fato de a antiga procuradora não ter impugnado o laudo. A ausência de contestação processual consolidou uma prova frágil como se fosse absoluta, criando uma situação de quase irreversibilidade. Eis um retrato fiel de como a fragilidade técnica das perícias e a falta de contraditório efetivo podem gerar violência institucional. Esse episódio reforça a responsabilidade do advogado em estar atento a cada detalhe do processo. Perícias rasas, laudos inconsistentes e avaliações superficiais não podem ser aceitos de forma acrítica. O dever da advocacia é impugnar, questionar, exigir profundidade e técnica, lembrando sempre que a finalidade da perícia não é apenas formalizar um procedimento, mas proteger a dignidade humana e, sobretudo, o interesse da criança. Quando a Justiça falha, é preciso agir. Há mecanismos institucionais disponíveis, inclusive a ferramenta específica do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para denúncias de violência institucional, que devem ser acionados sempre que decisões ou procedimentos ofendam o direito à ampla defesa, ao contraditório ou à proteção integral da criança e da mulher. O medo é real: muitas mulheres, em contextos processuais delicados, receiam que qualquer prova apresentada em defesa do filho possa ser usada contra elas. Muitas vezes, a única forma de comprovar situações de abuso, especialmente quando se trata de crianças pequenas, são gravações de falas ou relatos espontâneos. E esse tipo de prova constantemente trava uma batalha nos tribunais, porque se entende que a mãe estaria sugestionando a criança. Ou seja, se a única forma de provar é essa, e essa prova transforma a mãe em uma cruel alienadora que “planta ideias”, enquanto laudos superficiais ainda reforçam essa interpretação, quem dará voz à proteção dessa criança? Que segurança essa mãe tem? A alienação parental, além de outras consequências, pode levar à inversão da guarda, punindo justamente quem buscou proteger. Imagine quantas mulheres se silenciam em provar o que seus filhos vivem com medo de uma lei mal aplicada e de um estudo psicológico raso, resumido em uma sessão de 50 minutos e dois parágrafos superficiais sobre a criança. Esse cenário cria uma paralisia que beneficia apenas os agressores e perpetua a violência, agora travestida de legalidade. Perícias psicossociais são ferramentas valiosas, mas seu valor está na profundidade, no cuidado e no compromisso ético com a verdade. Quando esse dever falha, a consequência é devastadora: a Justiça, em vez de escudo, se torna arma contra quem mais precisa dela. Por isso, é papel do advogado não apenas litigar, mas vigiar, denunciar, orientar e agir. A violência institucional não pode ser naturalizada. Cada decisão mal fundamentada, cada laudo superficial e cada aplicação distorcida da lei pode custar a vida, a saúde mental e a dignidade de mães e crianças. A advocacia, nesse cenário, é mais do que profissão: é resistência e voz contra o silêncio imposto pela injustiça.
Terra Forte: uma virada de chave para a agricultura familiar no Rio Grande do Sul
Com investimento aprovado de R$ 903 milhões, provenientes do Fundo de Reconstrução (Funrigs), e inscrições abertas de 17 de setembro até 17 de outubro, a Operação Terra Forte chega com uma proposta ousada: oferecer aos produtores gaúchos não apenas auxílio financeiro, mas também acompanhamento técnico personalizado e estímulo a práticas sustentáveis. Mais do que um programa de governo, o Terra Forte é uma estratégia de reconstrução e reposicionamento da agricultura familiar como eixo central do desenvolvimento rural e da resiliência climática e econômica do Estado. Não há lugar para o “mais do mesmo” nas propriedades rurais, mas para um novo olhar, mais sustentável, longevo e planejado. Na Região Central, o Terra Forte contemplará 35 municípios e beneficiará diretamente 1.280 agricultores familiares, que terão acesso a até R$ 30 mil para aplicar em projetos produtivos individualizados. Embora o atendimento direto contemple cerca de 15 mil propriedades familiares, o impacto indireto pode alcançar até 150 mil unidades produtivas, espalhadas pela imensa maioria dos municípios gaúchos. Essa abrangência demonstra a ambição da política pública, que vai