Sempre ressalto em minhas aulas que temos que ter cuidado em analisar os dados, sendo esses compilados em sites confiáveis ou noticiados na imprensa. Nos pós pandemia e nos pós enchentes é fato que observamos a abertura de inúmeras empresas, dos mais diversos ramos. Alguns com visão limitada, dirão que estamos diante de uma recuperação da economia, outros mais atentos, vão verificar se este empreendedorismo é por oportunidade, ou necessidade, ambos gerados pela própria crise. Para o sociólogo Ricardo Antunes, professor do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), o empreendedorismo é um “mito”, que se fortalece em meio ao alto desemprego e ao enfraquecimento das políticas sociais disponibilizadas pelo Estado. No final de 2019, o Ministério da Economia autorizou motoristas de aplicativo como Uber e Garupa a se formalizarem por meio do MEI (Microempreendedor Individual), sendo que um dos membros da equipe econômica classificou esse tipo de trabalhador como sendo “empresário dele mesmo”. Nesse mesmo entendimento, o Superior Tribunal de Justiça (STJ), determinou que os motoristas que prestam serviços por meio de aplicativo de transporte, não possuem vínculo trabalhista com as empresas. O que esse exemplo quer nos dizer? A criação de empresas, através de microempreendedores, pode estar mascarando a incapacidade da sociedade como um todo em gerar empregos dignos, com direitos duramente conquistados. Essas medidas não significam evolução, novos tempos, ou trabalho tecnológico, mas sim novas modalidades deprimentes de subemprego ou sub trabalho. Converter trabalhadores em MEI, é como manipular dados estatísticos. No caso dos motoristas de aplicativo, por exemplo, eles utilizam seus automóveis, motos, bicicletas, mas não são autônomos, seguem regras, não definem preço, não controlam o algoritmo que define a localização e qual cliente pegar e são constantemente avaliados. E para aqueles que sempre tem um discurso raso e minimalista do “ao menos estão empregados”, concordo que estão, mas será que não gostariam de ter mais condições de trabalho, como férias e décimo terceiro? É por isso que a palavra empreendedorismo é poderosa, mesmo para aqueles que não compreendem seu conceito. Porém posso pressupor que a maioria dos empreendedores se sente só, desamparados e vivem a solavancos entre contas, estoques e estratégias de como vender mais em um cenário de concorrência predatória baseada na cultura do preço.
A Força da Oliveira: do Antigo Testamento ao solo gaúcho
“Entre todas as árvores, o primeiro lugar é reservado à oliveira.” A frase do estudioso romano Giulio Moderato Columella, do século I a.C., ilustra a importância milenar dessa árvore, cujos frutos e azeite foram essenciais na alimentação, medicina, higiene e até na iluminação da Roma Antiga. Séculos depois, a oliveira volta a simbolizar prosperidade — desta vez, em território gaúcho. Além disso, a oliveira carrega um forte simbolismo histórico e espiritual desde os tempos bíblicos. Na Bíblia, ela representa paz, bênção e fecundidade; o ramo de oliveira é até utilizado como símbolo de esperança, como quando a pomba levou um ramo de oliveira para Noé após o dilúvio, anunciando o fim das águas e o recomeço da vida. Essa forte tradição mostra que a oliveira é muito mais que uma árvore produtiva: é um símbolo de renascimento e prosperidade que atravessa milênios. Expansão no campo O Rio Grande do Sul lidera a olivicultura brasileira, com 6.200 hectares plantados em 110 municípios e 325 produtores. As principais áreas produtoras estão em Cachoeira do Sul, São Sepé, Encruzilhada do Sul, Pinheiro Machado, Canguçu, Caçapava do Sul, Santana do Livramento, Bagé, São Gabriel, Viamão e Sentinela do Sul. O cultivo de oliveiras no Estado começou de forma experimental em Uruguaiana, com mudas vindas da Argentina. Em 1948, a atividade foi oficialmente introduzida com apoio do governo estadual, que distribuiu mudas aos produtores. Mas o verdadeiro impulso veio a partir de 2005, quando a Secretaria da Agricultura trouxe mudas de um viveiro espanhol e tecnologia de cultivo adaptada ao clima gaúcho. Em parceria, Embrapa e Emater/RS-Ascar iniciaram a capacitação de técnicos e produtores, ampliando o conhecimento sobre a cultura. Desde então, o setor passou a se estruturar institucionalmente, com a criação do Grupo Técnico de Pesquisa e Extensão em Olivicultura (2008), da