Início este artigo de opinião, com uma provocação, aos gestores educacionais das instituições públicas e privadas. Precisamos saber por que da escassez de professores doutores na educação infantil e no ensino fundamental. A resposta não trata apenas de salários baixos e da ausência de uma progressão justa (pautas esses seculares dos educadores), mas sim, que a formação stricto sensu, quando chega á escola, incomoda, mexe na estrutura, desnaturaliza práticas e expõe contradições e muitas das vezes é vista como ameaça.
Gestar professores com currículo lattes de fato é um desafio e nem todos estão preparados. Professores pesquisadores, não raramente, são rotulados como “complicados”, “questionadores demais” ou “difíceis de lidar”. Não é por acaso, o sistema educacional prefere quem cumpre tarefas, bem ao modo da primeira revolução industrial, aliás as escolas têm sinetas, uniformes e métodos de controle, como as empresas do século passado, onde um aluno olha para a cabeça do outro. Sala interativa, rodas de conversa, atividades ao ar livre são taxadas como se o professor não estivesse ministrando aula. Tudo ao nosso redor evolui, a exceção da escola.
Desta forma, quando os doutores não têm espaço, a escola perde quem problematiza condições de trabalho, questiona os currículos, gestão e as políticas públicas. Este questionamento é que o ciclo de desvalorização da educação básica e fundamental, sem um fim, que afaste as tensões e garanta a descontinuidade de práticas que reproduzem desigualdades. No caso das escolas particulares, o pai e mãe pouco questionam as qualificações dos professores que educam seus filhos, pagam valores acima de uma salário-mínimo e o professores recebendo em média trinta e cinco reais a hora. Enfim, de pouquinho em pouquinho, nem sempre de forma sutil, o sistema nos afasta das etapas da educação mais transformadoras.








