Nos últimos dias, o mundo científico presenciou um daqueles raros momentos em que a esperança parece finalmente tocar o impossível. Pesquisadores da Universidade de Stanford anunciaram um avanço extraordinário: em estudos recentes, conseguiram reverter a diabetes tipo 1 em camundongos, sem necessidade de insulina e sem rejeição ao transplante. É um passo ainda experimental, sujeito aos desafios naturais entre o laboratório e a vida humana, mas um passo que ilumina, com força inédita, o horizonte de milhões de famílias. Para quem conhece a rotina exaustiva da diabetes tipo 1, essa notícia carrega um peso emocional profundo. Fala com mães e pais que acordam de madrugada para medir glicose, com jovens que enfrentam punções diárias e com adultos que, mesmo disciplinados, convivem com medos silenciosos. Fala também com as entidades que se dedicam a apoiar essas famílias, muitas vezes sem recursos, mas com uma coragem que nenhuma ciência é capaz de medir. Em Santa Maria, esse sentimento tem nome e rosto: a Associação Formigas, que há tempos acolhe, orienta, educa e estende a mão a quem enfrenta essa realidade. Ali, cada criança é tratada como prioridade, cada mãe é amparada, cada dúvida é recebida com paciência e cada gesto é movido pela convicção de que ninguém deve carregar esse peso sozinho. Já tive a oportunidade de acompanhar e apoiar o trabalho das Formigas e sei o quanto essa associação representa dignidade, enfrentamento e humanidade. É justamente por isso que um avanço como o de Stanford nos toca tão fundo. Não porque seja uma cura pronta, pois ainda não é. Mas porque, pela primeira vez em muito tempo, vemos cientistas de renome mundial demonstrando que a modificação combinada do sistema imunológico pode interromper o mecanismo que destrói as células produtoras de insulina. Nos camundongos estudados, um transplante suave de células-tronco sanguíneas e de células das ilhotas pancreáticas permitiu restabelecer o equilíbrio do corpo de forma contínua. Eles viveram meses sem injeções e sem rejeição ao tratamento. É cedo para transpor esse resultado para humanos. Exige segurança, novas etapas, ética e paciência. Mas não é cedo para sonhar e muito menos para agir. As associações como a Formigas precisam, mais do que nunca, de fortalecimento. Precisam de estrutura, de visibilidade, de políticas de apoio e de parceria com o poder público. A ciência avança, mas são essas entidades que amparam as famílias no agora. São elas que carregam a esperança cotidiana enquanto a medicina trabalha pelo futuro. Santa Maria tem tradição em acolher lutas pela saúde, e deve seguir firme. Como vereador, tenho buscado, sempre que possível, apoiar iniciativas sociais e de saúde que dignificam a vida das pessoas. E reafirmo aqui meu compromisso: seguirei ao lado de entidades que enfrentam realidades duras, que levam informação e cuidado, e que mantêm acesa a confiança de tantas famílias. A descoberta da Stanford é um farol distante, mas real. Um convite para acreditarmos no que a ciência pode construir e para fortalecermos quem está na linha de frente do cuidado. O futuro pode, sim, ser transformador. E cabe a nós garantir que, até lá, todas as pessoas com diabetes tipo 1 sejam amparadas, respeitadas e valorizadas. Hoje, celebramos a esperança. Amanhã, continuamos trabalhando. Sempre ao lado de quem mais precisa.