Câmara Setorial da Olivicultura (2012) e da Abertura Oficial da Colheita de Olivas, promovida anualmente pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi). Em 2015, o Programa Estadual de Desenvolvimento da Olivicultura (Pró-Oliva) consolidou o apoio governamental e privado à cadeia produtiva. Panorama nacional O Brasil conta hoje com cerca de 10 mil hectares de oliveiras cultivadas, distribuídas entre mais de 550 produtores em 200 municípios. Além do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Minas Gerais também se destacam na produção de azeite e azeitonas de mesa. Azeite gaúcho conquista o mundo Apesar de jovem, a produção gaúcha já acumula reconhecimentos internacionais pela qualidade do azeite extra virgem. Em 2023, foram produzidos 580 mil litros, volume que caiu nos anos seguintes devido ao excesso de chuvas — 193 mil litros em 2024 e 190 mil em 2025. Mesmo com as adversidades climáticas, o setor mantém ambições elevadas. Produtores apostam na expansão gradual e no aperfeiçoamento tecnológico para, no longo prazo, alcançar níveis de produção semelhantes aos líderes mundiais — Espanha (40% da produção global), Itália (22%) e Grécia (14%). Olivoturismo: o azeite como experiência A olivicultura também abriu espaço para uma nova vertente econômica: o olivoturismo. A proposta é aproximar visitantes do processo de cultivo das oliveiras e da produção do azeite, oferecendo degustações e vivências nas propriedades. No site da Seapi, há 18 empreendimentos cadastrados, sendo três na região Central do Estado. Além de fortalecer o vínculo entre consumidor e produtor, o olivoturismo tem se mostrado uma fonte de renda complementar e uma forma de sustentar economicamente os olivais nos primeiros anos de produção. Desafios e perspectivas Embora o Brasil produza azeites de excelência, a oferta de azeitonas ainda é limitada. Para superar esse gargalo, Emater/RS-Ascar, Seapi, Embrapa, Ibraoliva e produtores intensificam ações voltadas à melhoria genética das mudas, manejo sustentável e defesa sanitária das plantações. O trabalho integrado do Pró-Oliva tem sido fundamental para orientar produtores e fortalecer a cadeia produtiva, consolidando a olivicultura como um novo vetor de desenvolvimento econômico sustentável no Rio Grande do Sul.
A violência contra médicos e o colapso ético do sistema de saúde: quando o agressor é sintoma, não causa
A violência contra médicos no Brasil atingiu níveis alarmantes e expõe, de forma contundente, a falência ética e institucional do sistema de saúde. Segundo levantamento recente do Conselho Federal de Medicina (CFM), doze médicos são vítimas de algum tipo de violência todos os dias em estabelecimentos de saúde. Foram 4.562 boletins de ocorrência registrados em 2024, o maior número já documentado. Isso significa que, a cada duas horas, um médico foi alvo de ameaça, injúria, desacato, lesão corporal, difamação ou até furto, dentro de hospitais, prontos-socorros, clínicas, consultórios e outros espaços públicos e privados. Em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, quatro casos foram oficialmente registrados, número que, embora aparentemente modesto, revela uma escalada de hostilidade contra quem exerce a medicina em condições cada vez mais adversas. O problema, porém, não é apenas estatístico, é simbólico e cultural. Vivemos uma época em que a saúde pública se tornou palco de discursos populistas e de uma crescente intolerância social. O médico, que outrora era figura de autoridade e respeito, passou a ser retratado como o vilão de um sistema falido. A população, saturada de promessas não cumpridas e do colapso estrutural da rede pública, encontrou no profissional da saúde o bode expiatório ideal para a frustração coletiva. Políticos e influenciadores, movidos mais pelo interesse em capitalizar indignações do que por buscar soluções, invadem hospitais, filmam médicos exaustos em repouso, publicam vídeos distorcidos nas redes e transformam a realidade em espetáculo. A violência simbólica, amplificada pela internet, alimenta o ódio e legitima a agressão. O médico deixa de ser visto como o profissional que enfrenta diariamente o caos do sistema e passa a ser percebido como a personificação do próprio caos. Essa degradação moral da imagem do médico culminou na necessidade de uma resposta institucional. Em 2 de setembro de 2025, o CFM editou a Resolução nº 2.444/25, reconhecendo