muito além do apoio pontual, buscando estruturar um novo padrão de produção. A centralidade do solo O diferencial do Terra Forte está no solo. Ao longo dos últimos anos, o Rio Grande do Sul tem enfrentado crises sucessivas provocadas por estiagens e eventos climáticos extremos. Nesse contexto, recuperar a fertilidade do solo não é apenas uma questão de produtividade, mas de sobrevivência da atividade agropecuária. Mais do que transferir dinheiro, o programa pretende orientar investimentos de forma eficiente e sustentável, investindo no solo para alcançar um futuro próspero. Uma política de alcance coletivo Patrulhas agrícolas mecanizadas, assistência técnica especializada e governança compartilhada completam o desenho do Programa. O Comitê de Governança, por exemplo, garantirá transparência, monitoramento e integração entre órgãos do Estado, universidades, instituições de pesquisa e organizações da sociedade civil. Os conselhos municipais farão a seleção dos beneficiários, discutindo as potencialidades e conhecendo a realidade de cada município e a individualidade de cada propriedade. Agricultura familiar como protagonista O Programa visa reposicionar a agricultura familiar no centro da reconstrução do Estado, estimulando um setor desafiador e responsável pela imensa parte da produção de alimentos em nosso Estado. Mais do que recuperar a fertilidade do solo, o programa simboliza a recuperação da autoestima de milhares de famílias rurais que, diante das dificuldades impostas pelas mudanças climáticas, encontram agora uma política de Estado capaz de oferecer apoio técnico, financeiro e institucional. Um futuro mais resiliente O desafio do século XXI para a agricultura não é apenas produzir mais, mas produzir de forma sustentável, respeitando os limites ambientais e considerando os aspectos sociais. Nesse sentido, a Operação Terra Forte é mais do que uma resposta emergencial: é uma aposta na construção de um futuro rural mais forte, sustentável e resiliente para o Rio Grande do Sul. Foto: José SchaferGuilherme G. dos Santos PassamaniEngenheiro agrônomo, doutor em AgronomiaGerente da Emater/RS-Ascar da região de Santa Maria
Não podia ser diferente — Ndaikatúikuri iñambue
No último sábado, 13 de setembro, o Hospital Universitário de Santa Maria foi palco de uma mobilização histórica: o Mutirão DIA E – EBSERH em Ação. Uma iniciativa conjunta do Ministério da Educação, do Ministério da Saúde, das Universidades Federais e de seus Hospitais Universitários, realizada simultaneamente em 45 instituições de saúde sob gestão da EBSERH. No HUSM, nosso hospital-escola e patrimônio da comunidade, mais de 310 procedimentos foram concretizados — consultas, exames diagnósticos, mielogramas, imagens e cirurgias. Cada número, mais que estatística, foi resposta concreta à espera de quem aguarda por cuidado. Mas afinal, o que significa a palavra mutirão?Sua origem é tupi, do termo moty’rõ: “trabalho em comum”. Representa a soma de braços e vontades em direção a um bem coletivo. E foi exatamente isso o que se viu: milhares de profissionais unidos em um esforço solidário, no maior mutirão de saúde da história do Brasil. Essa ação traduz, na prática, o espírito do Sistema Único de Saúde — o SUS.Um sistema amado, resistente, resiliente, que carrega nos princípios da universalidade, da equidade e do acesso integral a razão de sua existência. O mutirão também dialoga com o Programa Agora Tem Especialistas, que amplia o acesso da população a médicos especializados e, em paralelo, abre novas vagas de formação e interiorização desses profissionais, fortalecendo a rede assistencial em regiões antes desassistidas. O SUS se move, assim, para responder aos anseios de quem mais precisa: reduzir filas, garantir qualidade, oferecer cuidado com dignidade e amor. Porque atenção à saúde também é isso: olhar para os que a lógica do mercado insiste em excluir e devolver-lhes pertencimento e esperança. Não podia ser diferente — Ndaikatúikuri iñambue.Uma resposta coletiva para dores individuais.Uma palavra tupi-guarani para desafios de nossa Pindorama, a terra das palmeiras.Uma ação nacional que se encarna no local.Um gesto que reafirma que, no Brasil, saúde se constrói com solidariedade e compromisso.