Uma vitória histórica dos servidores municipais
Menos de um mês após enviar os projetos de reforma da previdência dos servidores municipais à Câmara de Vereadores, o prefeito Rodrigo Décimo (PSD) anunciou na última sexta-feira, a suspensão da tramitação dos projetos. Apesar de dizer que não se trata de “recuo”, a medida é uma vitória histórica para o funcionalismo que deu uma verdadeira aula de mobilização e combatividade ao longo dos últimos meses, e uma derrota igualmente grande para o governo que, mesmo antes de enviar os projetos ao Legislativo, já dava sinais de que não seria capaz de levar adiante esse ataque brutal aos servidores. A demora para a apresentação da proposta, e a incapacidade da própria base governista de defender abertamente os projetos, foram evidenciando a fragilidade do Executivo. A aprovação de uma Moção de Apelo pela retirada dos projetos (de nossa autoria) por ampla maioria, incluindo vereadores governistasescancarou a debilidade, que foi confirmada na última quinta-feira, quando o governo não conseguiu sequer ver ser votado o projeto que obriga os servidores escolherem entre contrair um empréstimo para receber o 13º em dia, ou ter esse salário parcelado ao longo de 10 meses, a partir do ano que vem! O anúncio da suspensão da tramitação dos projetos – embora ainda não se saiba ao certo de que forma se dará – sem dúvida, parte de um cálculo político de quem não via outra saída se não o recuo. É fruto direto da luta enérgica de professoras, professores e servidores que nas últimas semanas lotaram as galerias e a frente da Câmara de Vereadores, sinalizando que permaneceriam vigilantes enquanto os projetos estivessem na Casa. Sem dúvida, essa vitória, ainda que momentânea, é prova de que a luta é a única forma de arrancar conquistas concretas e barrar a retirada de direitos. Ao longo desta semana, vamos saber melhor do que se trata essa “suspensão” da Reforma. Sem dúvida, também estaremos atentos a toda movimentação envolvendo esses projetos para que não haja nenhuma manobra de última hora. Uma vez efetivada, que essa suspensão sirva para o governo deixar de lado a arrogância e procurar uma alternativa em diálogo com o funcionalismo, a Câmara de Vereadores e o conjunto da sociedade. Uma alternativa construída democraticamente, e que para começar, não penalize os servidores pela atual situação das contas públicas que, como já dissemos diversas vezes, é herança dequase uma década de governos Pozzobom e Décimo (PSDB/PSD). De qualquer forma, mesmo essa possibilidade de diálogo e construção coletiva, nós sabemos, só terá chance de se concretizar, se a mobilização se manter intensa. Que essa vitória não sirva para nos dispersar, mas para sar a energia e a disposição de que precisamos para seguir a luta até a vitória total. Por enquanto, tudo o que podemos dizer é: Parabéns às servidoras e aos servidores!Não à Reforma da Maldade!
Estação Sicredi: um espaço de cooperativismo, cultura e negócios em Santa Maria
Por: Reinaldo Guidolin O Sicredi, instituição financeira cooperativa da América Latina com mais de 9.5 milhões de associados e com presença em todo o Brasil, inaugurou recentemente em Santa Maria a Estação Sicredi. Um local com objetivo de fomentar o cooperativismo, promover a cultura e impulsionar os negócios da região. Localizado na tradicional Avenida Rio Branco 142 no mesmo local onde foi a primeira Sede própria da Sicredi Região Centro RS/MG em 1941, o espaço foi concebido para inspirar conexões, valorizar a cultura local e impulsionar iniciativas que transformam realidades. Segundo o presidente do conselho de administração cooperativa, Pedro Dias Ferreira “a Estação Sicredi é um símbolo do nosso compromisso com o desenvolvimento sustentável e com a construção de uma sociedade mais colaborativa e participativa”. Um espaço com múltiplas possibilidades A Estação Sicredi conta com três ambientes especialmente planejados para proporcionar uma experiência única aos visitantes. No primeiro andar, está instalado um espaço moderno com tecnologias interativas que narram a história do cooperativismo e a trajetória da Sicredi Região Centro RS/MG, conectando passado, presente e futuro de forma dinâmica e educativa. No segundo andar, o visitante encontra um espaço café acolhedor e um auditório multiuso para eventos, palestras, oficinas e apresentações. É um ambiente pensado para exposições e apresentações culturais, capacitações, reuniões empresariais e ações com foco em educação financeira, empreendedorismo e inovação. Já no terceiro andar, está localizada uma agência no formato relacional, onde o atendimento é personalizado e voltado para fortalecer o relacionamento com os associados, oferecendo soluções financeiras alinhadas às necessidades de cada um. Além de toda a infraestrutura, a Estação Sicredi valoriza a arte e a cultura local. As paredes são adornadas com pinturas de artistas da região, trazendo um toque de criatividade e identidade cultural ao ambiente. Na agência essa valorização se estende com quadros pintados por entidades do terceiro setor associadas ao Sicredi, reforçando o compromisso da cooperativa com a comunidade e a cultura local. Para o diretor executivo, Luiz Alberto Machado Lopes, “trata-se de um investimento em pessoas e no fortalecimento da economia local, por meio de experiências que unem conhecimento, arte, educação, negócios e inovação”. A Estação Sicredi é feita para você. A Estação Sicredi está de portas abertas para artistas, entidades e associações locais, que podem agendar exposições, lançamentos, apresentações e oficinas. Também recebe empresas interessadas em realizar encontros, treinamentos ou eventos corporativos em um espaço cooperativo e moderno. Além disso, escolas e instituições de ensino são convidadas a participar de visitas guiadas, ações educativas sobre o cooperativismo, fortalecendo a formação cidadã das novas gerações. O horário de atendimento é de segunda a sexta das 9h às 17h. Agendamentos de visita e informações sobre o uso do espaço podem ser obtidas através do e-mail coop0434_estacao@sicredi.com.br. A Estação Sicredi é muito mais do que um prédio, é um ponto de encontro entre pessoas, ideias e oportunidades.