expressamente o direito do médico de exercer sua atividade em ambiente seguro. O óbvio, mas uma vez precisou ser dito. O artigo 2º é categórico: “É direito do médico exercer sua atividade profissional em ambiente que assegure sua integridade física e mental, incumbindo aos gestores e responsáveis técnicos a adoção de medidas necessárias.” O texto inaugura um marco regulatório fundamental ao impor responsabilidade direta aos diretores técnicos e gestores de unidades de saúde pela proteção dos profissionais. A resolução determina medidas concretas de segurança, como videomonitoramento, controle biométrico de acesso, áreas de refúgio, rotas de fuga, estacionamentos seguros e botões de pânico, além de prever suporte ao médico agredido. A unidade de saúde deve notificar o Conselho Regional de Medicina sobre qualquer ocorrência de violência, orientar o profissional sobre as providências cabíveis e auxiliá-lo no registro policial. Mais do que uma norma técnica, trata-se de uma reação ética ao abandono institucional que há décadas assola a categoria. O diretor técnico, por sua vez, passa a ser figura central na responsabilização: é seu dever impedir o acesso de pessoas não autorizadas a áreas restritas, como centro cirúrgico, pronto-atendimento, enfermarias, UTIs, consultórios e repousos médicos. Se essa obrigação não for cumprida, a unidade poderá sofrer interdição ética e o caso deve ser comunicado às autoridades policiais. Essa previsão busca coibir práticas cada vez mais frequentes, em que indivíduos muitas vezes sem qualquer vínculo com o serviço adentram ambientes hospitalares, filmam pacientes e profissionais e expõem dados e situações sensíveis, violando frontalmente a intimidade e a segurança institucional. No entanto, o aspecto mais grave dessa realidade é o linchamento digital. O mesmo estudo do CFM aponta que 6% das ocorrências (256 casos) decorreram de agressões virtuais, como calúnia, difamação e ameaças pela internet. O fenômeno das redes sociais transformou-se em tribunal paralelo, onde médicos são julgados sem perícia, sem contraditório e sem defesa. As consequências vão muito além do dano moral: a reputação profissional, construída em anos de dedicação, pode ser destruída em minutos. Diante disso, o apoio jurídico especializado torna-se essencial. Não apenas para representar o médico após o dano, mas para atuar preventivamente, instruindo-o sobre medidas de segurança digital, coleta de provas, registro de ocorrências e comunicação adequada com órgãos de classe. Sob o ponto de vista jurídico, o Estado e as instituições de saúde têm dever legal e ético de proteger o exercício da medicina. O direito do profissional à integridade física, mental e moral decorre não apenas da Resolução do CFM, mas dos princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana, da valorização do trabalho e da saúde como direito de todos e dever do Estado. Permitir que o médico exerça sua profissão sob medo é negar o próprio direito fundamental à saúde, pois nenhum sistema será eficiente se quem o sustenta está adoecido, desamparado e vulnerável. É preciso compreender que a violência contra médicos é sintoma, e não causa, do colapso da saúde pública. Ela nasce de uma sociedade que desumaniza quem cuida, de uma cultura que banaliza a agressão e de um poder público que terceiriza responsabilidades. Enquanto o discurso público continuar invertendo os papéis retratando o médico como culpado pelos erros estruturais do Estado, permaneceremos presos nesse ciclo de hostilidade e descrédito. A Resolução nº 2.444/25 representa um avanço jurídico e ético, mas não pode ser vista como solução isolada. A sua efetividade dependerá de fiscalização rigorosa, protocolos institucionais de segurança e uma mudança cultural profunda, que devolva ao médico o respeito e a proteção que sua função exige. O Direito, por sua vez, deve assumir papel ativo nesse processo, não apenas reprimindo as agressões, mas reconstruindo a confiança social entre profissionais e pacientes. Em última análise, a violência contra médicos revela o quanto a sociedade brasileira adoeceu. Não é apenas o corpo do profissional que sangra é o corpo moral do sistema de saúde. Enquanto os médicos continuarem sendo tratados como culpados pelo colapso que combatem diariamente, não haverá cura possível, nem para o sistema, nem para a humanidade que ele deveria servir.