Respeito às raízes, cuidado moderno
Buenas, amigos e amigas! Antes de mais nada, quero começar com um aprumado respeito: nós, gaúchos, temos uma tradição linda. Do fogo de chão ao mate que passa de mão em mão, da lida no campo até a solidariedade entre vizinhos, é coisa que enche o peito de orgulho. O problema é que, junto com essas tradições boas, às vezes herdamos também uns “remédios” de antigamente que, se fossem receita médica, dariam uma baita dor de cabeça (e processo ético também). É claro, antigamente não tinha veterinário em cada esquina. Então, o peão fazia o que sabia: se o cavalo caía, ele erguia; se o cachorro convulsionava, lá vinha o ovo cru goela abaixo. E se o boi se cortava, tchê, nada que uma boa camada de banha não resolvesse. Café nas feridas? Por que não! Vai que o bichinho acorda mais animado que nós numa segunda-feira. Mas aqui entra a ciência, e não precisa ser arrogante pra dizer isso. Hoje nós sabemos que dar ovo pra animal convulsionando não só não ajuda como pode piorar a situação (além de dar uma pneumonia por aspiração de brinde). Banha na ferida? Funciona bem… pra assar pão, não pra cicatrizar pele. Café no corte? Só serve pra fazer uma esfoliação local. O que quero dizer é simples: tradição é coisa séria, mas saúde animal é mais séria ainda. Dá pra respeitar o passado sem repetir os erros dele. Assim como não precisamos mais ferrar cavalo com prego aquecido no fogão a lenha, também não precisamos improvisar “remédios” que já sabemos que não funcionam. O gaúcho verdadeiro honra o que vem de antes, mas também aprende, evolui, melhora. Então, quando teu cavalo tropeçar, teu cachorro desmaiar ou teu gato aparecer com um corte, faz favor: guarda o ovo pra gemada, a banha pro carreteiro e o café pra acordar o peão. Pros bichos, deixa que o veterinário, dá conta do recado. E sigo tomando mate, como manda a tradição. Mas se meu cusco convulsionar, juro que não vou puxar a língua dele pra fora com medo que ele engula ela ( mais um mito). Abraço do vet.
De onde vem as informações de tempo e clima?
Pode até passar despercebido para muitas pessoas o quanto é importante ter informações sobre o tempo e o clima de uma região. Cotidianamente, precisamos saber se vai chover, se vai ventar, se vai fazer calor ou, a mais longo prazo, se o verão será muito quente ou seco. E, para responder a essas perguntas, geralmente recorremos às instituições que fazem a previsão do tempo e do clima, para obtermos essas informações tão essenciais para a vida de todos. Mas você já se perguntou de onde vêm as informações de temperatura, pressão, vento, chuva, entre outras variáveis atmosféricas, que permitem fazer essas previsões? Pois bem, essas informações são obtidas de Estações Meteorológicas Convencionais e Automáticas espalhadas ao redor de todo o mundo. Esses dados atmosféricos, sincronizados globalmente, formam a base necessária para que tenhamos boas previsões do tempo e, quando acumulados ao longo de muitos anos, também permitem a caracterização e previsão do clima, além de serem fundamentais para avaliar e medir as mudanças climáticas em curso. Você sabia que temos uma Estação Meteorológica Convencional de Santa Maria (ESMETSM) dentro do campus da Universidade Federal de Santa Maria? E não é qualquer estação: trata-se de uma Estação Climatológica Principal (ECP). Ser uma ECP significa que ela realiza observações climatológicas e sinóticas em três horários (00:00, 12:00 e 18:00 UTC — Tempo Universal Coordenado), além de registros horários feitos por equipamentos automáticos. Ela possui um número mínimo de instrumentos, como: abrigo meteorológico, termômetros de máxima e mínima, psicrômetro, pluviômetro, barômetro, catavento, anemômetro e anemógrafo, evaporímetro de Piche, barógrafo, termohigrógrafo, pluviógrafo, heliógrafo, termômetros de solo e um Atlas de Nuvens. A ESMETSM opera todos os dias do ano, realizando a coleta das informações dos equipamentos meteorológicos três vezes ao dia, além de registrar continuamente os fenômenos atmosféricos. As informações coletadas nas observações são tradicionalmente arquivadas em documentos físicos chamados Mapas de Observação Meteorológica. Esses mapas são organizados por mês e estão disponíveis para consulta no escritório da estação. Atualmente, a ESMETSM localiza-se no Departamento de Fitotecnia, sob os cuidados do Centro de Ciências Rurais da UFSM, na cidade de Santa Maria — Rio Grande do Sul (29,7°S, 53,7°W e 95 metros de altitude). Quando foi fundada, em 1º de janeiro de 1912, localizava-se no centro da cidade, na Praça Saldanha Marinho, e pertencia ao Instituto Regional de Meteorologia