Vitivinicultura: bom para a economia e para a cultura gaúcha
Quem é gaúcho seguramente já ouviu ou cantou os versos do saudoso Teixeirinha: “Querência amada dos parreirais/ Da uva vem o vinho, do povo vem o carinho/ Bondade nunca é demais”. A canção, que é uma espécie de hino informal do Rio Grande do Sul, exalta a importância econômica e cultural da uva, fruta milenar, muito ligada à cultura italiana. Morena, Vitória, Zilá, Isis são algumas das cultivares de uva de mesa, desenvolvidas pela Embrapa, mas também têm a Carmem, Lorena, Bibiana e muitas outras cultivares, próprias para a indústria de vinho e suco. Líder nacional na produção de uvas, o Rio Grande do Sul responde por mais de 900 mil toneladas anuais, cultivadas em cerca de 47 mil hectares. O Estado reúne cinco principais polos produtores: Bento Gonçalves, Dom Pedrito, Erechim, Encruzilhada do Sul e Vacaria. Na região Central, Jaguari, Cacequi, Pinhal Grande, Santiago e Silveira Martins se destacam na produção de vinhos e sucos. O segmento ocupa aproximadamente 150 hectares distribuídos entre 114 propriedades, com produção estimada de 1.720 toneladas. A atividade reforça a geração de renda e o valor agregado aos produtos finais, contribuindo para a permanência das famílias agricultoras no campo. Já na viticultura voltada ao consumo de uva de mesa, sobressaem-se Silveira Martins, Mata, Itaara e São Francisco de Assis. Nessa modalidade, a região Central soma 47,55 hectares em 71 propriedades, com produção estimada em 426 toneladas, o que evidencia sua relevância socioeconômica para os produtores locais. O cenário confirma o papel estratégico da fruticultura regional e o peso da Agricultura Familiar no desenvolvimento econômico territorial. Dados do Cadastro Vitícola Nacional mostram que, no Brasil, 50% da produção de uvas é destinada à indústria — especialmente para vinhos, sucos e espumantes —, enquanto a outra metade abastece o mercado de uvas de mesa. Atuação da Emater/RS-Ascar Na região Central, a Emater/RS-Ascar desempenha papel essencial no fortalecimento da viticultura. A instituição orienta agricultores sobre manejo adequado das videiras, conservação do solo, irrigação e adoção de práticas sustentáveis, além de incentivar atividades complementares que contribuam com a cadeia produtiva da cultura com amplo empenho nos processos de agroindustrialização. A instituição também participa de projetos de pesquisa voltados à resiliência da viticultura em áreas de encosta, com foco na mitigação de riscos climáticos e na sustentabilidade ambiental. Cursos, demonstrações de boas práticas e apoio à certificação de produtos contribuem para a valorização da cultura do vinho e da tradição italiana, fortemente presente na formação histórica da região. A integração entre assistência técnica, pesquisa e protagonismo das famílias rurais tem impulsionado a modernização do setor, estimulando inovação, geração de renda e fortalecimento dos valores culturais associados à atividade. A continuidade de investimentos públicos e privados, aliada ao avanço tecnológico e ao apoio institucional, é apontada como fundamental para manter a competitividade da viticultura regional e ampliar sua presença nos mercados estadual, nacional e internacional. Mais que um setor produtivo, a vitivinicultura se afirma como elemento central da identidade cultural do Rio Grande do Sul, especialmente nas regiões marcadas pela herança cultural italiana, onde o cultivo da uva e a produção de vinho são parte do cotidiano e da memória afetiva das famílias.