Feira do Doce da Medianeira adoça o início da Romaria
Foto: João Vilnei/PMSM Neste sábado (1º), teve início a tradicional Feira do Doce da Medianeira, evento que marca o início das celebrações da 82ª Romaria Estadual da Medianeira. O salão e o Parque da Medianeira se transformaram em um verdadeiro paraíso dos sabores, reunindo mais de 40 mil unidades de doces e quitutes preparados por voluntários. As vendas seguem até o próximo sábado (8), das 9h às 20h, sem fechar ao meio-dia, ou enquanto durarem os estoques. Os preços variam a partir de R$ 6, com opções como pães, pastéis, cucas, tortas e uma variedade de doces artesanais — entre eles, bombocados, cocadas de maracujá e abacaxi, rapaduras, doces de batata-doce e de abóbora, além dos tradicionais “amor engaiolado” e “pé de moleque” com açúcar mascavo. O reitor da Basílica, padre Cristiano Quatrin, destacou o significado simbólico da feira, que une tradição, fé e partilha.“Essa é a nossa octagésima segunda romaria, aquele momento em que a fé vem junto com o doce. Tudo é preparado com muito carinho, por muitas mãos — mãos que rezam, trabalham e doam”, disse. O primeiro dia do evento foi marcado por intenso movimento. Desde as primeiras horas da manhã, famílias e devotos circularam pelo salão para garantir suas guloseimas favoritas. A aposentada Maria Catarina, de 60 anos, conta que espera o ano todo para comprar o doce de batata-doce.“Eu sou doceira, mas esse eu não consigo fazer em casa. Então, venho sempre aqui buscar o meu”, contou.Já a médica Jaqueline Hauber revelou o sabor que mais a remete à infância: “A rapadura de abóbora tem gosto de memória afetiva.” Além da feira, a programação religiosa da Romaria segue com a Trezena Penitencial, que ocorre até a próxima sexta-feira (7), sempre às 6h15 na Basílica, e com a Trezena Móvel, que percorre diferentes paróquias da Arquidiocese todas as noites. O encerramento será na sexta-feira (7), às 19h, com missa presidida por Dom Leomar Brustolin e bênção das canetas para os estudantes que farão o Enem. Neste Ano Jubilar da Esperança, o tema “Sob o olhar da Medianeira, peregrinos de esperança” inspira os fiéis a viver dias de fé, reencontro e doçura — no coração e no paladar.
Segurança em primeiro lugar
Como a engenheira Janaina Steckel transformou o PPCI no ponto de partida para um ecossistema completo de soluções em engenharia Por Mariana Rodrigues Para cada empresa em funcionamento, há um alicerce invisível sustentado por normas, projetos e aprovações técnicas que garantem legalidade e segurança. É nesse universo de detalhes e responsabilidade que atua a engenheira Janaina Steckel Retore, mais conhecida como Jana Engenharia, especialista em engenharia legal e prevenção contra incêndio. Com olhar atento, ela traduz exigências complexas em soluções práticas e transforma burocracia em liberdade para empreender com tranquilidade. Formada pela UFSM, Jana passou cerca de 10 anos em São Paulo, atuando em grandes projetos de infraestrutura que impactaram diretamente a dinâmica da metrópole. A decisão de empreender veio com o retorno à Santa Maria, e incentivo dos tios. O primeiro passo nessa nova jornada foi o Plano de Prevenção e Proteção Contra Incêndio (PPCI), área apresentada pela tia Ana Lúcia, também engenheira. “É uma área que, para começar, é bastante desafiadora, porque tem uma parte pesada da legislação, e o engenheiro, às vezes, não tá tão habituado”, relembra Jana. Empreender em um campo tão técnico e, até então, pouco dominado, exigiu que Jana mergulhasse nos estudos por conta própria. Ela precisou buscar cursos, fazer viagens, consultar manuais técnicos e trocar experiências com colegas. Mas foi o resultado prático que a convenceu de que estava no caminho certo. “A virada de chave foi quando saiu o primeiro Alvará de Bombeiros e o primeiro Habite-se. Eu vi a paz, a alegria, a felicidade daquela pessoa em estar com o seu negócio regularizado, com o seu imóvel legalizado, e o quanto aquilo impactava a vida daquela pessoa, empresa ou família. Eu comecei a ver o impacto desse trabalho. E isso virou uma motivação muito grande para mim”, conta. Com o tempo, a engenheira ampliou sua atuação e passou a oferecer soluções completas em processos legais de engenharia: Bombeiros, Prefeitura, Vigilância Sanitária, Meio Ambiente, Registro de Imóveis, Laudos Técnicos, Segurança do Trabalho, Treinamentos, Consultoria. Também começou a trabalhar em parceria com colegas de diferentes áreas para entregar projetos integrados, com serviços em segurança contra incêndio, segurança do trabalho, engenharia acústica, engenharia ambiental, estruturas metálicas e regularização urbana. A credibilidade conquistada se manifesta em indicações frequentes, tanto de clientes quanto de outros profissionais da área, reflexo direto da confiança no serviço prestado. Afinal, o cliente pode focar no seu negócio, sua rotina ou sua profissão, sem precisar se preocupar com trâmites técnicos e legais.