Coussirat Araújo, cuja sede era em Porto Alegre, na Escola de Engenharia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Em 1968, passou a pertencer ao Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) e, em junho do mesmo ano, foi transferida para a atual localização por meio de um Acordo de Cooperação Técnica entre o 8º Distrito de Meteorologia do INMET e a UFSM. Nos primeiros anos da ESMETSM, a sua relação com a sociedade era um pouco diferente. Por meio de uma pesquisa no jornal da época chamado Diário do Interior, na coluna “O Tempo”, pertencente ao Arquivo Histórico Municipal de Santa Maria, podemos perceber que, nas primeiras notícias, havia poucas informações exatas de dados atmosféricos, apresentando apenas as sensações dos elementos meteorológicos por meio de textos curtos e poéticos. Com o passar do tempo, nota-se a mudança na forma de divulgar essas informações, que se tornaram cada vez mais objetivas e claras, com dados observados que caracterizavam o tempo daquela época. Hoje, a ESMETSM é procurada por várias pessoas e instituições durante todo o ano, tanto para conhecer seu funcionamento (como atividade complementar em cursos superiores, técnicos, médios e fundamentais) quanto para obter dados meteorológicos regionais utilizados em atividades agrícolas, industriais e midiáticas. Além de gerar um banco de dados sobre os elementos meteorológicos da região central do estado, como fonte de informações para o desenvolvimento de pesquisas sobre tempo e clima, a estrutura física da estação também funciona como um laboratório de ensino para estudantes e profissionais de todos os níveis de escolaridade, e ainda exerce um papel de extensão universitária, levando informações úteis sobre o tempo e o clima de Santa Maria e região para a população em geral. Dessa forma, a ESMETSM contribui com a missão e o dever da universidade pública no Brasil, atuando de forma integrada nos três eixos do desenvolvimento: ensino, pesquisa e extensão. Imagem 1 – Foto da Estação Meteorológica Convencional de Santa Maria de 1927, localizada na Praça Saldanha Marinho, no centro da cidade de Santa Maria. Fotografia cedida do acervo pessoal do Prof. José Antonio Brenner, Arquiteto, professor da Univ. Fed. de S. Maria-UFSM (1960-90), pesquisador de história, com ênfase na imigração alemã. Imagem 2 – Foto da Estação Meteorológica Convencional de Santa Maria de 2018 (ano em que a ESMETSM completou 50 anos na atual localização), localizada no campus da Universidade Federal de Santa Maria, no bairro Camobi da cidade de Santa Maria. Imagem 3 – Coluna “O Tempo” do Jornal “Diário do Interior” de 11 de fevereiro de 1912. Imagem 4 – Coluna “O Tempo” do Jornal “Diário do Interior” de 14 de fevereiro de 1912.
Beleza de Viver: Elegância também é respeitar a tradição
Nos últimos dias, tenho vivido intensamente o acampamento farroupilha de Santa Maria. Um espaço onde se sente o cheiro do fogo de chão, se escuta a música que embala gerações e se observa, de perto, a força de uma cultura que não deixou de pulsar no coração dos gaúchos. Confesso que, na infância, quando vivi em uma pequena cidade do interior gaúcho, onde as tradições eram intensamente preservadas, meu envolvimento com esse universo foi mínimo. Poucas vezes estive no CTG local ou em rodeios, e só o fazia porque família e amigos participavam. Mas a vida tem suas voltas, e há dois anos, através do piquete fundado pelo meu irmão, reencontrei esse universo. E para minha surpresa, descobri nele uma beleza que antes não percebia. Este ano, tenho participado todos os dias das atividades do acampamento. E, observando ao redor, percebo como as roupas ainda são tema de conversa: alguns vestem-se de forma muito distante da tradição, outros seguem à risca o traje típico. Eu mesma não vou a rigor – não me sentiria autêntica -, mas busco encontrar um equilíbrio: dentro do meu estilo, respeito aquilo que a cultura pede. Porque elegância também é isso: reconhecer a história, respeitar o ambiente e se apresentar de forma adequada, sem perder a própria essência. Não se trata apenas de usar bombacha ou vestido de prenda, mas de honrar a tradição com gestos, atitudes e escolhas que demonstram consideração. No fim, a Semana Farroupilha nos lembra que a verdadeira beleza está em manter vivas as raízes. Em cultivar a identidade sem abrir mão de quem somos. Em vestir-se não apenas para si, mas em reverência ao que nos antecede. E é nesse ponto que tradição e estilo se encontram: quando conseguimos ser fiéis à nossa essência, mas sem esquecer a história que nos sustenta. Feliz Dia do Gaúcho! Com alma, beleza e propósito, Mariane Verardi