Quando o invisível nos toca
Peço licença, e até um perdão sincero aos leitores desta coluna que estão habituados com minhas reflexões sobre temas jurídicos. Hoje, porém, permito-me escrever algo diferente, ainda que eu realmente não veja grande distância entre um texto humano e um texto jurídico, porque acredito que ambos se entrelaçam. Vida e Direito lidam com conflitos, escolhas, limites, consequências e com essa fascinante e, às vezes, desgastante experiência de lidar com pessoas. Há mais paralelos entre uma decisão emocional e uma decisão judicial do que estamos dispostos a admitir. Este mês foi corrido, intenso e cheio de desdobramentos. Financeiramente bom, mas energeticamente desgastante. Me senti cansada, estafada, exausta. Situações começaram a aparecer como uma avalanche, uma após a outra, quase debochando da minha tentativa de organizar a vida. E eu, colérica que sou, reagindo como sempre reajo, de forma prática, impulsiva e impaciente. Tomo decisões rápidas, mas nos oito segundos que sucedem essas decisões penso demais, racionalizo tudo, até aquilo que nasceu do impulso mais visceral. É um paradoxo, eu sei, mas é o meu ritmo interno, e aprendi a conviver com ele. E, sinceramente, é uma caracterização abonadora! Não acredito em coincidências. As coisas acontecem por uma razão, mesmo quando essa razão se apresenta mascarada de caos. E foi justamente na semana em que tudo parecia não estar alinhado que encontrei uma página falando sobre energia e sobre como influências externas podem afetar a nossa vida. Não era novidade para mim, sempre li muito sobre isso, mas dessa vez resolvi testar. Fiz as sessões e, no fundo, não me surpreendi ao perceber o quanto de energia negativa de outras pessoas pairava sobre mim, justamente no mês em que coisas essenciais estavam sendo modificadas na minha vida. Não exagero, não atribuo tudo a inveja ou campos magnéticos mal alinhados, mas também não ignoro que certos pesos não são nossos, e que certas intenções não chegam pela porta da frente. Lembrei de Oscar Wilde, que sempre foi preciso ao descrever a alma humana, “A cada bela impressão que causamos, conquistamos um inimigo, para ser popular é indispensável ser medíocre”. Essa frase explica mais do que gosto de admitir. Há pessoas que nos odeiam não pelo mal que fizemos, mas pelo bem que somos. Pessoas que jamais serão o que você é transformam isso em motivo para te detestar. E ninguém deveria precisar se preocupar com isso, mas precisa. Porque a vida, assim como o Direito, não funciona apenas com princípios, funciona com fatos, com realidades, com consequências palpáveis. Minha mãe sempre repetiu um conselho que só aprendi a valorizar depois de adulta, não sangre em tanque de tubarões. Hoje entendo o que ela queria dizer. Não se trata de viver escondida, mas de escolher com cuidado onde e para quem você mostra suas vulnerabilidades e, principalmente, onde você deposita seu brilho. Há também aquele ditado certeiro, prego que se destaca leva martelada. A vida comprova. Principalmente, a minha! E quando penso no quanto nos preocupamos com coisas que “não deveriam nos afetar”, lembro do quão humano é desejar, em silêncio, que alguém que nos feriu tropece também. Quem nunca pensou, “bem que podia…”? Parece mesquinho, mas normalmente nutrimos esse tipo de sentimento por pessoas que fizeram o mesmo conosco, e isso é humanamente perdoável. Às vezes o que desejamos é tão menor, tão insignificante perto do que recebemos, que quase se torna um “crime privilegiado” emocional. Há até certo alívio em ver que a vida devolve, vez ou outra, aquilo que nos tiraram. Sentimento humano não é tese jurídica, mas é compreensível. Quando, porém, alguém vive desejando o mal como regra, aí sim a vida devolve, porque desejar infelicidade gera infelicidade, mesmo que soe piegas dizer isso. Eu acredito que tudo volta. Às vezes devagar, às vezes discretamente, às vezes em silêncio. Mas volta. E em tudo isso, volto à minha premissa, sou senhora da minha vida, e o que não me mata me fortalece. Hoje, mais madura, reconheço que vale a pena emanar energia boa, amar mais, preocupar-se menos com o que os outros pensam e compreender que apresentar demais cedo demais pode colocar um alvo nas nossas costas. Ninguém quer isso. Às vezes mostrar apenas parte do que somos é proteção. Desabrochar lentamente também é estratégia. Nenhum girassol nasce inteiro, antes disso é semente, e semente ninguém consegue podar. Então sim, experimente preocupar-se, mas com medida. Experimente ser feliz pelos outros. Experimente reconhecer sua humanidade sem deixar que ela vire fraqueza. E não viva apenas do lado primitivo das emoções, ele existe, mas não deve comandar tudo. A semente cresce mesmo quando ninguém está olhando, e cedo ou tarde, ela devolve, por si só, o que precisa ser devolvido. E já