O poder do Halloween: da tradição americana à oportunidade de negócios no Brasil
Celebrado no dia 31 de outubro, o Halloween é uma das datas mais aguardadas nos Estados Unidos. O evento, que tem origem nas antigas celebrações celtas do Samhain — uma festividade que marcava o fim do verão e a chegada do inverno —, ganhou força no país a partir do século XIX com a imigração irlandesa. Com o passar das décadas, o Halloween se consolidou como uma tradição nacional, mesclando folclore, diversão e muito consumo. Um dos momentos mais marcantes da celebração é a famosa tradição das crianças saírem às ruas, de porta em porta, em estabelecimentos e condomínios, interpelando as pessoas com a clássica pergunta: “Doces ou travessuras?” (Trick or Treat). Vestidas com fantasias de monstros, bruxas, super-heróis e personagens variados, elas percorrem as vizinhanças em busca de guloseimas, transformando as cidades em um grande espetáculo de cores, risadas e magia. Essa interação comunitária é um dos símbolos mais fortes do Halloween e um importante motor de consumo, pois estimula a compra de doces, fantasias e decorações temáticas. Hoje, o Halloween é uma potência econômica nos Estados Unidos. Estimativas da National Retail Federation (NRF) indicam que o evento movimenta anualmente mais de US$ 12 bilhões, com crescimento contínuo. Entre os segmentos que mais faturam estão indústrias de fantasias, decoração, confeitaria, alimentos e bebidas, cinema, entretenimento e varejo em geral. Supermercados, lojas de departamento, parques temáticos e até plataformas de streaming se preparam especialmente para a data. O consumo é impulsionado não apenas pelas crianças, mas também pelos adultos, que organizam festas, eventos corporativos e investem pesado em produções temáticas. No Brasil, o Halloween — ou Dia das Bruxas — vem ganhando cada vez mais força e espaço na cultura popular. O que antes era restrito às escolas de inglês, hoje se tornou um verdadeiro fenômeno social. É cada vez mais comum ver pessoas circulando fantasiadas nas ruas, no trabalho, em eventos e nas escolas, enquanto lojas e shoppings incorporam a decoração temática para atrair clientes e criar experiências imersivas. Ontem mesmo, ao buscar uma encomenda de doces para a nossa festa de Halloween, ouvi da proprietária da confeitaria que o evento já se tornou a segunda data comemorativa que mais gera faturamento em seu negócio — ficando atrás apenas do Natal. A procura por doces e confeitos temáticos cresce a cada ano, refletindo o entusiasmo do público e o potencial que essa celebração traz para o comércio local. A realização de festas de Halloween movimenta uma verdadeira cadeia produtiva: docerias, supermercados, lojas de fantasias, papelarias, floriculturas, gráficas, estúdios de decoração, bares e restaurantes. Tudo é pensado para criar a ambientação perfeita — das fantasias e maquiagens aos enfeites, alimentos, bebidas e lembranças personalizadas. Esse conjunto de atividades estimula a economia local, gera empregos temporários, aumenta o fluxo de vendas e fortalece pequenos empreendedores.
A herança invisível da morte: o preço ambiental da última morada
O Dia de Finados costuma nos conduzir ao silêncio, à saudade e à reflexão sobre a efemeridade da vida. Mas há um aspecto pouco lembrado nessa data, um que se esconde sob a terra e que merece atenção: o impacto ambiental dos cemitérios. Por trás dos muros e das flores, esses espaços de reverência também são sistemas vivos, com dinâmicas químicas, biológicas e físicas que interagem com o meio ambiente. E, quando mal planejados, eles podem transformar o descanso eterno em uma inquietação permanente para o solo e para as águas subterrâneas. Durante o processo natural de decomposição, o corpo humano libera um líquido orgânico conhecido como necrochorume, uma substância composta por água, sais minerais e matéria orgânica em decomposição. Em solos impermeabilizados de forma inadequada ou com lençóis freáticos rasos, esse líquido pode se infiltrar, contaminando o solo e os aquíferos, e levando à presença de patógenos, metais e compostos tóxicos em águas subterrâneas. Em muitas cidades brasileiras, especialmente nas de formação antiga, os cemitérios foram implantados em locais que hoje se encontram no perímetro urbano, sem infraestrutura adequada de drenagem ou barreiras sanitárias. Isso cria uma sobreposição perigosa entre áreas de memória e áreas de risco ambiental. A contaminação de águas subterrâneas não é apenas um problema técnico, é também um reflexo da falta de planejamento urbano integrado. Quando ignoramos o impacto ambiental de espaços como os cemitérios, perpetuamos a mesma lógica que causa enchentes, poluição e degradação em outros setores da cidade. Mas há caminhos para mudar essa realidade. Projetos de cemitérios ecológicos e sustentáveis vêm sendo implementados no Brasil e no exterior, adotando tecnologias de impermeabilização seletiva, drenagem controlada, manejo de gases e monitoramento hidrogeológico. São soluções que unem respeito à vida, à morte e ao meio ambiente mostrando que sustentabilidade também é reverência. O desafio é incluir o tema nos debates públicos e no planejamento ambiental municipal, exigindo estudos técnicos prévios e licenciamento adequado. Cada novo cemitério precisa ser tratado como um empreendimento de impacto, com análise do solo, da topografia, da profundidade do lençol freático e do sistema de drenagem. Honrar a memória dos que partiram é também garantir que a terra que os acolhe continue viva. Porque o verdadeiro descanso eterno não acontece apenas sob o mármore e o cimento, acontece quando a natureza também pode repousar em paz. Neste mês de novembro, em meio às flores e orações, talvez valha lembrar: o cuidado com os mortos começa com o respeito aos vivos e à terra que sustenta ambos.
Chá das Cinco e Chuva de Dados: crônica de uma intercambista de meteorologia
Conhecer Bristol na Inglaterra, foi como folhear um livro de história gótico com páginas vibrantes e modernas. A University of Bristol, que atualmente ocupa a 51ª posição entre as melhores universidades do mundo, com sua arquitetura imponente e antiga me deixou imediatamente impressionada, um cenário deslumbrante para uma estudante de meteorologia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Eu estava ali, em solo britânico, para o meu Doutorado Sanduíche financiado pela CAPES, pronta para mergulhar no meu projeto sobre a Análise de Extremos Hidrometeorológicos no Brasil. O que mais me cativou de imediato foi o encanto pela cordialidade britânica. Eles são educados ao ponto de pedirem desculpa por você ter esbarrado neles! E o clima? Para minha sorte, de abril a setembro, escapei do frio e da chuva que tanto temia, encontrando uma cidade mais ensolarada e acolhedora do que os estereótipos. Bristol, sendo uma cidade universitária, é uma mistura de culturas, cheia de estudantes do mundo todo. O primeiro mês em Bristol foi um “extremo” de adaptação, para usar um termo que a meteorologia me ensinou tão bem. A cabeça, que estava focada em assimilar o conjunto de dados da minha pesquisa, também tentava decifrar o mapa de ônibus e a lógica dos supermercados. Parecia que cada saída de casa era um mini-projeto de pesquisa: com uma pesquisa prévia sobre como chegar a um determinado lugar sem precisar parecer como uma turista perdida. E a saudade? Ah, ela vinha como uma onda lenta, mas persistente. No início, ela tinha o peso de tudo que estava distante: a família, os amigos, a UFSM, e a facilidade do português. No entanto, o tempo, esse grande agente de mudança, transformou a paisagem. A partir do segundo mês, Bristol foi deixando de ser um cenário de cartão-postal e se tornou, simplesmente, minha casa. Cenários da minha rotina em Bristol. Da esquerda para a direita: um dos prédios de arquitetura gótica da University of Bristol, a vista maravilhosa do parque Brandon Hill e o pôr do sol no Rio Avon (Fotos por Stéfani Kunzler). O meu refúgio e desafio era o Departamento de Hidrologia – um dos melhores do mundo. Lá, as reuniões com o Grupo de Extremos Hidroclimáticos eram momentos de puro aprendizado. A liderança britânica da Dra. Gemma Coxon e o acolhimento do meu supervisor, Dr. Rodolfo Nóbrega, um engenheiro civil brasileiro que trabalha há muitos anos com Hidrologia, foi a combinação perfeita. Ter o professor Rodolfo por perto amenizou o choque cultural, mas não eliminou a luta diária com o idioma. Sotaques carregados e gírias me faziam pedir: “Could you repeat that, please?” — não só na academia, mas em todo lugar. Felizmente, com tantos estrangeiros, a paciência dos ingleses era notável. E por falar no Brasil, o momento mais inesperado veio em uma das aulas da disciplina “Mundo em Crise? Uma Introdução” , que juntava professores de hidrologia, clima e engenharia. O professor Rodolfo, que também era brasileiro, fez questão de mostrar mapas e discussões focadas no nosso país! Foi um lembrete vívido de que, mesmo estando a milhares de quilômetros, as nossas origens e a nossa ciência estavam sendo disseminadas. No quesito costumes, a Inglaterra me reservou algumas surpresas: a ausência da nossa sagrada pausa do almoço foi uma delas, para eles, almoço é um lanche rápido, um sanduíche devorado no meio de uma reunião ou palestra. Meu estômago brasileiro demorou para se acostumar com essa praticidade frenética. E o famoso chá das 5? Eu esperava ver um ritual do chá em cada esquina. Que nada! A maioria das pessoas, principalmente as mais jovens e atarefadas, não tomava o famoso chá inglês. Era mais um hábito dos nativos e dos mais velhos. O que me salvou da imersão total em “Vazão vs Precipitação” foi a natureza. O Reino Unido tem muito mais áreas verdes do que eu imaginava. Meu parque favorito em Bristol foi o Brandon Hill que apesar da subida intensa, tinha uma vista maravilhosa e muitos esquilos — ah, os esquilos! E o último mês? foi a antítese do primeiro. Se a chegada foi difícil pela novidade, a partida foi dolorosa pela familiaridade. Olhar para a cidade, visitar meu local preferido próximo ao rio Avon e saber que era a hora de voltar para o meu país e para a conclusão da minha tese, partia o coração, mas também dava a sensação de missão cumprida. A despedida dos novos amigos, da cultura e da rotina acadêmica que me desafiou e me fez crescer, foi o meu próprio “extremo” emocional da viagem. Cheguei buscando ciência, mas parti deixando um pedaço de mim na Inglaterra. No fim, o intercâmbio foi muito mais que análise de dados, geração de mapas e muita leitura de artigos. Foi sobre entender que a vazão da água pode ser comparada à nossa trajetória: cheia de variabilidades e extremos. E, assim como o meu projeto visa contribuir para a redução da vulnerabilidade hídrica do Brasil, a minha experiência em Bristol me fortaleceu, me equipou e, o mais importante, me deu histórias para contar. Meu agradecimento especial à CAPES, Universidade Federal de Santa Maria e às professoras Nathalie Tissot Boiaski e Simone Erotildes Teleginski Ferraz do Grupo de Pesquisas em Clima pelo apoio e incentivo.