que falo de tempo, lembro da personagem de De Repente 30, que desejava ardentemente chegar aos trinta para finalmente ter uma vida perfeita, apenas para descobrir que a pressa de ser adulta cobra seu preço. A trilha do filme, Vienna, de Billy Joel, traduz exatamente isso, “Slow down, you crazy child, you’re so ambitious for a juvenile”, que significa algo como desacelera um pouco, criança, você está correndo demais para alguém que ainda tem muito pela frente. E mais adiante, “you can’t be everything you want to be before your time”, ou seja, você não pode ser tudo o que deseja ser antes da hora. Nem no Direito, nem na vida, nem numa coluna de revista existe glória na pressa. Existe poder no ritmo, existe força no silêncio estratégico, existe maturidade em escolher quando florescer. E existe paz em entender que a nossa própria felicidade, luminosa ou discreta, já basta para fazer murchar tudo aquilo que nunca nos pertenceu. Nem sempre é sobre nós. Mas sempre vai ser como escolhemos permitir (ou não) que nos afete. Eizzi Benites Melgarejo – advogada OAB/RS 86.686
Rabelo Máquinas de Costura e Bordado: 30 anos de história, conquistas e propósito
No dia 30 de novembro de 1995, nascia uma história que se tornaria referência no setor têxtil do Rio Grande do Sul. A então FV Máquinas de Costura foi fundada por Adão Fialho Rabelo e Joelson Vieira, ambos colaboradores da tradicional Fraga & Beckert (FB Máquinas Industriais). Ao adquirirem a empresa, mantiveram a essência do negócio e iniciaram uma nova fase, instalados na Rua Venâncio Aires, no centro de Santa Maria. O nome refletia essa parceria: FV, de Fialho e Vieira. Em 1999, Adão assumiu sozinho a condução da empresa, concentrando-se na prestação de serviços de manutenção de máquinas de costura — área em que sempre demonstrou seriedade, competência e uma dedicação que logo o tornaram referência técnica em Santa Maria e em toda a região. Porém, em 2001, um trágico acidente de trabalho interrompeu sua trajetória. Adão deixou muito mais que uma empresa: deixou um legado de profissionalismo e credibilidade, valores que se tornariam a base sólida para o futuro do negócio — agora conduzido pelo seu filho, autor deste artigo. Aos 22 anos, os desafios eram inúmeros: encontrar um novo técnico, conquistar a confiança do mercado e aprofundar um conhecimento até então limitado sobre o universo das máquinas têxteis. A experiência adquirida na adolescência, montando máquinas ao lado do pai, foi determinante para iniciar essa nova etapa. Com a contratação de um técnico e o amadurecimento natural da gestão, tornou-se claro que era necessário fortalecer o varejo, complementando a prestação de serviços com a venda de máquinas. Essa estratégia foi decisiva para expandir a atuação e abrir caminho para um ciclo de crescimento. A partir de 2003, já comercializando máquinas domésticas e industriais, iniciaram-se investimentos contínuos em capacitação técnica e atualização tecnológica. Foi nesse período que chegaram as primeiras máquinas de costura e bordado computerizadas, impulsionando ainda mais a evolução da empresa. Em 2005, numa iniciativa estratégica de modernização e fortalecimento da marca, passamos a atuar com o nome fantasia que nos acompanha até hoje: Rabelo Máquinas de Costura e Bordado. Desde então, o ritmo de crescimento nunca mais parou. Participamos das maiores feiras de máquinas e equipamentos das Américas, aproximando-nos das novidades e tendências mundiais. Em 2015, estivemos na Conferência de Distribuidores Americanos, na China, ocasião em que conhecemos de perto a estrutura fabril da JACK — líder mundial em exportação de máquinas. Esse marco coincidiu com a implementação do nosso e-commerce, dando início ao modelo de atuação figital. Com a pandemia da covid-19, quando o isolamento social impactou fortemente o varejo tradicional, a Rabelo acelerou sua presença online. Além do site próprio, ingressamos nos maiores marketplaces do país e expandimos nossas vendas para todo o território nacional, consolidando uma operação robusta, moderna e preparada para novos desafios. Hoje, comemorando 30 anos de mercado, a Rabelo Máquinas de Costura e Bordado é reconhecida como uma das maiores, mais completas e mais estruturadas lojas do segmento no Rio Grande do Sul. Atendemos desde grandes indústrias até pequenos ateliês, artesãs da costura criativa e costureiras autônomas — levando tecnologia, confiança e suporte técnico especializado. Encerramos esta celebração com gratidão profunda. Agradecemos a cada cliente — das grandes indústrias às pequenas confecções, faccionistas, artesãs e costureiras — que confiaram no nosso trabalho. Agradecemos também a cada colaborador e a todas as pessoas que fizeram parte da nossa história. Sigam conosco. 2026 trará uma grande novidade que promete surpreender todo o mercado.