Do encontro ao empreendimento
Como Darcy e Bruna transformaram um encontro casual em uma oficina referência em câmbios automáticos Por Reinaldo Guidolin A trajetória da Injetech é daquelas histórias em que o acaso parece ter seguido um roteiro. O que começou com dois caminhos distintos — o de Darcy, apaixonado por carros, e o de Bruna, administradora de olhar atento e espírito criativo — transformou-se em uma parceria que uniu vida e negócio. Entre desafios pessoais, recomeços e escolhas corajosas, o casal construiu uma oficina que se tornou referência nacional em câmbio automático e em atendimento de excelência. Mais do que uma empresa, a Injetech é um símbolo de persistência, inovação e confiança. Darcy, natural de Santa Maria, passou parte da infância em Restinga Seca, retornando à cidade aos 12 anos. Desde muito jovem, trabalhou na construção civil, tornando-se azulejista profissional aos 16. Aos 18, ingressou na Força Aérea e foi lá que começou a se interessar por mecânica — uma curiosidade que surgiu quase por acaso, após enfrentar repetidos problemas com o próprio carro. Na terceira vez em que o veículo apresentou defeito, levou-o à oficina de um amigo e pagou para que ele apenas o supervisionasse enquanto realizava o conserto. Foi nesse momento que descobriu uma vocação. Durante o período militar, Darcy buscou se aprimorar: fez cursos de elétrica e injeção programável e sempre se destacou pelo perfil autodidata e pela curiosidade em aprender. “Quando algo me interessa, eu mergulho de cabeça. Na mecânica, minha curva de aprendizado foi rápida, porque eu realmente queria entender cada detalhe”, recorda. De auxiliar, evoluiu a mecânico e logo se destacou pela habilidade técnica e pela inquietude. “Eu sempre quis fazer o que ninguém fazia. Queria ser o melhor naquilo que me propunha a fazer”, conta. Bruna é natural de Uruguaiana e vive em Santa Maria há cerca de 12 anos. Veio em busca de novas oportunidades, inicialmente com o objetivo de cursar algo voltado a projetos de interiores. Ao chegar, precisou se estabilizar financeiramente e começou a trabalhar no comércio, passando por diferentes lojas e atuando em várias funções — de vendedora a gerente. O destino, no entanto, acabaria conduzindo sua trajetória para outro caminho. Foi numa reunião de amigos, enquanto assistiam a um jogo do Inter, que ela conheceu Darcy. A primeira impressão não foi das melhores — uma piada fora de hora o fez perder pontos logo de saída. “Naquele dia, eu pensei: ‘nunca mais quero ver esse homem’. Mas a vida tem um senso de humor próprio”, brinca Bruna. Darcy, persistente, não desistiu. Com a ajuda de uma amiga em comum, conseguiu o contato de Bruna e passou a se aproximar, encantado por sua inteligência e pela forma madura de enxergar a vida. Com o tempo, o flerte evoluiu para algo mais sério, dando início a uma relação marcada pela cumplicidade e pela parceria. Durante a pandemia, o vínculo se fortaleceu — e, junto com ele, começou também uma nova fase para a Injetech. Nesse mesmo período, Bruna entrou para a história da empresa. Mesmo enfrentando perdas pessoais e um período pandêmico, começou a ajudar na gestão da oficina. Trouxe controles de gastos, cotação de preços e uma visão administrativa que deu estrutura ao negócio. A parceria se tornou completa: enquanto Darcy cuidava da técnica e da execução, Bruna administrava, planejava e organizava. Juntos, transformaram uma oficina simples em uma empresa inovadora, com processos claros, atendimento ágil e diferenciais únicos no mercado. Darcy sempre teve o objetivo de trabalhar com câmbios e, para isso, investiu em especializações na área. Mesmo com todo o conhecimento adquirido, enfrentou dificuldades iniciais para ingressar no mercado, já ocupado por empresas consolidadas, além de lidar com o desafio de ser muito jovem na profissão. Analisando o mercado de câmbio, Bruna