GOLPE DO FALSO ADVOGADO: QUANDO O CRIMINOSO VESTE A TOGA
I. INTRODUÇÃO: QUANDO O GOLPE CHEGA NO MEIO JURÍDICO Nos últimos anos, a criminalidade digital evoluiu para estratégias cada vez mais audaciosas. Uma das fraudes mais perigosas da atualidade é o golpe do falso advogado, uma armadilha que se aproveita da confiança natural que os cidadãos têm na figura do advogado — especialmente quando já são partes em processos judiciais. Nesse tipo de golpe, criminosos se passam por advogados reais, muitas vezes utilizando nomes, números de OAB e até logotipos de escritórios autênticos, para aplicar fraudes em clientes vulneráveis. Usam informações processuais verdadeiras — obtidas via sites dos tribunais — e abordam vítimas com discursos convincentes, geralmente relacionados a supostos alvarás liberados, precatórios, acordos judiciais ou honorários pendentes. O golpe é sofisticado, rápido e tem causado graves prejuízos financeiros e morais, inclusive a escritórios sérios que têm seus nomes utilizados indevidamente. II. COMO FUNCIONA O GOLPE DO FALSO ADVOGADO? Esse tipo de golpe se estrutura em três etapas principais: 1. Coleta de informações públicas (ou vazadas) Os golpistas acessam dados públicos nos sites dos tribunais (TJ, TRF, TRT), onde constam: • Nome das partes do processo; • Número do processo; • Nome do advogado; • Andamento processual (ex: “intimação de liberação de valores”, “alvará disponível”); • E às vezes até documentos juntados. Com isso, os criminosos sabem o suficiente para parecerem legítimos e confiáveis. 2. Abordagem da vítima O contato acontece geralmente por: • WhatsApp com foto e nome do advogado; • Ligação telefônica com número fixo ou celular; • E-mails falsos com domínios parecidos com os do escritório verdadeiro. A mensagem costuma dizer: “Seu alvará foi liberado, precisamos apenas da confirmação dos seus dados bancários para realizar o depósito do valor.” Ou então: “Foi homologado um acordo no seu processo e há um valor a ser transferido, mas é necessário o pagamento antecipado dos honorários sucumbenciais ou tributos judiciais.” A vítima, ao ver que o número do processo confere, e que os dados são os mesmos que constam no processo dela, baixa a guarda e acredita estar realmente falando com o seu advogado. 3. Execução do golpe A vítima: • Envia dados bancários, documentos e informações pessoais; • Faz depósitos para contas dos criminosos acreditando ser “taxa do cartório”, “IR do precatório”, “antecipação de honorários” etc; • Percebe o golpe tarde demais, geralmente após o advogado verdadeiro ser contatado. III. O IMPACTO PARA VÍTIMAS E ESCRITÓRIOS O prejuízo não é apenas financeiro. Para a vítima: • Há perda imediata de valores; • Comprometimento emocional (sentimento de culpa, humilhação, medo de novos golpes); • Exposição de dados pessoais, aumentando o risco de novos ataques. Para o advogado verdadeiro: • Abalo de reputação; • Desconfiança por parte de outros clientes; • Risco de boletins de ocorrência ou até processos administrativos por má compreensão da vítima. Inclusive, há casos em que os criminosos criam perfis falsos em redes sociais ou duplicam o número de WhatsApp de advogados, com fotos, nome e até vídeos gravados da internet. IV. COMO PREVENIR O GOLPE DO FALSO ADVOGADO? Para o público em geral: • Nunca faça pagamentos antecipados sem confirmar pessoalmente com o escritório. • Desconfie de contatos desconhecidos, mesmo que mencionem número de processo real. • Valide o número do advogado no site da OAB (www.oab.org.br). • Entre em contato diretamente com seu advogado pelo telefone oficial ou e-mail cadastrado no contrato. Para escritórios de advocacia: • Oriente seus clientes constantemente, principalmente sobre como será feito o contato e de quais números eles devem esperar comunicação. • Inclua cláusulas no contrato explicando que não será solicitado qualquer pagamento via WhatsApp ou terceiros. • Crie alertas preventivos em suas redes sociais e site com avisos como: “ATENÇÃO: Nosso escritório não solicita pagamentos antecipados via PIX. Em caso de dúvida, entre em contato conosco por telefone fixo ou pessoalmente.” • Caso tenha o nome ou número utilizado indevidamente, registre boletim de ocorrência, comunique à OAB; V. O QUE FAZER SE VOCÊ OU SEU CLIENTE CAIU NO GOLPE? 1. Registrar imediatamente um Boletim de Ocorrência; 2. Notificar o banco da conta que recebeu os valores, pedindo o bloqueio preventivo; 3. Abrir reclamação no Banco Central e nas plataformas de defesa do consumidor Gov.br, Procon; 4. Reunir provas: prints da conversa, comprovantes de transferência, áudios, etc.; 5. Consultar um advogado especializado para analisar a viabilidade de ação de ressarcimento contra a instituição financeira envolvida — especialmente quando houver omissão no bloqueio ou negligência no controle das contas usadas no golpe. VI. CONCLUSÃO: A ADVOCACIA SOB ATAQUE O golpe do falso advogado representa uma ameaça concreta à confiança no sistema jurídico. Ao explorar o elo de confiança entre advogado e cliente, o criminoso mina não apenas o patrimônio da vítima, mas também a credibilidade da advocacia. A única forma de conter essa nova forma de golpe é por meio de informação, prevenção e atuação proativa dos escritórios e da sociedade. Advogar, hoje, também é orientar — e garantir que os canais de comunicação com o cliente sejam seguros e bem definidos. A advocacia digital exige não apenas domínio técnico, mas também vigilância constante contra as fraudes que a tecnologia trouxe. Elizandra Girardon – Especialista em Direito Bancário e Defesa do Executado, Execuções Rurais e Prorrogação de Dívidas
Arborização Urbana: a Infraestrutura Silenciosa que Pode Transformar
O Brasil acaba de lançar o primeiro Plano Nacional de Arborização Urbana (PlaNAU), um marco inédito e necessário. É um documento que reconhece, finalmente, o óbvio: cidades sem árvores são mais quentes, mais vulneráveis e mais desiguais. Mas a pergunta que precisamos fazer com honestidade, é simples: vamos transformar esse plano em ação concreta, ou ele corre o risco de se tornar mais um documento técnico que não sai do papel? Mesmo diante de evidências sólidas de que árvores podem reduzir até 12°C em áreas densas, filtrar poluentes, diminuir alagamentos e melhorar indicadores de saúde pública, ainda vemos a arborização urbana ser tratada, em muitos lugares, como “item acessório” e não como infraestrutura. Quantas vezes árvores são removidas por obras sem uma reposição adequada? Quantas vezes a fiação aérea decide a altura da copa? Quantas vezes a comunidade só é informada depois que a árvore já foi cortada? A crítica principal aqui não é ao conteúdo do PlaNAU, ao contrário, o plano é tecnicamente consistente, moderno e alinhado às melhores práticas internacionais. O problema está no intervalo perigoso entre a norma e a execução, entre o que se planeja em Brasília e o que se realiza nas ruas das cidades brasileiras. O PlaNAU representa um avanço, mas ele não se sustenta sozinho. Políticas nacionais só ganham força quando encontram municípios preparados com equipes técnicas consistentes, inventários atualizados, capacidade de fiscalização e integração entre secretarias. Sem isso, qualquer plano, por melhor que seja, perde eficácia no percurso até a ponta. E é aqui que entra o papel das cidades, inclusive Santa Maria. Assim como tantos municípios do país, Santa Maria está diante de uma oportunidade real: deixar de enxergar arborização como paisagismo e passar a tratá-la como infraestrutura essencial, diretamente ligada ao clima, à mobilidade urbana, à drenagem, à saúde e à qualidade de vida. Isso significa pensar árvores já no início dos projetos, e não depois que a calçada está pronta; significa integrar decisões entre urbanismo e meio ambiente; significa que a árvore não pode ser “um problema a ser contornado” mas parte da solução. Mas existe um lado extremamente positivo e esse é o ponto de virada.Temos conhecimento técnico acumulado, universidades fortes, equipes qualificadas, profissionais comprometidos e iniciativas locais que funcionam. Há competência sobrando no Brasil e em Santa Maria para fazer uma política de arborização bem planejada. O que falta, em muitos casos, é articulação:planejamento de longo prazo, continuidade entre gestões e a decisão política de avançar. Isso vale para todas as cidades do país. O PlaNAU aponta a direção, mas são os municípios que vão dizer se o caminho será percorrido. Porque, no fim das contas, arborização não é luxo.É adaptação climática.É proteção.É saúde pública.É bem-estar urbano.É infraestrutura do século XXI. E o PlaNAU nos lembra que o futuro urbano do Brasil vai depender, cada vez mais, da sombra que formos capazes de plantar e manter hoje.
VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA SOB A ÓTICA MÉDICO-LEGAL – O QUE A PERÍCIA REVELA ALÉM DO DISCURSO
Era fim de tarde quando subi ao palco do congresso para apresentar um tema que, por vezes, silencia corredores hospitalares e inquieta tribunais: violência obstétrica. Entre olhares atentos de médicos, advogados, gestores de saúde e estudantes, uma pergunta pairava no ar — seria possível diferenciar, com precisão técnica, o que é assistência obstétrica adequada e o que ultrapassa o limite ético, convertendo-se em violação de direitos? Naquele momento, percebi que mais do que uma palestra, tratava-se de um chamado. A medicina moderna exige ciência, mas a justiça exige prova, lógica e fundamentação. É nesse ponto que nasce a perícia médico-legal em obstetrícia, um campo que cresceu silenciosamente e hoje se tornou indispensável para compreender controvérsias assistenciais em sala de parto. Violência Obstétrica — Entre conceito, evidências e responsabilidade Embora o termo seja frequentemente debatido na imprensa, o olhar pericial segue um caminho diferente: menos emoção, mais evidência. Na prática médico-legal, reconhecer violência obstétrica significa responder a três perguntas estruturantes: — O ato obstétrico seguiu protocolos vigentes FEBRASGO, OMS, ACOG, CFM? — Físico, psicológico ou funcional. — Uma linha lógica, temporal e científica. Sem esses três elementos, não existe conclusão pericial possível — existe alegação, mas não fato técnico validado. O método que fundamenta o parecer médico-legal Durante o congresso apresentei, com base em diretrizes atualizadas da ABMLPM (2024), um método científico aplicado às demandas judiciais envolvendo parto e puerpério. Não basta relatar — é preciso demonstrar. O que o perito avalia? Elemento Técnico Pergunta pericial chave Documentação Existe registro das indicações clínicas? Protocolo Conduta está alinhada aos guidelines vigentes? Consentimento A paciente foi informada? Houve autorização? Nexo Causal O dano decorre logicamente da conduta? Essa estrutura evita subjetividade e torna clara a distinção entre intercorrência obstétrica possível e violência obstétrica comprovada. Quando o prontuário fala — e quando o silêncio documenta a verdade Uma das reflexões que mais impactou o público foi simples, porém poderosa: O que não está documentado, não existiu. Do ponto de vista pericial, ausência de indicação registrada para episiotomia, cesariana, manobras ou uso de ocitocina inverte o ônus probatório, sugerindo procedimento sem necessidade clínica. O silêncio do prontuário pode ser mais barulhento do que qualquer testemunho. Medicina e direito caminhando juntos Ao final da apresentação, a sensação era clara: o debate sobre violência obstétrica não se resolve apenas com opinião — exige método, ciência, literatura e responsabilidade técnica. O julgador decide. O advogado argumenta. Mas o perito esclarece. É nessa ponte entre saúde e direito que essa coluna nasce — acessível, tecnicamente sólida — para apoiar profissionais que atuam na linha tênue entre o cuidado e o litígio.
Avanços e resistência: dois projetos aprovados em tempos de luta
Nesta quinta-feira, em meio a uma sessão plenária marcada por intensas articulações, conseguimos aprovar dois importantes programas de minha autoria. Um deles é a Campanha dos Direitos Trabalhistas e Sociais, voltada a orientar trabalhadores, aposentados e a comunidade sobre seus direitos. O outro é o Programa Carrega Santa Maria, que autoriza a implantação de pontos de recarga para veículos elétricos em áreas públicas, em parceria com o setor privado. A aprovação desses projetos sinaliza que podemos construir e avançar mesmo enquanto defendemos com firmeza direitos já conquistados. Entretanto, não podemos ignorar a contradição trazida pela tentativa do Executivo de, de última hora e em sessão extraordinária, colocar em votação uma proposta de empréstimo ou parcelamento do décimo terceiro dos servidores no Banrisul. Essa medida não só contraria a necessidade de tempo para discussão adequada, mas também quebra a promessa do próprio Executivo de que projetos dessa natureza não seriam apresentados “a toque de caixa”. É nesse cenário que a resiliência dos servidores e suas representações sindicais, que se mantêm em vigília constante na Câmara, e a postura firme da bancada de oposição, que se retirou da sessão para impedir que houvesse quórum para votação, mostram a importância da união e da resistência. Ambos são exemplos de que, diante de tentativas de retrocesso, a vigilância e a defesa dos direitos são essenciais para garantir que nossa cidade avance de forma justa e transparente. Sigamos fortes, unidos e vigilantes. Nenhum direito a menos.