e Darcy identificaram fragilidades que poderiam ser transformadas em oportunidades, como a garantia limitada a três meses e o longo tempo destinado a reforma de câmbios. Foi a partir dessas observações que decidiram se diferenciar: a Injetech passou a oferecer garantia de um ano, a maior do RS na época, e reformas concluídas em até 15 dias, estabelecendo rapidamente seus diferenciais no segmento. Em uma época em que a presença digital ainda era pouco explorada pelas oficinas da cidade, a Injetech foi pioneira na produção de conteúdo sobre mecânica e câmbios automáticos nas redes sociais. De forma simples e didática, Bruna e Darcy transformaram temas complexos em informações acessíveis, aproximando o público do universo automotivo. A iniciativa, que no início foi alvo de piadas, acabou consolidando a oficina como referência e inspirando outros profissionais do setor a entrarem no mundo digital. Hoje, a Injetech atende não apenas Santa Maria, mas também Uruguaiana, Alegrete, Santana do Livramento e até Rivera, no Uruguai. Desde o início, o casal tinha clareza sobre o que queria construir: uma oficina moderna, acolhedora e confiável. Além da qualificação técnica, apostaram na experiência do cliente — com ambiente limpo, sala de espera, café e atendimento humanizado. “Nunca quisemos ser uma oficina igual às outras. Sempre pensamos em fazer o melhor dentro das condições que tínhamos e, ao mesmo tempo, buscar sempre mais”, conta Bruna. Com o tempo, outras oficinas passaram a oferecer a mesma garantia. Mas a Injetech foi além: decidiu dobrar a aposta e lançar a maior garantia de câmbios automáticos do Brasil, reforçando sua ousadia e a confiança absoluta na qualidade do serviço que presta. Outro ponto de destaque é a agilidade e precisão nos diagnósticos: em até 48 horas, o cliente recebe orçamento e plano de ação. Quando a reforma é necessária, o prazo máximo é de apenas 15 dias, um tempo recorde, considerando que outras oficinas podem levar até dois meses para o mesmo serviço. Darcy supervisiona cada etapa pessoalmente, garantindo que cada carro saia do pátio com a qualidade e o padrão Injetech. O crescimento, porém, não mudou a essência do negócio. “A oficina cheia não é sinônimo de lucro”, costuma dizer Bruna. Cada carro entra, é diagnosticado, consertado e entregue respeitando prazos e garantindo qualidade. Limitar o
Outubro Rosa, um mês para cuidar de quem mais importa, você!
O mês de outubro é marcado por uma das campanhas de saúde mais importantes do mundo: o Outubro Rosa, movimento internacional dedicado à conscientização sobre o câncer de mama e à importância do diagnóstico precoce. Muito além do uso do laço rosa, esta é uma oportunidade de lembrar que a prevenção salva vidas. O câncer de mama, quando detectado nos estágios iniciais, tem altas chances de cura, e o acesso à informação é o primeiro passo para isso. Em Santa Maria, diversas ações reforçam esse cuidado: mutirões de exames, palestras, orientações médicas e atividades de apoio emocional. A união entre poder público, entidades e comunidade mostra que a saúde da mulher é uma causa de todos nós. Por isso a importância em defender políticas públicas que ampliem o acesso a exames, tratamentos e acompanhamento humanizado. Cuidar da saúde feminina é cuidar de famílias inteiras e fortalecer nossa cidade. A luta contra o câncer de mama é coletiva e depende do envolvimento de toda a sociedade, governos, profissionais de saúde e comunidade. Que o espírito do Outubro Rosa inspire cada um de nós a praticar a prevenção, o acolhimento e o amor ao próximo todos os dias do ano, pois, é essencial que a prevenção e o acompanhamento médico se tornem parte da rotina anual. A vida é o nosso maior bem, e cuidar dela é um ato de amor. Que a conscientização e o apoio continuem florescendo durante todo o ano, fortalecendo laços e salvando vidas. Fort Abraço!
